Cultura - Educação

João Augusto aborda dramas, sonhos e esperança em novo livro

10 de Outubro de 2019

Autor usa “diálogos” com poetas do passado e do presente em contraponto à intransigência e à divisão que tomam conta do Brasil

O livro “A Última Estrela Tropical (Volume 1: Diálogos e sonho)”, de João Augusto,  será lançado pela editora Patuá, de São Paulo, no próximo dia 10 de outubro, das 19h30 às 22h, no Bar do Val, em Ribeirão Preto. Na obra, o autor recorre ao diálogo com poetas do passado e do presente como forma de refletir sobre a angústia do ser humano e seu afastamento do sonho, seu isolamento e sua submissão à exaustiva rotina da vida. Temas como o amor, em suas variadas formas, e a esperança também estão presentes. O lançamento terá música ao vivo, com Gabriel Kaça, filho do autor.

A obra tem apresentação do crítico, escritor e doutor em Letras pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, Antonio Carlos Secchin, membro da Academia Brasileira de Letras: “Associando-se à linhagem/linguagem lírica, João Augusto apresenta uma rara qualidade: a elaboração de imagens simultaneamente claras e originais”. A jornalista Ludimila Honorato, repórter do Estadão, também analisa o livro: “No processo de escrever, há de se domar as palavras, e João faz isso como ninguém”.

Repletos de intertextualidades, os poemas esbarram na solidão moderna, que impõe a comunicação imediata e a ausência quase simultânea. A forma natural, nos dias de hoje, é guardar-se dos riscos da efetiva entrega (“Como Poe, amei sozinho, / o que sozinho me restava amar.”). O sintoma mais grave é o pertencimento a quase tudo, a interconexão online e, no mesmo instante, a presença viva em quase nada.

A poesia, para João Augusto, é a marca do seu contrato com o drama humano, parafraseando o escritor argentino Ernesto Sabato. “A Última Estrela Tropical”, pelas mãos do diálogo, num tempo em que nosso país e o mundo vivem a intransigência e acentuam a divisão, torna-se o próprio sonho, quase escasso, solitário, acuado, para o qual precisamos acordar, antes que nossos olhos se cerrem para sempre.

 João Augusto: “Somos o nosso próprio sonho, solitário, acuado, para o qual precisamos acordar, antes que nossos olhos se cerrem para sempre” | Foto: Divulgação

SERVIÇO:
Lançamento do livro de João Augusto
10 de outubro, 5ª feira, das 19h30 às 22h
Local: Bar do Val, av. César Vergueiro, 1.115
Informações com o autor: (16) 99216-5474

Abaixo, um dos poemas do livro:

Canto XXIX

Tarde as tendas da alma se abrem ao sol. Tudo é tão perto, e distante o amor, paralisado. Escrevo desarmado de palavras, como quem planta abraços de papel. Aqui assento meus pensamentos. A inatingível espera da vida que não és. A cidade está vencida, as flores, os ídolos, a vida vencida. Deixa que alguma luz limpe o teu rosto. Que o sal marinho queime as tuas tardes de melancolia. Não, o tempo não chegou de completa justiça. Somos todos inocentes. Seres de avolumados cabelos, pernas e tônus muscular. Temos olhos e tato. E fábricas onde se fabricam cartazes e sobremesas de medo. Onde te escondes mais, é ali que existes. Guardo uma canção antiga num peito cansado. Guardo apenas o ar necessário para encerrar este poema. Minha casa é a rua, a ruína, o relento. Mas meu corpo ainda respira, e deseja amar.

Comentários
Assista ao vídeo