Cultura - Teatro

CABRAS - cabeças que voam, cabeças que rolam, novo espetáculo da Cia Balagan

6 de Janeiro de 2016

 

estreia em 22 de janeiro, sexta-feira, às 21h, no Centro Cultural São Paulo

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Encenação de Maria Thaís e texto de Luís Alberto de Abreu

 

Fotos de cena de Ale Catan

 

“Quem já encontrou cabra que fosse animal de sociedade?

Tal o cão, o gato, o cavalo, diletos do homem e da arte? ”

João Cabral de Melo Neto

 

CABRAS – cabeças que voam, cabeças que rolam, novo espetáculo da Cia Teatro Balagan, estreia no dia 22 de janeiro, sexta-feira, às 21h, no Centro Cultural São Paulo. Na mesma noite haverá o lançamento do programa com a publicação do texto de Luís Alberto de Abreu que compõem a dramaturgia do espetáculo. A temporada segue em cartaz até 13 de março, sempre às sextas, sábados e domingos. 

 

CABRAS – cabeças que voam, cabeças que rolam tem como tema central a Guerra. Porém, a guerra que encontramos na nova criação da Cia Teatro Balagan transcende o confronto direto em campo de batalha, ela é sonhada, esperada, narrada, fazendo-se presente em outras dimensões da experiência humana. Não é a guerra dizimatória, mas aquela que pressupõe e mantém a relação com o Outro – o Inimigo –, e que está presente nas manifestações sagradas e nas festividades, como atos de constante resistência e criação.

 

A investigação das matérias cênicas que, a princípio partiu do Cangaço, dos movimentos de resistência ao Estado, das guerras não oficiais, intituladas como revolta, ou banditismo, sempre fortemente reprimidas, e que findaram em geral com a decapitação e exposição das cabeças de seus líderes, se delineou em torno da tríade Guerra-Festa-Fé, três aspectos intrínsecos de uma ação de resistência e luta, cujos desdobramentos suscitaram uma diversidade de temas que tecem e constituem o território do espetáculoo inimigo, a vingança, os conflitos parentais, o nomadismo, a cerca, o ethos guerreiroo valor da palavra, entre outros, abordadossob diversas perspectivas culturais.

 

Do cangaceiro e do samurai, da mitologia hindu e da indígena, da cabra de João Cabral e da cabra de Dionísio, do pandeiro e da rabeca, da dança dos caboclinhos e dos cantos das Caixeiras do Divino, dos estudos biomecânicos e dos arquétipos animais do Kempô compuseram-se os corpos que narram, bem como as crônicas narrativas que integram o espetáculo.

 

O espetáculo, do ponto de vista da linguagem, aprofunda a pesquisa da Cia Teatro Balagan em relação à narrativa e ao ator narrador, foco de investigação constante desde a fundação da companhia e presente nos espetáculos anteriores, como em Recusa (que estreou em outubro de 2012, em São Paulo e que, desde então, percorreu diversos festivais do país. Foi indicado a 13 prêmios e conquistou seis, entre eles o Shell de melhor direção – Maria Thaís – e melhor cenário – Márcio Medina) e Prometheus – a Tragédia do Fogo.

 

Cabras, então, é narrado, cantado, tocado e dançado por um bando. Bando de cabras, bando de dez atores - vinte pegadas de alpercatas - que migram constantemente, transitando entre diversas perspectivas e vozes narrativas. O coro se sobrepõe à noção de protagonista e nenhuma personagem se consolida se não como lugar, como uma perspectiva a ser habitada temporariamente. Assim cada ator, transita por tantos lugares quanto são as acepções dadas à própria palavra cabra. Cabra é o animal, é gente, é o homem, é a mulher, é bandido, é polícia, é diabo – origem de expressões (e mitos) populares como "cabra macho", "cabra safado", "cabra marcado", "cabra da peste", a “cabra cabriola”, “a puta cabra”.  

 

“Para nós o termo evoca a potência transgressora do próprio animal, que não respeita cercas, limites”, diz Maria Thaís.

