CARNE, doc animado dirigido por Camila Kater está disponível em formato online e gratuito no New York Times Op-Docs
Filme de estreia da diretora Camila Kater, o documentário animado de 12 minutos “CARNE”, está qualificado para concorrer ao Oscar® de 2021 na categoria de curta-metragem documental e também está na shortlist dos Prêmios Goya na categoria de curta de animação. O filme é uma co-produção Brasil/Espanha, produzido por Lívia Perez (Doctela) e Chelo Loureiro (Abano Producións).
Desde ontem, dia 12 de janeiro, CARNE está disponível em formato online e gratuito no New York Times Op-Docs, uma plataforma gratuita de alcance global do jornal estadunidense que reúne os melhores filmes de não ficção do mundo.
CARNE teve a sua estreia no Festival Internacional de Locarno em agosto de 2019, na Suíça, onde recebeu Menção Especial pelo Júri Jovem. Na sequência o filme foi selecionado oficialmente em mais de 250 festivais pelo mundo, como Toronto International Film Festival, Annecy, IDFA, AFI, DOK Leipzig, entre outros, recebendo mais de 70 prêmios nacionais e internacionais, incluindo; Melhor Roteiro e Melhor Curta pelo Júri Popular e pela Crítica (ABRACCINE) no 52º Festival de Brasília, Melhor Curta-Metragem Europeu EFA (European Film Award) na 64a Seminci (Espanha), Melhor Curta de Animação no Festival de Havana (Cuba) e Melhor Curta Documentário no Festival de ZINEBI (qualificador do Oscar®). CARNE foi eleito o segundo melhor curta-metragem brasileiro de 2019 pela ABRACCINE (Associação Brasileira de Críticos de Cinema) e foi um dos curtas finalistas para o European Film Awards de 2020.
Crua, Mal Passada, Ao Ponto, Passada e Bem Passada. Em CARNE, cinco mulheres compartilham relatos íntimos e pessoais, em relação ao corpo desde a infância até a terceira idade. Ao apresentar cinco segmentos para as diferentes fases da vida das mulheres narradas através de vozes femininas, CARNE recorre à representação de suas experiências em técnicas diversas de animação.
A partir da metáfora que relaciona o estado de cozimento da carne com o corpo da mulher, CARNE sugere uma relação entre carnivorismo e dominância masculina para expor os inúmeros tipos de violências dos quais as mulheres são vítimas mas também enfatizar as formas de resistência que essas mulheres encontram para libertar seus corpos dos padrões de beleza e comportamento impostos pela sociedade.
Em CARNE, a diversidade das experiências das mulheres com seus corpos decorre sobretudo das diferentes características das cinco personagens escolhidas. Rachel, Larissa, Raquel, Valquiria e Helena expõem vivências diversas determinadas de acordo com a faixa etária, orientação sexual, etnia e constituição corpórea. Como forma de incorporar essa diversidade à estética do filme e criar uma associação sensorial entre depoimento e a plástica do filme, cada fase e personagem foi criada com uma técnica de animação específica e por uma animadora diferente. O processo de escolha das personagens e das animadoras se preocupou com os critérios de representatividade na seleção das entrevistadas e animadoras.
Na infância, fase ‘crua’ da carne, Camila Kater utiliza stop-motion com objetos e pintura à óleo em cerâmica para expressar o relato de Rachel Patrício sobre gordofobia na infância.
A adolescência, fase ‘mal-passada’, é representada pela animação em aquarela criada por Giovana Affonso para dar conta da percepção de Larissa Rahal sobre o tabu da menstruação e a preocupação em ter um corpo adulto.
Na juventude, fase em que a sociedade entende o corpo feminino como ‘ao ponto’ para consumo, a animação digital 2D criada por Flávia Godoy dá forma às diferentes violências que a cantora Raquel Virgínia enfrenta com seu corpo de mulher transexual e negra no Brasil.
A meia-idade, fase ‘passada’, traz visibilidade às transformações corporais do climatério relatadas por Valquiria Rosa a partir de seu ponto de vista de mulher lésbica e materializadas através do stop-motion em argila criado por Cassandra Reis.
Na terceira idade, fase ‘bem passada’, a animação direta a partir da pintura e intervenções em película 35mm feita por Leila Monsegur, representa a consagração do corpo como lugar de libertação a partir da experiência da cineasta e atriz Helena Ignez, ícone da cinematografia brasileira.
