Colunistas - Rodolfo Bonventti

Era Uma Vez: Dias Gomes discutia o celibato dos padres e Cuoco estreava na TV Globo

31 de Julho de 2013
Francisco Cuoco e Dina Sfat

Depois do relativo sucesso de “Verão Vermelho” no horário das 22h, a TV Globo resolveu continuar investindo no horário e, novamente, coube a Dias Gomes a tarefa de trazer para o ar uma história moderna e que prendesse a atenção de um público que ainda não estava muito acostumado a ficar até tarde em frente à televisão.

Dias Gomes resolveu mudar o cenário da Bahia para as praias e o bairro de Ipanema, no Rio de Janeiro, e nascia assim a primeira crônica novelística sobre o badalado bairro da Cidade Maravilhosa. Junto com a mudança de cenário, “Assim na Terra Como no Céu” estreou em 20 de julho de 1970 provocando impacto no público noveleiro ao tratar de temas como o celibato dos padres, o consumo de drogas pelos jovens e por ter um cruel assassinato logo nos primeiros capítulos.

A novela também entrou para a história da nossa teledramaturgia por marcar a estréia de Francisco Cuoco, vindo da TV Excelsior, na emissora carioca, vivendo o padre Vítor e pela sua consagração como um dos principais galãs da nova emissora; como também por lançar a então jovem atriz Renata Sorrah, que viveu Nívea, a jovem que é assassinada nos primeiros capítulos e por quem o padre Vítor se apaixona e resolve abandonar a batina.

A história de Dias Gomes foi também a primeira a sofrer mudanças no seu roteiro por influência do público, que não gostou da morte brutal da personagem de Renata Sorrah, já que a queria fazendo par romântico com o padre Vitor, e encheu a emissora de cartas e telefonemas pedindo a volta de Renata para a novela. Para atender ao público, o autor teve que criar várias cenas de flash backs para que a atriz e a personagem aparecessem mais e agradassem ao público.

Jardel Filho era Renatão

A morte da personagem de Renata Sorrah também provocou o principal foco de “Assim na Terra Como no Céu” a partir do segundo mês no ar: descobrir quem havia sido o assassino de Nívea. E um jovem consumidor de drogas, interpretado por Osmar Prado foi o escolhido pelo autor para ser o assassino e colocar assim, em discussão, o uso cada vez maior de drogas pela juventude dos anos 1970.

Se Francisco Cuoco se firmou como um dos principais atores da emissora com essa novela, o mesmo valeu para a novata Renata Sorrah e para Dina Sfat, que com sua Helô soube aos poucos ganhar a admiração do público e virar a heroína da história. Outros destaques foram Jardel Filho como um alegre e simpático cafajeste, o Renatão, responsável por cenas de muito humor ao lado de Paulo José, o Samuca, outro golpista de classe.

No grandioso elenco destaque ainda para o primeiro personagem homossexual das nossas novelas, o costureiro Rodolfo Augusto, muito bem interpretado por Ary Fontoura. Estavam também no elenco Carlos Vereza, Maria Cláudia, Mário Lago, Arlete Salles, Vanda Lacerda, Paulo Gonçalves, Djenane Machado, Heloisa Helena, Urbano Lóes, Lajar Muzuris, Lídia Mattos, Rogério Fróes, Estelita Bell, Paulo Padilha, Herval Rossano, Suzana Moraes, Maria Pompeu, Agnes Fontoura, Álvaro Aguiar, Ivan Cândido, Aizita Nascimento, Henriqueta Brieba, Antero de Oliveira, Maria Luiza Castelli, Juan Daniel, Adalberto Silva e Sandra Bréa estreando também em um pequeno papel.

Renata Sorrah, Cuoco e Vanda Lacerda

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 E na próxima semana: os primeiros programas sertanejos invadiam a telinha.

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