Colunistas - Rodolfo Bonventti

Nosso eterno Macunaíma do cinema

19 de Dezembro de 2018

Ele nasceu Sebastião Bernardes de Souza Prata na cidade mineira de Uberlândia, mas virou simplesmente Grande Otelo e foi um dos maiores comediantes do cinema brasileiro.

Ator, comediante e cantor, Grande Otelo brilhou primeiro nos cassinos cariocas e nos espetáculos do teatro de revista e depois nas grandes comédias da Companhia Atlântida Cinematográfica.

Ele começou a vida artística como ator em uma companhia de teatro mambembe na década de 1920, e depois fez parte da Companhia Negra de Revistas. Foi em 1932, quando ele entrou para a Companhia Jardel Jércolis que assumiu o nome artístico de Grande Otelo.

Foi nas chanchadas da Atlântida que Grande Otelo formou com Oscarito uma das duplas mais famosas do cinema brasileiro de todos os tempos. Eles fizeram juntos quase 15 filmes, alguns deles grandes sucessos de bilheteria como “Carnaval no Fogo”; “Aviso aos Navegantes”; “Carnaval Atlântida”; “Dupla do Barulho” e “Matar ou Correr”. Depois também fez com o ator Ankito outra dupla de muito sucesso no cinema nos anos 1950 e 1960.

Na década de 1960 fez também filmes dramáticos de grande bilheteria como “Assalto ao Trem Pagador”; “Crônica da Cidade Amada” e “Os Marginais”. Mas foi em 1969 que ele se transformou no Macunaíma negro da obra de Mário Andrade, adaptada por Joaquim Pedro de Andrade para o cinema, em um trabalho que lhe valeu vários prêmios como melhor ator do ano.

Ele atuou com grandes diretores internacionais como Orson Welles, Werner Herzog, Franco Rossi e Stefan Wohl. Participou de grandes sucessos no cinema a partir de “Macunaíma”, onde esteve em “Os Herdeiros”; “O Donzelo”; “Cassy Jones, o Magnífico Sedutor”; “Os Pastores da Noite”; “Lúcio Flávio, o Passageiro da Agonia” e “O Homem do Pau Brasil”.

A partir de 1971 trabalhou em várias novelas da TV Globo, brilhando como o Zé Catimba de “Bandeira 2”; o Pimpinoni de “Uma Rosa Com Amor”; o Benevides de “Feijão Maravilha” e o Justo de “Sinhá Moça”.

Sua última participação na televisão foi em 1993, alguns meses antes da sua morte, na novela “Renascer”, escrita por Benedito Ruy Barbosa, para a TV Globo.

No cinema as últimas aparições foram em “Jardim de Alah” de 1989, dirigido por David Neves e “Boca de Ouro” de 1990, onde viveu o personagem Preto Velho, uma adaptação para o cinema dirigida por Wálter Avancini.

Grande Otelo morreu em novembro de 1993, de um infarto fulminante, quando viajava para a capital francesa para uma homenagem que receberia no Festival de Cinema de Nantes. Ele estava com 78 anos de idade e seu corpo está enterrado no Cemitério São Pedro em Uberlândia, sua cidade natal.

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