Colunistas - Rodolfo Bonventti

ETERNA MEMÓRIA - LEON HIRSZMAN

9 de Janeiro de 2016

(22/11/1937 – 15/09/1987)

 

Um expoente do nosso cinema novo

 

O carioca Leon Hirszman, influenciado pelo pai, se associou ao Partido Comunista do Brasil com apenas 15 anos de idade, quase a mesma época em que se apaixonou pelo cinema.

Chegou a se formar em engenharia, mas após terminar a faculdade, resolveu se dedicar ao cinema, e seu primeiro emprego foi como ajudante de produção de Nelson Pereira dos Santos no filme “Rio, Zona Norte”, realizado em 1957.

No início da década de 60 se ligou a Gianfrancesco Guarnieri, Augusto Boal e Oduvaldo Vianna Filho e foi um dos fundadores do Centro Popular de Cultura da União Nacional dos Estudantes (UNE). Mesmo se dedicando ao cinema a partir de 1962, quando se tornou  assistente de direção e depois produtor e diretor, Hirszman manteve intensa atividade política.

Em 1962 dirigiu um episódio do filme “Cinco Vezes Favela”, e passou a ser reconhecido pela crítica e pelos colegas diretores como uma grata revelação do cinema novo brasileiro.

Seu primeiro longa metragem solo foi “A Falecida”, em 1965, baseado na obra homônima de Nelson Rodrigues e estrelado por Fernanda Montenegro e Ivan Cândido.

Em seguida dirigiu “Garota de Ipanema” em 1967 e “São Bernardo” em 1971, mas que ficou retido pela censura militar por quase um ano e só estreou no final de 1972, o consagrando junto à crítica cinematográfica. Nos papéis principais do filme estavam os premiados Othon Bastos e Isabel Ribeiro.

Foi vice-presidente da Associação Brasileira de Cineastas e enfrentou a censura e o regime militar várias vezes, tendo sido ameaçado de prisão em várias ocasiões. Seu posicionamento político claro o levou a dirigir documentários polêmicos como “Cantos de Trabalho” e “ABC da Greve”, este último somente apresentado em circuito comercial após a sua morte.

Foi em 1981, com a estréia do filme “Eles não usam black-tie”, uma adaptação para o cinema da peça de sucesso de Guarnieri, e premiado em festivais de cinema no Brasil e no exterior, inclusive como melhor filme no Festival de Veneza, que Leon Hirszman foi devidamente reconhecido pela sua importância no cenário cinematográfico nacional.

A partir daí ele se dedicou a um projeto de três documentários sobre três artistas esquizofrênicos que teve como título “Imagens do Inconsciente” e que estrearam em 1986, quando ele já havia sido diagnosticado portador do vírus HIV, que contraiu após uma transfusão sanguínea.

Leon morreria em 1987, deixando três filhos de três casamentos diferentes e uma obra no cinema nacional que foi do ambiente das favelas ao universo rural. Dos trabalhadores da classe média, seus medos, dilemas e angústias às feridas de uma sociedade que vive nas grandes metrópoles.     

 

Foto 1 - Leon Hirszman foi um grande diretor do cinema novo brasileiro

Foto 2 - Ele dirigiu documentários importantes como "ABC da Greve"

Foto 3 - Hirszman dirigiu "A Falecida" com Fernanda e Paulo Gracindo em 1965

Foto 4 - Cartaz de "Garota de Ipanema", seu filme mais comercial que dirigiu em 1967

Foto 5 - Foi com "São Bernardo", em 1972, que ele ganhou premios e reconhecimento

Foto 6 - Hirszman foi também militante político e dirigente da Associação de Cineastas
 
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