Foto: Silvia Machado |
O grupo GRUA (Gentleman de Rua), criado em 2002 por Jorge Garcia, Willy Helm e Osmar Zampieri, circula em São Paulo com SETe, performance inédita, até dia 17 de agosto em diversas regiões da cidade, como o Pátio do Colégio, na Sé, Parque da Juventude, no Carandiru, e Avenida Paulista. O trabalho foi contemplado pela 23ª Edição do Programa de Fomento à Dança para a Cidade de São Paulo.
SETe avança a linguagem artística do grupo GRUA, que há quinze anos circula no Brasil e no exterior com o espetáculo Corpos de Passagem. Na nova obra, sete bailarinos dançam guiados por orientações dramatúrgicas que dividem espaço com o improviso. “São atos poéticos que se relacionam com alguns experimentos que fizemos nos últimos meses”, diz Jorge Garcia, que além de dirigir, também integra a obra como bailarino. O trabalho discute o lugar da masculinidade nos dias de hoje. Corpos que começam enrijecidos vão ganhando sensibilidade a partir do toque. A libido e a sensualidade também ganham espaço sem resvalar em caricaturas. A roupa social como figurino cria uma relação imediata com os locais de apresentação por se tratar de uma vestimenta comum para ambientes urbanos. Dessa forma, os ternos pretos vão ganhando outros contextos a cada dia.
Jorge destaca que as vivências do grupo no Rio São Francisco, em comunidades ribeirinhas na região de Belo Horizonte, foram decisivas para a criação da nova obra. “Foram cinco dias de imersão em que a dramaturgia foi ficando mais evidente e descobrimos nuances que deveriam ser mais aprofundadas em SETe”, diz o coreógrafo.
Os ternos usados no novo trabalho ganharam nova modelagem assinada por João Pimenta, estilista e figurinista que também colaborou com o grupo em Corpos de Passagem. GRUA mantém como fundamentos as discussões sobre masculinidade e a relação da dança com a linguagem cinematográfica, daí a dualidade do nome GRUA, que se usa tanto como sigla para Gentleman de rua e também ao equipamento cinematográfico que permite deslocamentos mais ágeis das câmeras.
O título da obra também dá mais de uma possibilidade de leitura. SETe é o número de bailarinos em cena e também comporta nas letras maiúsculas o “set” de filmagem. “Em Corpos de Passagem a gravação da cena acontecia durante as performances. Em SETe, convidamos o cineasta Heitor Dhalia para trabalhar conosco, o que vai resultar num filme a ser lançado em breve”, adianta Jorge. O olhar do cineasta serviu de apoio para que as cenas da performance se tornassem mais limpas e refinadas. Durante as apresentações haverá uma noção dramatúrgica de começo, desenvolvimento e fim que surgiram a partir encontros com Dhalia.
Performance criada por ex-bailarinos do Balé da Cidade de São Paulo discute o lugar da masculinidade nos dias de hoje. Sem caricaturas, a coreografia traz momentos de improviso e dá espaço para a libido e a sensualidade. Os ternos utilizados pelos bailarinos são assinados pelo estilista e figurinista João Pimenta. A coreografia, antes gravada em um set de filmagem pelo cineasta Heitor Dhalia, se tornará um filme de dança que será lançado nos próximos meses
Encontros e referências gerais, como a poesia da escritora Hilda Hilst (1930 – 2004), tornam SETe um trabalho que cresceu a partir da escuta. Os bailarinos fizeram mostras de processo para artistas como a atriz Maria Alice Vergueiro e a ex-bailarina e pesquisadora de dança Ana Teixeira, de onde surgiram discussões sobre a obra e o lugar do machismo e da masculinidade nos corpos, bem como as formas de encará-los em cena. Jorge ressalta que o trabalho se propõe a questionar o machismo a partir da escruta de reivindicações contra essa prática, que se mostra tanto no plano mais objetivo, mas também em comportamentos e hábitos que muitas vezes passam despercebidos.
Em cena estão Jorge Garcia, Osmar Zampieri, Henrique Lima, Fernando Martins, Jerônimo Bittencourt, Roberto Alencar e Alexandre Magno. Todos os bailarinos seguem carreiras diversas na dança. Exemplos são Jorge Garcia, que comanda a Jorge Garcia Companhia de Dança; Fernando Martins, idealizador da Plataforma Shop Sui; Jerônimo Bittencourt, com experiência em Le Parkour e Alexandre Magno, bailarino português que desenvolve o “pow AKA Jazz Latin Fusion”, um exercício de dança que faz uma intersecção de vários estilos, como a umbigada, coco, kuduro, jazz e changatuki, entre outros.
O GRUA já se apresentou em diversas regiões do Brasil, como São Paulo, Minas Gerais e Ceará, e também em outros países, como Inglaterra (Londres), França (Paris) e Chile (Deserto de Atacama).
Serviço
Gratuito | Capacidade Indeterminada | 60 minutos | Livre
Pátio do Colégio
Dia 7/8, terça-feira, 11h
Pç. Pateo do Collegio, 2 - Centro, São Paulo
Catedral da Sé
Dia 7/8, terça-feira, 16h
Praça da Sé s/n – Centro, São Paulo
Parque da Juventude
Dia 8/8, quarta-feira, 11h
Av. Cruzeiro do Sul, 2630 - Carandiru, São Paulo
Dia 9/8, quinta-feira, 13h
R. Santo Afonso, 199 - Catedral da Penha
Dia 10/8, sexta-feira, 10h
Av. Paulista, 1578 – Bela Vista
Dia 11/8, sábado, 10h
Al. Santo Amaro, 180 – Metro Largo Treze
Dia 13/8, segunda-feira, 17h
Praça Franklin Roosevelt, 276
Dia 14/8, terça-feira, 11h e 17h
R. Formosa, s/nº - Praça Ramos
Dia 15/8, quarta-feira, 14h
R. Martim Carrasco, 56 – Largo da Batata
Dia 15/8, quarta-feira, 19h
Ocupação 9 de Julho
R. Álvaro de Carvalho, 427, Centro
Dia 16/8, quinta-feira, 16h
R. Martim Carrasco, 56 – Largo da Batata
Dia 17/8, sexta-feira, 16h
Rua Prates, 93 – Parque da Luz