A relevância de um filme como CARNE se torna ainda maior se levarmos em conta que as mulheres são minoria quando se trata de animações. Apenas 3% dos filmes do gênero foram dirigidos por mulheres nos últimos 12 anos – na televisão, o percentual sobe para 13%, mostra um estudo promovido pela Universidade do Sul da Califórnia em parceria com a ONG @wia_animation. Entre mulheres não caucasianas, a disparidade é ainda maior: apenas quatro dirigiram algum projeto no cinema ou na televisão, todas asiáticas.
Declaração da diretora:
"Acredito que a animação confere aos depoimentos uma dimensão sensorial muito rica e que pode ser uma linguagem maravilhosa para abordar temas sensíveis. Há uma conexão especial entre as histórias reais e as animadoras, e ela está, de alguma forma, impressa no filme. CARNE é um trabalho colaborativo, feito a partir de uma equipe de 95% de mulheres, que me trouxe confiança como diretora e animadora, mas também me deu a oportunidade de conhecer essas mulheres incríveis e aprender muito com elas. Não posso dizer que estou totalmente confortável com meu corpo hoje, mas certamente o respeito e o admiro mais." Camila Kater
SINOPSE
Crua, Mal Passada, Ao Ponto, Passada e Bem Passada. Cinco mulheres compartilham experiências íntimas e pessoais sobre sua relação com o próprio corpo desde a infância até a terceira idade.
FUTURO DE CARNE
O curta CARNE dá origem à série homônima que será antológica, seguindo o mesmo formato de documentário animado. A partir do aprofundamento de temáticas ligadas ao corpo da mulher em diferentes fases da vida, 25 personagens compartilharão suas histórias desde 5 nacionalidades distintas: Brasil, Espanha, China, Palestina e Nigéria. A série está em fase de desenvolvimento para plataformas de streaming e será estruturada em 5 capítulos por temporada, com 20 minutos de duração cada.
FICHA TÉCNICA
Direção: Camila Kater
Roteiro: Camila Kater & Ana Julia Carvalheiro
Argumento: Camila Kater & Bruna Kater
Produção Executiva: Lívia Perez (Doctela) & Chelo Loureiro (Abano Producións)
Elenco: Rachel Patrício, Larissa Rahal, Raquel Virgínia, Valquiria Rosa & Helena Ignez
Animação: Camila Kater, Giovana Affonso, Flávia Godoy, Cassandra Reis & Leila Monsegur
Edição/Diretor de Fotografia: Samuel Mariani
Trilha-Sonora Original: Sofía Oriana Infante
Design de Som: Julia Teles
Distribuição: Agencia Freak
Classificação Indicativa: 12 anos
País: Brasil & Espanha
Ano: 2019
Duração: 12min
Língua: Português
Lista completa de Prêmios e festivais: https://camilakater.files.
PRINCIPAIS FESTIVAIS:
72º Festival International del Film Locarno, Suíça
44º Toronto International Film Festival, Canadá
44ª Annecy International Animation Film Festival, França
32º International Documentary Film Festival Amsterdam (IDFA). Netherlands
64. SEMINCI. Semana Internacional de Cine de Valladolid. Espanha
52º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro, Brasil
35º Festival Internacional de Cine en Guadalajara, México
27º Hamptons International Film Festival. New York, EUA
62º Dok Leipzig - Leipzig International Festival For Documentary & Animated Films. Alemanha
50º Tampere Film Festival. Finlândia
33º AFI Fest - American Film Festival, EUA
PRINCIPAIS PRÊMIOS:
Internacionais:
Melhor Curta-metragem Europeu (qualificador para os European Film Awards)
64. SEMINCI. Semana Internacional de Cine de Valladolid. Spain
Mikeldi para o Melhor Curta Documental (qualificador para o Oscar)
61. ZINEBI. Festival Internacional de Cine Documental Cortometraje de Bilbao (Vizcaya), Espanha
Menção Especial do Júri- Competição Internacional de Curtas de Animação
35º Festival Internacional de Cine en Guadalajara, FICG
Premio Coral de Cortometraje, Animación
41º Festival Internacional del Nuevo Cine Latinoamericano La Habana, Cuba
Prêmio de Público - Best International Competition: Animated Documentaries
17º London International Animation Festival (LIAF). UK
Nacionais:
Prêmio Abraccine - Melhor Filme Curta-Metragem Melhor Roteiro
Melhor Curta-Metragem Júri Popular
Prêmio Edina Fujii Ciario
52º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro, Brasil
Prêmio Canal Brasil 10+ Brasil
Destaque ABCA - Associação Brasileira de Cinema de Animação para Melhor Animador(a) / Troféu O Kaiser
31º São Paulo International Short Film Festival - Curta Kinoforum, Brasil
Melhor Curta Voto Popular
21º Festival do Rio. Brazil
Prêmio de Público da mostra Competição Nacional
27º de Festival Internacional de Curtas do Rio de Janeiro, Brasil
BIOGRAFIA DIRETORA:
Camila Kater é animadora, roteirista e diretora de São Paulo.