 

A composição dramatúrgica, criada por Luís Alberto de Abreu e Maria Thaís, é formada por vinte pequenas crônicas escritas por Luís Alberto de Abreu, que foram organizadas no espetáculo em quatro partes, cada uma contendo cinco textos narrativos: Guerra,Festa e Fogo-Paz-Fogo.

Guerra – a guerra parental (em que as tensões entre grupos familiares, como um fogo de monturo que, aparentemente apagado, pode reacender-se ao menor vento), do ethos guerreiro, da arma que espera a hora que vai matar.

Guerra-Fé – é a guerra tal qual inscrita nos corpos marcados pela escravidão do negro, pela dizimação cultural do índio, pela submissão do mestiço, a persistir e revelar outras visões de mundos.

Guerra-Festa - que permite a inversão do mundo ou a criação de um mundo sem fronteiras no qual a dimensão simbólica e mítica da guerra, traduz-se em danças, poesias, músicas e vestimentas; e, finalmente,

Guerra - Fogo,Paz,Fogo – é a inevitável alternância entre guerra-paz-guerra, dos cabras “que não se  espantam com a aspereza das pedras”.

 

Resultado da pesquisa e do diálogo travado entre encenadora e dramaturgo, a dramaturgia tem como premissa uma organização não temporal, mas espacial – ou seja, cada narrativa é independente, é um lugar, um espaço em que se configura uma perspectiva, um território; e, a multiplicidade na natureza das vozes, através de crônicas nas quais os objetos, os seres, os animais e os humanos narram os acontecimentos, revelando diferentes perspectivas de mundo.

 

A escritura cênica em Cabras, como em todos os espetáculos da Balagan, se define a partir do espaço. A longa e profícua parceria entre Maria Thaís e Márcio Medina,  diretora e cenógrafo e figurinista da Cia, norteia as escolhas da encenação que diferencia, pelo uso de diversos elementos a composição de cada uma das quatro partes,  transformando o Lugar da cena.

 

Em Cabras Lugar – formado por um piso-terra, o sol vermelho e um único tronco de árvore – adquire significados e se transforma a partir da presença dos atores, do desenho da cena, dos figurinos, objetos, instrumentos, do desenho da luz e do público, que é parte integrante da cena. São os espectadores, divididos em duas arquibancadas dentro do espaço cenográfico, que criam os limites e a zona de fronteira da encenação.

 

Os figurinos são cromaticamente diferenciados a cada bloco e se transformam através de sobreposições a uma roupa-base que remete à forma da calça usada no Cangaço, agregando a ela os aspectos dos guerreiros, religiosos ou traços animais, como a própria figura da cabra.

 

O repertório musical e sonoro foi investigado e praticado durante todo o processo de pesquisa e é o resultado do trabalho de muitas mãos – direção, atores, do músico Alício Amaral, que foi professor de rabeca durante todo o processo – e, na versão final do espetáculo, contou com a Direção Musical de DrMorris. A sonoridade, construída a partir de dois instrumentos principais – a voz e a rabeca – é formada por cantos tradicionais (Brasil, México), cantos que remetem ao Cangaço, além de músicas especialmente compostas para o espetáculo.

 

O Processo de pesquisa

A pesquisa e a construção do espetáculo foram realizadas no decorrer de dois anos e meio e viabilizadas fundamentalmente pelo Programa Municipal de Fomento ao Teatro para a Cidade de São Paulo, que contemplou parte da pesquisa em sua 22ª e a etapa de conclusão do espetáculo na sua 26ª edições, além do edital Proac 08/2014, que possibilitaram no processo de investigação e criação o compartilhamento com o público – através de encontros com teóricos, pesquisadores e artistas, exibição de filmes, etc. – além da realização de oficinas, de uma viagem de campo à região fronteiriça dos estados de Minas Gerais, Bahia e Goiás e a realização de quatro versões experimentais do espetáculo, apresentadas no período de maio a novembro de 2015.

