Colunistas - Rodolfo Bonventti

O dramalhão de Vicente Sesso para a Excelsior que foi um dos últimos suspiros da emissora

19 de Dezembro de 2012
Quando a novela "Sangue do Meu Sangue" estreou, em fevereiro de 1969, no horário das 19h, a TV Excelsior já começava a definhar em uma crise que a consumiria um ano depois. Para os telespectadores, no entanto, nada era transparecido, e a novela foi para o ar em clima de mais uma superprodução da emissora, inclusive reunindo um elenco de notáveis atores em grandes interpretações.

O dramalhão de Vicente Sesso marcou sua estréia como autor de telenovelas, e nos remetia ao século XIX, nos tempos do reinado de Dom Pedro II. Brilhantemente dirigida pelo grande ator e diretor Sérgio Britto (1923-2011), que fez questão de emprestar alguns figurinos seus para a produção, a novela fez as donas de casa chorarem ao acompanharem o drama de Carlos, Clara e de Pola Renon, além das maldades de Clóvis Camargo.

Francisco Cuoco repetia o sucesso conseguido em "Redenção" e agora vivia dois personagens: Carlos, um funcionário de banco que sofre um acidente após ser acusado de um desfalque e desaparece e, dez anos depois desse desparecimento, o seu filho mais velho Lúcio. Ao lado dele brilhavam Nicette Bruno como a sua esposa Clara e Tonia Carrero que vivia uma atriz, Pola Renon, que era amante de Carlos e, dez anos depois, se apaixona loucamente por Lucio, o filho mais velho de Carlos. O grande vilão da história era Henrique Martins que vivia Clóvis Camargo, o genro do banqueiro interpretado pelo falecido Edmundo Lopes e o responsável pelo acidente no qual Carlos perde a memória e desparece.



O diretor Sérgio Britto já era um ator e diretor muito respeitado na época e conseguiu reunir um elenco de fazer inveja. Além de Cuoco, Nicette, Tonia, Henrique e Edmundo, ainda estavam no elenco: Rosamaria Murtinho, Rodolfo Mayer, Fernanda Montenegro, Armando Bógus, Nívea Maria, Mauro Mendonça, o próprio Sérgio Britto, Nathalia Timberg, Aldo de Maio, Rita Cléos, Carminha Brandão, Sadi Cabral, Nestor de Montemar, Salomé Parisi, Renato Machado, Rachel Martins, Peirão de Castro, Geraldo Louzano, Gilmara Sanches, Antonio Pitanga, Eduardo Abbas, Enio Carvalho, Geny Prado, Zéluiz Pinho, Elisabeth Becker, as participações especiais de Cláudio Correa e Castro, Márcia Real e Carlos Zara, e a estréia em novelas do filho adotivo do autor, Marcos Paulo (1951 - 2012), que depois se transformaria em galã e um grande diretor dessas produções.



Os amores proibidos e as tragédias que permeavam os capítulos de "Sangue do Meu Sangue" tinham como pano de fundo a luta pela abolição da escravatura. O romance entre Carlos e Pola Renon e depois entre o filho Lucio e a atriz criaram alguns problemas com a censura da época, e a novela teve que mudar de horário antes da metade da sua trajetória no ar, passando para as 20h.

Ela foi o último grande sucesso da emissora em teledramaturgia e mais de vinte anos depois ganhou um remake no SBT, mas que não alcançou o mesmo brilho da primeira versão. Ainda hoje é reconhecida como uma das mais importantes produções da TV Excelsior e dos anos 1960 na TV brasileira.



E na próxima semana: o concurso que elegia as mais belas misses.
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