Dirigiu, roteirizou e animou o documentário animado CARNE (2019), que está qualificado para o Oscar® 2021 e na shortlist para os Prêmios Goya de 2021. CARNE estreou no Festival Internacional de Locarno em 2019 e recebeu mais de 70 prêmios nacionais e internacionais.
Kater possui bacharelado em Comunicação Social com habilitação em Midialogia pela Unicamp e graduação sanduíche em Film & Television Production na Anglia Ruskin University em Cambridge (Reino Unido), quando foi contemplada pelo programa federal Ciência sem Fronteiras.
Kater é membro do Núcleo de Cinema de Animação de Campinas, é atual secretária da Associação Brasileira de Cinema de Animação (ABCA) e co-fundadora/ co-diretora da LESMA (La Extraordinária Semana de Mostras Animadas) que completou 4 edições na Unicamp, exibindo curadorias de festivais como MONSTRA (Lisbon Animated Film Festival), ANIMAGE (Festival Internacional de Animação de Pernambuco) e StopTrik International Festival (Estônia, Polônia).
CARNE recebeu o prêmio "Artist-in Residence Program of Q21" no festival Tricky Women / Tricky Realities, concedendo a Kater uma residência de três meses no Museumsquartier de Viena (Áustria), onde então animará o trailer da edição de 2022 do festival.
Kater recebeu recentemente a bolsa de estudos Erasmus Mundus 2020/2022 RE: ANIMA Animation para um mestrado em animação na Europa nos três países anfitriões, Bélgica, Portugal e Finlândia.
BIOGRAFIA PRODUTORA LÍVIA PEREZ:
Lívia Perez (1985) é cineasta, produtora, curadora, educadora e pesquisadora de audiovisual. Ela dirigiu diversos curtas-metragens dos quais se destaca "Quem Matou Eloá?" (2015) premiado como Melhor Curta Documentário no 57º Prêmio GENII da Alliance for Women in Media, 27º Festival Internacional de Curtas de São Paulo, Cachoeira Doc, ATLANTIDOC, Semana Paulistana do Curta-Metragem e exibido em festivais como HOTDOCS, IDFA, Cinélatino e DocsMX; e três longas-metragens entre eles “Lampião da Esquina” (2016) que estreou no É Tudo Verdade 2016 - Festival Internacional de Documentários, recebeu menção honrosa no Festival MIX Brasil de Diversidade, prêmio de melhor documentário e melhor edição no Festival For Rainbow e foi exibido no Canal Brasil e no circuito comercial de quatro regiões do paísl. Seu próximo filme "M" (em finalização) participou e foi premiado no DOCSP e no Festival Internacional de Cartagena.
É sócia fundadora da Doctela - Mídia e Comunicação através da qual atua como produtora de projetos audiovisuais com impacto social em direitos humanos. Entre os filmes que produziu destacam-se "Uma Paciência Selvagem me Trouxe Até Aqui" dirigido por Érica Sarmet a ser lançado em 2021 e "Carne" dirigido por Camila Kater (2019) que teve estréia no Festival de Locarno, onde recebeu menção especial do Júri Jovem e ainda, foi premiado nos Festivais de Havana, Miradas DOC, El Gouna, Huesca, Festival do Rio, Curta Cinema, Festival de Brasília, SEMINCI, ZINEBI, além de ter sido exibido no TIFF, IDFA, DOK LEIPZIG, Festival de Animação de Annecy entre outros.
BIOGRAFIA PRODUTORA CHELO LOUREIRO:
Como produtora executiva, Chelo tem uma ampla experiência na produção de filmes premiados de animação e de live action. Entre os muitos prêmios obtidos em festivais renomados como Cannes, Annecy e Locarno, destaca-se um prêmio Goya e sete indicações para o mesmo.
Loureiro ganhou 9 Prêmios Mestre Mateo (Academia Galega de Cinema) e um dos filmes que produziu, "Breadcrumbs", foi selecionado pelo Uruguai para representar este país no Oscar na categoria de Prêmio de Melhor Filme Estrangeiro. Seus trabalhos caracterizam-se pela presença forte da animação e por elementos fantásticos que visam atingir grandes públicos de crianças a adultos. Loureiro trabalhou com diferentes produções até 2007, quando fundou sua própria produtora Abano Producions.