O jornalista, escritor e mestre em Computação, Comunicação e Artes, Vinnie de Oliveira fala sobre o efeito disruptivo da tecnologia na economia e revela quais serão as profissões mais rentáveis nos próximos anos
O mundo viveu diversas revoluções industriais, que assim como a primeira, ocorrida no Reino Unido, no período entre 1760 a 1840, provocaram grandes transformações não apenas na economia e nos meios de produção, mas representam uma mudança no estilo e qualidade de vida da população mundial, impactando também a cultura e até mesmo as políticas de saúde pública.
Segundo o jornalista, escritor e mestre em Computação, Comunicação e Artes pela UFPB (Universidade Federal da Paraíba), Vinnie de Oliveira, estamos vivendo uma nova Revolução Industrial, que ele chama de Indústria 4.0, que está sendo impulsionada pelas novas tecnologias e pelo advento do 5G e seus desdobramentos. “Ao contrário do que ocorreu no passado, pela primeira vez na história da humanidade estamos vivenciando uma revolução industrial em tempo real. A Indústria 4.0 irá modificar nosso mundo e nosso modo de vida de maneira profunda, e aqueles que não se atentarem a isto, tenderão a sofrer grandes impactos, com perda de postos de trabalho e renda. A transformação já está acontecendo. É como se nós estivéssemos fazendo manutenção em um carro em movimento.”
O especialista ressalta que o mundo em que vivemos já não se comporta mais na velocidade tradicional, no ritmo dos nossos relógios. Tanto a informação como as transformações acontecem de maneira não linear e em um contexto de mundo globalizado, que acontece em simultâneo em todas as partes do globo, independente do horário. “Hoje já não mais precisamos ir a uma agência bancária, por exemplo, no seu horário de funcionamento. Temos à nossa disposição todos os serviços na palma da mão, através de nossos smartphones, e 24h por dia. Serviços como transferências e pagamentos já podem ser realizados fora do expediente bancário. E isso é apenas um dos exemplos de como a tecnologia atual já não está mais presa ao relógio. Reafirmo que as pessoas precisam estar atentas ao que está acontecendo neste momento, mas infelizmente muitos não se atentaram para o que está bem diante de nós.”
Indústria 4.0
Vinnie conta que, no início da década de 2010, foi conceituada por um grupo de intelectuais, cientistas, políticos na Alemanha, a Indústria 4.0. Em paralelo, no Reino Unido e em alguns outros países vinha sendo pensado as transformações proporcionadas por várias áreas que compõem a Economia Criativa. “Quando escrevi o livro ‘Economia Criativa 4.0 - O mundo não gira ao contrário’, procurei abordar estas enormes disrupções que a sociedade vivencia, para aproximar o leitor destes assuntos emergentes e de enorme significado na atualidade.” O livro foi baseado na dissertação de mestrado defendida por Vinnie de Oliveira na Universidade Federal da Paraíba em 2018.
O que estará em alta no mercado?
Segundo o especialista, as profissões que serão mais rentáveis e necessárias neste contexto de Economia Criativa são aquelas ligadas ao empreendedorismo, geração de conteúdo digital e educação. “A 4ª revolução industrial é a fusão dos mundos digital, físico e virtual, criando sistemas chamados ciber-físicos, mudando as regras do jogo e a distribuição e geração de renda em nível global. Durante a pandemia pudemos ter uma amostra deste novo normal e do impacto positivo que empresas que voltaram suas atenções para a internet e a tecnologia tiveram, enquanto muitas outras estavam em grandes dificuldades financeiras. Logo, empreendedorismo aliado a tecnologia e internet tem o potencial de levar aqueles que entenderem a época em que vivemos a uma nova era de prosperidade, criando um cenário competitivo onde todos poderão atuar.
Para Vinnie de Oliveira, o diferencial estará justamente nos profissionais que realizam tarefas intelectuais e que não podem ser totalmente automatizadas. “Todos que usarem seus cérebro e coração terão diferenciação neste mundo atual. Atividades recorrentes (diríamos robotizadas) serão substituídas por máquinas e robôs muito mais competentes que nós humanos.”