Artigo Por Luiz Cláudio Jubilato.
Muitas questões estão em jogo na implantação de uma reforma educacional. Devemos chamar a esse monstrengo de “Reforma Temer a temer”, “Reforma Mendonça Filho (de quem?)” ou “Empulhação da caneta (inconstitucionalidade)”? Ela nos foi empurrada goela abaixo para desviar a atenção da sociedade sobre as leis espúrias que os Romeros Jucás da vida querem votar para livrar um bando de salafrários da cadeia.
O Brasil precisa, antes de uma reforma educacional em papel timbrado, para nos tirar dos últimos lugares dos programas internacionais de avaliação de alunos, construir creches e escolas nos bairros. Construir escolas nas áreas rurais e nas comunidades indígenas ou colocar lousas e cadeiras nas que “existem”.
Comecemos a reforma por pagar um salário digno aos professores, recuperar os espaços destruídos das escolas existentes, eliminar a indicação de diretores apaniguados.
Outro ponto: se o ministro não sabe ainda, em grande parte das escolas particulares do país, a maioria dos professores não fez curso de licenciatura ou e a maioria dá aulas de disciplinas diferentes daquelas para as quais formaram, de que os melhores alunos das melhores escolas não querem ser professores de jeito nenhum, de que boa parte das universidades brasileiras contrataram professores no exterior, porque não há professores brasileiros aptos para dar aquelas matérias. Os ensinos fundamental e médio funcionam quase que da mesma forma.
A Reforma atual foi votada pela mesma camarilha que votou pelo impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff. Temos plena certeza de que eles entendem verdadeiramente de falta de educação.
Ah! a reforma, ia me esquecendo. O ensino médio será dividido em duas partes: 60% da carga horária será formada pela Base Nacional Comum Curricular (BNCC), 40% será composta pelas cinco áreas específicas: Linguagens e suas Tecnologias; Ciência da Natureza e suas Tecnologias; Ciências Humanas e Sociais Aplicadas; Matemática e suas Tecnologias; e Formação Técnica e Profissional.
O conteúdo da BNCC será definido até meados desse ano pelo Conselho Nacional de Educação, após ouvir o Conselho Nacional de Secretários de Educação (Consed) e a União Nacional de Dirigentes da Educação (Undime). A piada é que o presidente deu a canetada sem ouvir esses setores; sobre a população e os estudantes, nada.
Poderão fazer parte na BNCC (artes, educação física, português, matemática, física, química, biologia, geografia, história, filosofia, sociologia, espanhol e inglês). Português, matemática e inglês serão as únicas disciplinas obrigatórias durante todo o ensino médio.
As escolas poderão optar por um sistema modular e também pelo sistema de créditos ou disciplinas com terminalidade específica, por exemplo, filosofia durar um trimestre e valer um número “X” de créditos. Esses créditos poderão ser aproveitados no ensino superior.
Previsão otimista: não vai dar certo. Os motivos são os mesmos mesmo pelos quais o ENEM não dá certo: as profundas distorções educacionais e sociais de um país tão grande, cujos recursos descem pelo ralo da corrupção.
Por Luiz Cláudio Jubilato. Educador e diretor do Criar Redação. Professor e especialista em Língua Portuguesa e especialista em vestibulares. criarvest@uol.com.br
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