Colunistas - Rodolfo Bonventti

Era uma Vez

16 de Dezembro de 2015

Em 16 de junho de 1975, Janete Clair estreava no horário das 19h da TV Globo com a novela “Bravo”. Foi uma experiência sugerida pela direção da emissora para comemorar seus 10 anos de fundação, levando a dama das oito para outro horário e trazendo seu marido, Dias Gomes, para ocupar o horário das 20 horas com sua “Roque Santeiro”.

Com quase duzentos capítulos e dirigida por Fábio Sabag, Reynaldo Boury e supervisão de Daniel Filho, a novela contava a história de um grande maestro aos olhos do público e da crítica, Clóvis Di Lorenzo, que, no entanto, era extremamente temperamental, se achava um fracasso e vivia uma vida de contradições. Viúvo, pai de uma adolescente e dominado pela irmã, Clóvis se apaixona por uma moça pobre que vem do interior para trabalhar numa editora, mas enfrenta problemas com a filha e a irmã que não aceitam essa união.

Para auxiliar Janete Clair na escrita da novela foi indicado o jovem Gilberto Braga, que acabou assumindo a história sozinho, quando a censura militar proibiu a estréia de Dias Gomes e da sua “Roque Santeiro”, e novamente Janete foi a escolhida para escrever a toque de caixa uma nova novela para o horário das 20 horas.

Nos bastidores da TV Globo era nítida a “bronca” de Janete Clair por ter sido preterida no horário das oito, mesmo que tenha sido para ceder o lugar para o seu marido. Talvez isso tenha colaborado para que a novela não registrasse a audiência esperada, porque o gênero de Janete não combinava com o horário das sete, que sempre pediu novelas mais descompromissadas e sem muito melodrama.

Também colaborou para esse quadro o fato da TV Tupi estar registrando bons índices de audiência com a obra de Geraldo Vietri, “Meu Rico Português”, que na praça São Paulo sempre registrou índices maiores do que a novela de Janete e Gilberto Braga.

Para viver o maestro Clóvis Di Lorenzo a TV Globo trouxe de volta para a telinha o ator Carlos Alberto, que há dois anos não participava de uma novela. Para formar o par romântico com ele a escolhida foi Aracy Balabanian, enquanto Bete Mendes vivia a problemática filha do maestro e Neuza Amaral, em um brilhante desempenho, Fabiana, a possessiva irmã de Clóvis.

Com uma trilha sonora composta em boa parte por peças clássicas selecionadas pelo maestro Júlio Medaglia, o primeiro LP com as músicas da novela foi um grande sucesso de venda, o que fez com que a Som Livre produzisse mais dois volumes.

No elenco da novela ainda estavam Carlos Eduardo Dolabella, Cláudio Cavalcanti, Arlete Salles, Ítalo Rossi, José Augusto Branco, Bibi Vogel, Grande Otelo, Daisy Lúcidi, Heloisa Helena, Luis de Lima, Lícia Magna, Roberto Maya, Brandão Filho, Marcelo Picchi, Teresa Cristina Arnaud, Jorge Chaia, Reinaldo Gonzaga, Lupe Gigliotti, Antonio Patiño, Suzy Arruda, Fernando José e Joyce de Oliveira.

Foto 1  - A abertura da novela de Janete Clair e Gilberto Braga

Foto 2 - A trilha sonora com música clássica foi um sucesso de vendas

Foto 3 - Carlos Alberto teve um grande momento na carreira como o maestro
atormentado

Foto 4 - Bete Mendes e Marcelo Picchi, o casal jovem da novela das sete

Foto 5 - Luis de Lima, Neuza Amaral e Carlos Alberto em cena da novela

Foto 6 - Aracy Balabanian e Neuza Amaral em brilhantes atuações
Comentários
Assista ao vídeo