A peça teatral “ÁGUASDE MIM”, através de um olhar lúdico e poético, busca desmistificar a doença mental, reconhecendo no portador de tal transtorno um sujeito na totalidade de seu ser, imbuído de sentimentos, com direito a resguardar sua dignidade, sua liberdade, sua integridade física e moral, assegurando desta forma sua qualidade de vida.
Escrito e dirigido por Iris Gomes da Costa, formada em letras pela UFRJ, instrutora de prosódia na TV Globo, com várias peças no currículo, e interpretada pela atriz Camilla Carandino, “ÁGUAS DE MIM” o monólogo estreiou dia 16 de agosto na Casa Aguinaldo Silva de Artes e fica em temporada até 27 de setembro, toda quinta-feira, às 20:30.
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A montagem é fruto de uma inquietação da autora ao deparar-se com o tênue limite entre a sanidade e a insanidade mental e o procedimento nem sempre eficaz na abordagem desta questão. O espetáculo é uma possibilidade de levantar na sociedade o debate acerca do tratamento dado aos doentes mentais ao longo da história e repensar os critérios para classificar alguém como louco e a definição de normalidade.
Independentemente de diagnósticos estabelecidos pelo sistema, como classificar pessoas que sofrem mergulhadas no interior de sua subjetividade, sem conseguir estabelecer contato com a objetividade da realidade externa? Elas precisam realmente ficar condenadas à exclusão e ao isolamento? É obvio que a doença mental requer tratamento, mas um tratamento feito de forma humanizada. Será que o doente mental ainda é olhado com os mesmos olhos embaçados pelos conceitos e pré-conceitos elaborados nos primeiros hospitais psiquiátricos, que foram construídos não para oferecer tratamento ao doente mental, mas para afastá-lo da sociedade, sob o argumento de que ele poderia oferecer riscos aos demais? Isolar o “louco” para o “bem de todos”?!?! Os tempos mudaram e os movimentos pela reforma psiquiátrica vêm questionando o modelo dos hospitais e dos tratamentos e tentam inserir o doente mental na sociedade. Porém, uma doença muito mais grave continua bloqueando o processo: a desinformação. O assunto “loucura” ainda é considerado tabu e dificilmente é discutido abertamente. É delicado falar sobre transtornos mentais...
Segundo a Organização Mundial da Saúde, mais de 90% dos casos de suicídio estão associados a algum tipo de transtorno mental. “O estigma, particularmente em torno de transtornos mentais e suicídio, faz com que muitas pessoas que estão pensando em tirar suas próprias vidas ou que já tentaram suicídio não procurem ajuda e, por isso, não recebam o auxílio que necessitam”OPAS/OMS. Ao apresentar o conflito da personagem, a peça quer alertar para o fato de que o transtorno mental deve ser tratado com o mesmo respeito dado a qualquer outra patologia, sem conotações e estigmas que levem ao medo, ao preconceito e consequentemente à exclusão social da pessoa que vive esse drama.
SERVIÇO
Temporada – de 16 de agosto a 27 de setembro, todas as quintas-feiras, às 20:30
Classificação etária: 16 anos
Preços: Inteira - R$ 40,00 |Meia - R$ 20,00
Local: CASA AGUINALDO SILVA DE ARTES- Rua Major Sertório, 476- São Paulo, SP