Cultura - Teatro

O MEU LADO HOMEM

3 de Fevereiro de 2016

Instituto Cultural Capobianco apresenta

 O MEU LADO HOMEM, UCabaré d’Escárnio,

no projeto de repertório Terceira Margem III

 

Inspirado na obra de Hilda Hilst, Luís Mármora reestreia

Um Cabaré d’Escárnio em 26 de janeiro, com música

ao vivo e direção artística de Marcelo Romagnoli

 

 

O espaço da encenação remete a um bar, misto de boate e cabaré. Mesas para os músicos, abajur à meia-luz, um pequeno palco com microfone e uma ribalta ordinária.

Concepção e Interpretação de Luís Mármora. Direção Artística de Marcelo Romagnoli. Direção Musical de Luiz Gayotto. Adaptação e Roteiro de Luís Mármora, Luiz Gayotto e Marcelo Romagnoli.

 

 

Foto: Arô Ribeiro

 

Contemplado pelo Prêmio Zé Renato da Secretaria Municipal de Cultura, O MEU LADO HOMEM, UCabaré d’Escárnio é um musical solo baseado na obra obscena Cartas de um Sedutor, da premiada escritora Hilda Hilst. O espetáculo mostra Sápata Magáli, um anti-herói ridículo como apresentador de um cabaré decadente, com banda ao vivo e um repertório musical variado. De salto alto, barba e cílios postiços, o personagem é uma figura híbrida, um transgênero profundamente pornográfico e altamente poético. Um show-man, que relembra fatos de sua vida, canta e permite à platéia um passeio pelo seu coração.

 

HILDA HILST foi poeta, ficcionista, cronista e dramaturga brasileira. É considerada pela crítica especializada como uma das maiores escritoras em língua portuguesa do século XX. Hilda escreveu por quase cinquenta anos, tendo sido agraciada com os mais importantes prêmios literários do Brasil. Assuntos tidos como socialmente controversos foram temas abordados pela autora em suas obras. No entanto, conforme ela mesma confessou em uma entrevista, seu trabalho sempre buscou, essencialmente, retratar a difícil relação entre Deus e o homem. Em Cartas de um Sedutor, ela segue o modelo do romance libertino do século XVIII e submete-o a procedimentos experimentais, fazendo dele o coroamento das suas obras obscenas. Nelas, a pornografia está pensada como um lugar de resistência da imaginação auto-criadora.

 

Para que o personagem Sedutor, que aqui se apresenta sob o codinome de Sápata Magáli, revele à platéia suas memórias – inventadas ou não – o espaço da encenação remete a um bar, misto de boate e cabaré. Mesas para os músicos, abajur à meia-luz, um pequeno palco com microfone e uma ribalta ordinária. Ao fundo, uma cortina de veludo. A música é executada ao vivo e o repertório variado, de forte apelo popular, tem tratamento refinado, assim como a prosa poética expressada pelo protagonista. Nisso reside a beleza da obra: elementos de escárnio, de despudor, de baixo calão, constantemente revestidos de alto poder literário.

 

Ao incorporar o simbolismo de um ambiente artístico decadente, outrora criativo, mas que ainda conserva um certo glamour, a encenação busca traçar paralelos com a ênfase que a autora dá à criação literária. Se no romance o personagem principal é um escritor-mendigo, no espetáculo ele(a) é Sápata Magáli, no alto de seus sessenta e tantos anos, com experiência real do submundo, da poesia e da marginalidade.

 

A vocação do ICC e projetos anteriores

O projeto Terceira Margem III apresentou, gratuitamente, desde outubro 2015, as peças Na Selva das Cidades - em Obras Ocupação #2 (da Mundana Cia, direção de Cibele Forjaz), Gotas D’água Sobre Pedras Escaldantes (direção de Rafael Gomes) eO Meu Lado Homem, Um Cabaré d'Escárnio (inspirado na obra Cartas de um Sedutor, de Hilda Hilst, com Luis Mármora). A iniciativa também realizou oficina com a diretora brasileira radicada na Espanha Daniela De Vecchi, assistente de dramaturgo espanhol José Sanchis Sinisterra, autor de mais de 40 peças. Carlos Careqa e Pascoal da Conceição comandaram tertúlias musicais e poéticas, com a participação de outros artistas.

