Nos últimos tempos as pessoas foram bombardeadas com notícias nos principais veículos de comunicação sobre relacionamentos abusivos. Como o caso recente do cantor Nego do Borel e da atriz e influenciadora digital Duda Reis, que após três anos de relacionamento, o término virou caso de polícia.
Com a chegada das redes sociais, onde as pessoas passaram a ter mais voz para denunciar e buscar apoio, casos sobre violência contra mulher e relacionamentos abusivos viraram protagonistas.
Atualmente as mulheres têm sido vítimas em diversos relacionamentos. Para se ter uma ideia, de acordo com a Organização Mundial da Saúde, uma em cada três mulheres no mundo já sofreu violência física ou sexual. O estudo também revela que mulheres vítimas de violência pelo parceiro têm duas vezes mais chance de ter depressão e quase o dobro de chance de desenvolver alcoolismo.Mas quais são os principais sinais para identificar um relacionamento abusivo?
Segundo a psicóloga Vanessa Gebrim, especialista em Psicologia Clínica pela PUC de SP, existem sinais bem claros geralmente presentes nesse tipo de relacionamento. “Entre eles estão: ciúme exagerado, possessividade, necessidade de controle, comportamento agressivo, invasão de privacidade, chantagem, manipulação, controle financeiro, violência sexual, verbal, emocional e física, ameaças, entre outros”, explica.
Porém, a especialista ainda fala que nem sempre esses sinais são fáceis de serem enxergados pela vítima que, muitas vezes, se sente presa e com a autoestima abalada pelo parceiro. “A terapia de casal é uma ótima forma de identificar esse tipo de caso.
No decorrer dos atendimentos psicológicos, o terapeuta começa a perceber os sinais de que está havendo abuso no relacionamento. O abusador vai se revelando através de comportamentos que são considerados sugestivos de um relacionamento abusivo”, complementa a especialista.
Abaixo, confira os principais mitos e verdades sobre o assunto:
Existem casos em que os envolvidos não sabem que estão em um relacionamento não saudável?
VERDADE. “Muitas vezes, o relacionamento já vem com um padrão estabelecido e o casal pode não ter consciência de que está dentro de um relacionamento abusivo. É papel do psicólogo mostrar ao casal e orientá-lo sobre a existência desse tipo de relacionamento e isso vai ficando mais claro durante a evolução da psicoterapia”, conclui Vanessa.
Existem vários níveis de uma relação abusiva?
VERDADE. “Existem vários níveis, desde um abuso psicológico ou verbal até a forma mais grave onde acontece a morte da vítima”, diz.
Meu parceiro faz pouco caso das minhas conquistas, é normal?
MITO. “Um relacionamento deve ser algo positivo na vida de ambos, algo que venha complementar uma felicidade. E a base de relacionamentos saudáveis é o companheirismo, por isso, o companheiro deve vibrar pelas conquistas de sua mulher. O problema é que em um relacionamento abusivo, o homem, muitas vezes, faz de tudo para humilhar sua parceira para se sentir melhor. É doentio”, conta.
Uma das principais fugas de uma abusador é dizer que a mulher é “louca”.
VERDADE. “Uma forma deles se defenderem de possíveis percepções do abuso nas mulheres, é taxar a companheira como louca, fazendo com que a mesma se questione a própria sanidade e capacidade de analisar as situações. Nesses casos, muitas vezes eles conseguem fazer com que a vítima se sinta culpada pelas reações agressivas dele”, comenta.
Sou vigiada pelo meu parceiro, posso considerar isso normal?
MITO. “De maneira alguma. Não é porque é seu marido ou namorado que tem direito de vigiar a sua intimidade. Alguns acontecimentos comuns nesse sentido são: pedir para a mulher se afastar dos amigos e familiares - mesmo de forma indireta -, ter acesso ao celular e redes sociais, viver pedindo desculpas, dizendo que vai mudar, mas não altera o padrão de comportamento, controle da vida financeira, entre outros.”, esclarece.
Controle e ciúmes excessivo é normal em uma relação saudável?
MITO. “Ciúmes é um sentimento comum do ser humano, que existem em relações saudáveis, mas nada em excesso é normal, ainda mais quando esse sentimento causa o poder de posse em cima de alguém. É considerado normal apenas quando não existe controle excessivo e não cause sofrimento tanto na pessoa que vivencia esse sentimento como naquela que é o alvo do ciúme”, salienta a psicóloga.
Sobre Vanessa Gebrim
Vanessa Gebrim é especialista e pós-graduada pela PUC-SP com mais de 20 anos de experiência clínica. Tem certificação internacional pelo EMDR Institute. É terapeuta certificada em Brainspotting pelo Institute of New York. É ainda especialista em Técnicas que otimizam o tratamento como Play of Life, Barras de Access, orientadora vocacional e consteladora familiar.