Texto do venezuelano Moisés Kaufman é encenado pela primeira vez
no Brasil. No espetáculo, a composição 33 variações em sol maior,
opus 120, que acabou sendo considerada uma das principais
obras de Beethoven, ganha a interpretação da pianista Clara
Sverner, convidada por Nathalia para compor a montagem
Recentemente homenageada com um teatro no Rio de Janeiro com seu nome, a atriz Nathalia Timberg estreia dia 9 de setembro, sexta-feira, às 21 horas, no Teatro Nair Bello, o espetáculo 33 VARIAÇÕES. Com direção de Wolf Maya, o texto do venezuelano Moisés Kaufman, conta a história de uma musicóloga que viaja pelo mundo em busca de pistas para desvendar o mistério do motivo pelo qual Ludwig van Beethoven compôs 33 variações para a valsa criada por um então obscuro compositor, Anton Diabelli. Na pele de Beethoven está o próprio Wolf Maya, que também divide o palco com André Dias, Lu Grimaldi, Flávia Pucci, Gil Coelho e Gustavo Engracia, além de oito estudantes de arte dramática.
33 VARIAÇÕES estreou em Nova York em 2009, recebeu cinco indicações ao Tony, e chega à São Paulo depois de uma temporada de sucesso no Rio de Janeiro. A montagem, vista por 20 mil pessoas na capital fluminense, celebra o reencontro de Nathalia Timberg e Wolf Maya em cena, uma parceria teatral iniciada com Meu querido mentiroso (1988) e estabelecida com Paixão (1995). O espetáculo também marca a volta de Wolf Maya aos palcos de São Paulo depois de 25 anos.
Escolhido pela própria Nathalia, e traduzido por ela, o texto de Kaufman ganhou uma versão brasileira com mais liberdade. “Trata-se de uma peça musicada e erudita, que gira em torno das ‘33 variações’ compostas por Beethoven e da obsessão ferrenha de uma musicóloga em desvendar por que o compositor se dedicou a criar tantas variações para uma valsa banal, composta pelo austríaco Anton Diabelli”, explica Wolf Maya.
Histórias paralelas
Em 33 VARIAÇÕES o público acompanha duas histórias paralelas: a da pesquisadora na Nova York do século XX e a de Beethoven na Áustria do século XIX. “As histórias das personagens estão ligadas, assim como a luta de ambos para enfrentar doenças que ameaçam seus feitos profissionais. Enquanto a surdez de Beethoven progride, a pesquisadora trava uma batalha contra a esclerose e busca recosturar laços afetivos com a filha”, conta o diretor.
A ação ocorre tanto na época de Beethoven quanto no presente, mudando aleatoriamente passado e presente, vagando entre os dois tempos. No entanto, em certos pontos chave, personagens de ambos os períodos aparecem no palco para entregar linhas simultaneamente, enfatizando as histórias paralelas.
Para Nathalia Timberg a montagem de 33 VARIAÇÕES traz leveza ao universo da música erudita, que é mais formal e por muitas vezes assusta o público. “A música é a propulsora do espetáculo, o que torna a peça diferenciada e com uma dramaticidade interessante”, diz a atriz.
Piano ao vivo
Entre 1819 e 1823, Beethoven transformou uma valsa do compositor austríaco Anton Diabelli no que viria a ser considerada uma síntese de sua obra e uma das mais notáveis peças para piano da música ocidental – as 33 variações em sol maior, opus 120. Ela se distingue pela proeza de seu autor, já surdo àquela altura, de trabalhar apenas com um punhado de notas para construir um conjunto de tamanha diversidade.
Drama marcado por memórias, música ao vivo e pela superação de desafios de dois personagens obstinados, 33 VARIAÇÕES funciona, no palco, como uma espécie de concerto encenado, com a presença do coro de oito vozes (estudantes de arte dramática da Escola Wolf Maya), cinco atores, além de outro grande trunfo: a pianista Clara Sverner executando as famosas criações de Beethoven.
Convidada por Nathalia para executar ao vivo a música, a pianista Clara Sverner, mesmo sem ter as 33 variações em seu repertório, aceitou de imediato o desafio. Diferentemente da pesquisadora interpretada por Nathalia e do próprio Beethoven, que teriam rejeitado, à primeira vista, o tema pueril composto por Diabelli, Clara se encantou com a valsa: “Foi por isso que Beethoven voltou atrás e se debruçou sobre ela, criando todas essas variações. Nela coexistem o clássico e o popular, uma obra fantástica, que Beethoven tornou tão mais complexa quanto fascinante.”
Para roteiro:
33 VARIAÇÕES – Estreia dia 9 de setembro, sexta-feira, às 21 horas, no Teatro Nair Bello. Texto – Moisés Kaufman. Tradução – Nathalia Timberg. Concepção e Direção – Wolf Maya. Elenco – Nathalia Timberg, Wolf Maya, André Dias, Lu Grimaldi, Flávia Pucci, Gil Coelho e Gustavo Engracia.Pianista Convidada – Clara Sverner. Cenografia e Objetos – JC Serroni. Iluminação – Aurélio de Simoni. Engenheiro de Som – Branco Ferreira. Figurinos – Tatiana Rodrigues. Direção Musical – Natalia Trigo. Visagismo – Marcelo Dias. Videografismo e Projeções – Rico Vilarouca e Renato Vilarouca. Fotografia – Leekyung Kim. Produção – Escola de Atores Wolf Maya e Gelatina Cultural.Direção de Produção – Ricardo Grasson. Produção Executiva – Olívia Maciel e Tiago Martelli.Duração – 120 minutos. Recomendado para maiores de 14 anos. Ingressos – R$ 120,00 e R$ 60,00 (meia-entrada) a venda pelo site www.ingresso.com. Temporada – Sextas-feiras e sábados às 21 horas e domingos às 19 horas. Até 11 de dezembro.
TEATRO NAIR BELLO – SHOPPING FREI CANECA – Rua Frei Caneca, 569 – 3º piso – Shopping Frei Caneca – Consolação. Telefone – (11) 3472-2414. Capacidade – 201 lugares.