Colunistas - Rodolfo Bonventti

Vandré estreava como apresentador, mas o programa durou pouco no ar

24 de Julho de 2013

 

No final da década de 1960, bastava um cantor ou compositor cair nas graças do público que imediatamente ele era convidado a apresentar algum programa na nossa telinha. E foi assim que depois do sucesso da sua composição “Disparada”, que venceu o Festival de Música Popular Brasileira da TV Record em 1966, Geraldo Vandré ganhou um programa musical na mesma TV Record.

E em 1967, o cantor, compositor e violonista paraibano Geraldo Vandré estreava na emissora paulista comandando o programa “Disparada”, que ia ao ar todas as segundas-feiras, no horário das dez da noite. Ele cantava suas composições e recebia outros cantores e grupos musicais, todos eles cantando MPB e, normalmente, músicas que haviam participado dos festivais da Record.

Com tantos “concorrentes” no ar, já que naquela época Roberto Carlos, Erasmo Carlos, Wanderléa, Jerry Adriani, Wilson Simonal, Moacyr Franco, Agnaldo Rayol, Elizeth Cardoso e Wanderley Cardoso também comandavam programas musicais ou de entretenimento, o programa não durou muito tempo na telinha da emissora paulista.

Geraldo Vandré preferiu continuar a ser apenas cantor e compositor, onde se sentia muito mais à vontade para compor músicas que tinham letras que mostravam uma consciência política muito forte e se caracterizavam por deixar clara uma resistência ao governo militar de então.

O auge do cantor e compositor aconteceu em 1968, quando compôs “Pra não dizer que não falei das flores”, que passou a se chamar “Caminhando”, a partir da conquista do segundo lugar no III Festival Internacional da Canção, promovido pela TV Globo. A música se tornou um hino de resistência à ditadura militar brasileira, mas também representou o exílio de Vandré, primeiro no Chile e depois na Europa, já que seu nome se tornou um dos mais procurados e perseguidos pelo regime militar que estava no poder.

De qualquer forma, Geraldo Vandré e sua composição “Pra não dizer que não falei das flores”, entraram para a história da televisão brasileira ao conquistarem o público do Maracanãzinho e provocarem, ao vivo, uma estrondosa vaia para a vencedora do III Festival Internacional da Canção, que era “Sabiá”, a composição de outro queridinho do público, Chico Buarque de Holanda.

Geraldo Vandré voltou ao País em 1973, mas se afastou da vida artística e se tornou advogado. Ainda fez algumas apresentações em países da América Latina e na Europa nas décadas de 80 e 90, mas no Brasil, nunca mais aceitou cantar em público. Polêmico, também não aceitou inúmeros convites para entrevistas e encerrou a carreira deixando muitas especulações no ar do que realmente teria lhe acontecido na época da ditadura militar.

E na próxima semana: O humor crítico de Dias Gomes domina o horário das 22h. 

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