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Câncer colorretal: saiba mais sobre a doença que tem sido diagnosticada em adultos jovens

20 de Abril de 2021

A doença é lembrada no ano após a morte do ator Chadwick Boseman, homenageado em indicação ao Oscar 2021, cuja cerimônia será realizada em 25 de abril

Apesar do estigma ruim que envolve a doença, é preciso conscientizar sobre o câncer colorretal ou de intestino, um dos tipos mais comuns da enfermidade, que tem atingido cada vez mais pessoas com menos de 50 anos. Em 2020, a doença ganhou visibilidade, sendo amplamente abordada após a morte do ator americano Chadwick Boseman, famoso pelo papel do herói Pantera Negra no cinema e um dos nomeados ao Oscar 2021, por "A Voz Suprema do Blues".

O caso do ator, que receberá homenagem póstuma na cerimônia do dia 25 de abril, comoveu o mundo inteiro, por sua partida totalmente inesperada pelo público, aos 42 anos, devido a complicações relacionadas ao câncer.

De acordo com dados do Instituto Nacional do Câncer, para 2020, a estimativa era de 41 mil novos casos diagnosticados no Brasil, sendo 20.520 em homens e 20.470 em mulheres. Para a prevenção ou diagnóstico precoce, exames de rastreio, como a colonoscopia, são indicados principalmente a partir de 50 anos. Porém, o cenário da doença tem mudado, e especialistas alertam que é preciso procurar médicos em qualquer suspeita e, até mesmo, antecipar esses exames.

"Estamos vendo um grande aumento da incidência da doença e em pessoas mais jovens. A recomendação para o exame de colonoscopia tem sido antecipada, para os 45 anos, devido ao aumento da incidência. Caso seja identificada uma alteração genética ou a pessoa tenha um histórico familiar desse tipo de câncer ou de outros tumores, o exame deve ser feito até antes. Qualquer mudança no hábito intestinal, sangramentos ao evacuar ou cólicas devem ser investigados com a consulta a um proctologista ou gastroenterologista. É uma doença sobre a qual muitas pessoas não falam, porém é muito frequente e pode ser evitada em muitos casos", afirma o oncologista João Paulo Fogacci, do Grupo Oncoclínicas.

E, mesmo em meio à pandemia do novo coronavírus, é preciso manter os exames em dia. Aos 46 anos, André Medina, empresário e morador do Rio de Janeiro, segue o tratamento para curar o câncer, mantendo todos os protocolos de segurança. "São dias difíceis e, apesar da minha quimioterapia ser branda, dá um pouco de insegurança. Tenho evitado ao máximo sair de casa por outros motivos", diz André, que, nesse período, incluiu atividades físicas e alimentação natural na rotina.

Antes de receber o diagnóstico, o empresário carioca sabia pouco sobre a doença. "Descobri o câncer ao fazer exames pré-operatórios para a retirada de cálculos na vesícula. Em uma ressonância, foi descoberto o tumor. Eu não sabia da importância da colonoscopia, principalmente na minha idade, não tinha histórico de doença na família e não tinha ouvido falar desse tipo de câncer. Visitas periódicas a um médico de confiança, manter o peso e hábitos saudáveis fazem toda a diferença", relata André.

Confira dicas oncologista João Paulo Fogacci e da nutricionista Erika Ferreira, do Grupo Oncoclínicas, para manter a saúde intestinal:

- 4 Cuidados básicos:
Ingestão adequada de líquidos, principalmente água;
Alimentação adequada com boa ingestão de fibras;
Rotina regular de exercícios físicos;
Alimentação equilibrada com baixo consumo de açúcar simples e gorduras saturadas.

- Sinais de que o intestino não anda bem:
Alteração na consistência e forma, cor e no odor das fezes;
Presença de sangue vivo ou muco nas fezes;
Vontade evacuar, porém com eliminação mínima de fezes;
Urgência fecal, isto é, a impossibilidade de controlar a evacuação até o local e hora adequados para realizá-la;
Alterações intestinais associadas a desconforto abdominal, perda de peso não planejada ou cansaço;
Aumento de flatulência.

- O que ingerir diariamente para incluir a quantidade adequada de fibras na dieta:
Vegetais folhosos (couve, agrião, espinafre, alface, bertalha, almeirão, chicória, etc.);
Legumes variados (preferencialmente com casca);
Fontes de carboidratos complexos (farelo de trigo integral, aveia em farelo ou flocos, arroz integral, pães integrais, amaranto, linhaça, chia, centeio, gérmen de trigo;
No mínimo três frutas (preferencialmente com casca);
Acrescentar regularmente leguminosas (Feijões, lentilha, soja ou grão-de-bico) ao prato.

- Mitos e verdades:
Existe um padrão que classifica a frequência normal do funcionamento do intestino? MITO.
Não existe um padrão pré-determinado. No geral, é considerado adequado um ritmo de 3 vezes por semana até 3 vezes por dia.

Probióticos, prebióticos e laxantes são a mesma coisa. MITO.
Muitas pessoas confundem o papel de cada um deles. Os probióticos são microrganismos vivos que, quando ingeridos em quantidades adequadas proporcionam benefícios para a saúde intestinal sendo capazes de equilibrar a flora intestinal. Eles estão presentes em alguns iogurtes (lactobacilos), no kefir, na kombucha, picles, kimchi (repolho fermentado), misô (produto a base de fermentação da soja). E também podem ser consumidos encapsulados ou em sachês. Por outro lado, os prebióticos são fibras não digeríveis que tem um efeito estimulante específico nas bactérias benéficas presentes no intestino. Eles são encontrados em alimentos como a chicória, tomate, cebola, alho, alcachofra, aspargo, cevada, centeio, aveia, trigo, mel e grão-de-bico.

Já os laxantes, são substâncias ou medicamentos que aumentam a contração peristáltica e a motilidade do intestino e atuam impedindo a absorção de água, favorecendo a evacuação. Ou seja, nada têm a ver com os probióticos, já que estes apenas auxiliam o equilíbrio da flora intestinal, ajudando a regular a frequência de idas ao banheiro.

O consumo de café pode causar vontade de ir ao banheiro? VERDADE.
Os estudos sugerem que o café possa atuar na contração do músculo liso no intestino delgado aumentando os episódios de evacuações. Mas o cigarro, que às vezes acompanha o café, talvez seja um fator de confusão e o efeito laxante possivelmente esteja mais relacionado ao tabaco. Além disso, consumo excessivo de café (acima de 6 xícaras por dia) pode desempenhar um efeito contrário, diminuindo o trânsito intestinal.

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