 

O projeto Terceira Margem já viabilizou processos de pesquisa e encenação dos espetáculos Cais ou Da Indiferença das Embarcações (Prêmio APCA de melhor texto, da Velha Cia, em 2013) e Gotas D’água Sobre Pedras Escaldantes, segundo projeto de intercâmbio nacional com foco em montagem inédita. 

 

Instituto Cultural Capobianco também já possibilitou a vinda para o Brasil do dramaturgo espanhol Jose Sanchis Sinisterra(2010), a diretora franco-americana Léa Dant (2011) e o diretor russo Adolf Shapiro (2012), além da residência da diretora artística do Théatre du Voyage Interieur, da França, Lea Dant, em 2011, que montou Antes de Partir.

 

A frente do Instituto Cultural Capobianco, a diretora artística Fernanda Capobianco tem seu foco direcionado a artistas e produções que ocupam posições singulares na dramaturgia brasileira contemporânea, apresentando um recorte do que há de melhor no teatro atual, seja produzindo e apoiando espetáculos ou promovendo atividades para fomentar a pesquisa, experimentação e processo artístico no teatro contemporâneo.

 

Fernanda tem aberto a porta do Capobianco, gratuitamente, em seus ciclos de leituras, para encontros e debates de textos dramatúrgicos inéditos.  Assim, promove uma troca de conhecimento, divulgando e estimulando o processo de criação dos dramaturgos. Apostando no modelo intimista entre público e artista, vem realizando importante trabalho que objetiva gerar maior reflexão sobre a prática teatral, também incentivando novas formas de vivência artística.

 

 

O MEU LADO HOMEM, Um Cabaré d’Escárnio.

De 26 de janeiro a 9 de março (não haverá sessões em 9 e 10 de fevereiro), às terças e quartas-feiras, 21h;

Temporada gratuita – ingressos distribuídos uma hora antes de cada apresentação;

Sala da Memória – 80 lugares;

Instituto Cultural Capobianco - Rua Álvaro de Carvalho, 97 – Centro (próximo ao Metrô Anhangabaú);

Fone: 3255-8065 / 3237-1187.

 

FICHA TÉCNICA

Texto: Hilda Hilst (Cartas de um Sedutor). Concepção e Interpretação: Luís Mármora. Direção Artística: Marcelo Romagnoli.Direção Musical: Luiz Gayotto. Adaptação e Roteiro: Luís Mármora, Luiz Gayotto e Marcelo Romagnoli. Músicos: Luiz Gayotto(piano e violão), Ernani Sanchez (guitarra), Lelena Anhaia (baixo), Simone Julian (sopro), Nina Blauth (bateria). Iluminação:Marcelo Romagnoli. Figurino: Marichilene Artsevskis. Espaço Cênico: Nerone Prandi, Marcelo Romagnoli e Luís Mármora.Projeto Gráfico: Artefactos Bascos.  Produção Executiva: Mariana Piza. Produção e Realização: Marmorhaus Produções Culturais.

 

Músicas: Meu Lado Homem (Rafael Castro), Cabide (Ana Carolina), Canção de Desenfreada Sensualidade ( Cristiano Gouveia), Canibal (Luiz Gayotto e Lúcia Romano), Natural Woman (You Make Me Feel - Carole King e Gerry Goffin), Mim (Luiz Gayotto), The Man I Love (George e Ira Gershwin), Oscar Wilde (Rafael Castro), Me Vuelves Loco (Armando Manzanero), Dance a Little Bit Closer (Charo), La Llorona (Domínio Público), Polaroid (Rafael Castro).

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