O cearense Manoelito Soares Moraes mudou-se para o Rio de Janeiro em 1949, com 19 anos de idade, e trouxe para a capital carioca sua experiência no circo. No Rio ele virou apenas Milton Moraes e foi fazer teatro, cinema e televisão.
A estréia foi no teatro em um espetáculo de Amaral Gurgel, e rapidamente ele foi participando de vários espetáculos das melhores companhias de teatro. Fez na década de 50 importantes peças como “O Canto da Cotovia” ao lado de Sérgio Brito; “Mirandolina” e “Com a Pulga atrás da Orelha”, ambas com Fernanda Montenegro e “A Casa de Chá do Luar de Agosto” ao lado de Ítalo Rossi e Nathália Timberg.
Na televisão ele começou em pequenos papéis no ”Grande Teatro Tupi” até estrear em novelas em “O Retrato de Laura”, em 1968, na TV Tupi. Mas a carreira deslanchou mesmo após sua participação em “Bandeira 2”, em 1971 na TV Globo, quando viveu o Quidoca.
Ao mesmo tempo investiu também no cinema, onde na década de 60 participou de oito filmes, sendo os mais importantes: “Gimba, Presidente dos Valentes” (1963); “Mineirinho, Vivo ou Morto” (1967) e “Maria Bonita, Rainha do Cangaço” (1968).
No cinema ainda faria mais 20 filmes, a partir de 1970, e marcaria presença com destaque em: “Os Homens que eu Tive”; “Um Edifício Chamado 200”; “Um Marido Contagiante”; “Barra Pesada”; “O Amante da Minha Mulher”; “Bonitinha, Mas Ordinária” e “Prá Frente, Brasil”.
Milton Moraes passou a ser um dos principais atores da TV Globo ao defender com muito brilhantismo o principal personagem da novela “O Espigão”, de Dias Gomes, onde viveu o empresário Lauro Fontana, cujo sonho era construir o maior hotel do Brasil. Sua parceria com a atriz Suely Franco, que vivia sua esposa na novela, rendeu muitos elogios do público e da crítica especializada.
O ator teve ainda participações significativas em muitas outras novelas e minisséries da TV Globo, como o Armando de “Escalada”; o Alexandre de “Duas Vidas”; o Jofre de “Dancin’ Days”; o Joaquim Vieira de “Cabocla”; o Sérgio de “Água Viva”; o Getúlio de “O Homem Proibido”; o Miltinho de “A Gata Comeu”; o Cláudio da minissérie “Anos Dourados” ou o Vicente de “Rainha da Sucata”.
Milton foi casado com as atrizes Glauce Rocha, na década de 50, e Norma Blum, na década de 60, e depois ainda se casou mais duas vezes e deixou cinco filhos dos quatro casamentos.
Ficou conhecido por interpretar papéis de malandros e boêmios que representavam a classe média baixa carioca, mas também se saía muito bem quando precisava viver um ricaço, como aconteceu em “O Espigão”.
O último trabalho de Milton Moraes foi uma participação especial na novela “O Dono do Mundo” em 1991, e ele faleceu em decorrência de um câncer de pulmão, no Rio de Janeiro, aos 62 anos de idade.