           

A CIA TEATRO BALAGAN

Balagan é uma palavra presente em diversos idiomas como o russo, o turco, o árabe e o hebraico e pode significar teatro de feira, baderna, bagunça ou confusão. Essas definições provocam o projeto artístico da Cia, na atitude criativa e aludem a vozearia, a coexistência – em fricção -  de múltiplas vozes.

Desde seu surgimento os trabalhos da Balagan assumem uma dimensão pedagógica que abrange artistas e espectadores na medida em que propõem longos períodos de pesquisa e experimentação, nos quais o trânsito entre a criação em sala de ensaio e os momentos de abertura pública conjugam dois pólos da prática cênica: o fazer e o ver. É neste trânsito que as perspectivas teatrais possíveis, suscitadas pelo contato artesanal com as matérias escolhidas, se revelam.

Em 1999, a Cia estreou seu primeiro espetáculo, Sacromaquia. Desde então foram criadas outras cinco obras: A Besta na Lua(2003/2004), Tauromaquia (2004/2005/2006), Západ – A Tragédia do Poder (2007), Prometheus – A Tragédia do Fogo (2011 – em repertório) e Recusa (2012 – em repertório). Os espetáculos mereceram indicações e premiações da crítica especializada,  circulando por todo o Brasil e, em 2014, a Cia Teatro Balagan foi reconhecida como  Patrimônio Cultural Imaterial da Cidade de São Paulo (junto a um conjunto de vinte e dois (22) teatros independentes da cidade) por suas atividades de valor cultural referencial para a construção da identidade paulistana.

 

Sugestão de Sinopse

 

Nas vinte crônicas independentes que compõe CABRAS – cabeças que voam, cabeças que rolam, a GUERRA é o tema central. A vingança, o ethos guerreiro, o inimigo, os conflitos parentais, o nomadismo são narrados ou cantados por vozes humanasde animais e, ainda, vozes de seres (a natureza, objetos), que revelam suas perspectivas, delimitam o território e a aventura de estar fora dele.

 

CABRAS – cabeças que voam, cabeças que rolam

Estreia em 22 de janeiro, sexta-feira, às 21h, no Centro Cultural São Paulo

Com  

André Moreira, Deborah Penafiel, Flávia Teixeira, Gisele Petty, Gustavo Xella, Jhonny Muñoz, Maurício Schneider, Natacha Dias, Val Ribeiro e Wellington Campos.

Direção Maria Thaís?

Texto Luís Alberto de Abreu?

Dramaturgia Luís Alberto de Abreu e Maria Thaís

Cenografia e Figurino Márcio Medina

Direção Musical Dr Morris                                             

Iluminação Aline Santini

 

Assistente de Direção Murilo De Paula

Assistente de Cenografia e Direção de Palco Marita Prado

Assistente de Figurino Thais Teresa Lacerda Franco

Montagem e Operação de Luz Michelle Bezerra

 

Design Gráfico Regina Cassimiro

Ilustrações Paloma Franca

Fotos Ale Catan

Divulgação Adriana Monteiro

Produção Géssica Arjona

 

Serviço:

CENTRO CULTURAL SÃO PAULO

Estreia e lançamento do programa do espetáculo com o texto de Luís Alberto de Abreu que compõe a dramaturgia de Cabras – cabeças que voam, cabeças que rolam.

Estreia em 22 de janeiro, sexta-feira, às 21h

Temporada: de 23/01 a 13/03/2016 – sexta e sábado às 21h e domingo às 20h

Rua Vergueiro, 1000 – ao lado da estação de metrô Vergueiro

Telefone  (011) 3397 4002  

DURAÇÃO: 120 minutos

RECOMENDAÇÃO ETÁRIA: 12 anos

No anexo da sala Adoniran Barbosa

CAPACIDADE: 80 pessoas

INGRESSO: R$ 20,00 inteira e R$ 10,00 meia entrada

DIA PROMOCIAL – ingressos a R$ 3,00: 29/01/2016 

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