Texto César de Holanda
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Dizem que a música se faz no silêncio e, certamente, não foram poucos os momentos de silêncio e solidão na trajetória do maestro João Carlos Martins.
Com lançamento nacional nesta semana, a cinebiografia do pianista que teve a carreira interrompida por diversas vezes mostra, além da beleza, as aventuras e falhas do homem nascido para grandes feitos.
Dirigido por Mauro Lima (Tim Maia e Meu nome não É Johnny), o longa desenvolve-se em momentos de delicadeza extrema, flashbacks precisos e detalhes que tornam uma história de vitória, sangue e persistência em um filme dramático, musical e engraçado.
Desde a cena em que o maestro perde a virgindade em um bordel, as superações constantes ao longo da vida e os devaneios de um músico prestes ao suicídio, os atores Alexandre Nero, Rodrigo Pandolfo e David Campolongo destrincham as várias facetas de um João que acostumou- se a trafegar por todos os ambientes com a elegância e simplicidade de um verdadeiro gênio.
Com uso frequente de letterings, a película define a palavra obsessão, como perseguição diabólica. No caso de João uma perseguição em busca da perfeição musical por toda a vida e, se nos momentos finais o diretor do filme ressalta que “Quem confraterniza com a dor, comunga no Reino de Deus”, somente Este mesmo para explicar as dores e os por quês de João Carlos Martins.
Em um país de poucos heróis, diversos escândalos e perspectivas cada vez mais nebulosas de um futuro que nunca chega, como afirmou a produtora do filme Lucy Barreto, a história de João Carlos é, sim, exemplo para um Brasil distante do ideal.