O canal 13 de São Paulo, a TV Bandeirantes, a quinta emissora de televisão da cidade, foi inaugurada justamente em um dia 13. Tudo de acordo com a superstição do seu proprietário, o empresário João Jorge Saad (1919-1999).
Foi assim que no dia 13 de maio de 1967, os telespectadores ganhavam uma nova opção de programação. O show que colocou a emissora no ar foi feito pelo cantor Agostinho dos Santos (1932-1973) e pela cantora Cláudia.
Tendo como mascote um coelho segurando uma espingarda e vestido de bandeirante, a emissora se voltou mais, nos seus primeiros momentos, para o jornalismo, musicais e humorísticos, mas a TV Bandeirantes também resolveu investir em teledramaturgia logo no inicio da sua vida.
Entre seus primeiros programas estavam o jornalístico "Titulares da Notícia" com Vicente Leporace (1912-1978) e Murilo Antunes Alves (1919-2010); o musical "Cláudia Querida", apresentado pela cantora Cláudia; um teatro de horror com José Mojica Marins, o Zé do Caixão, chamado "Além, Muito Além do Além"; o humorístico "I Love Lucio" com Lucio Mauro e Arlete Salles, que eram na época casados na vida real; o "Leporace Show" com Vicente Leporace e o "Programa Ary Toledo" comandado pelo irreverente compositor, cantor e humorista.
Não demorou um mês da sua inauguração e a teledramaturgia ganhava espaço nobre na programação da TV Bandeirantes e trazia um diferencial. Até então, todas as novelas tinham capítulos com 30 minutos de duração diários. Foi justamente "Os Miseráveis", a adaptação para a TV do clássico de Victor Hugo, realizada por Wálter Negrão e Chico de Assis, que implantou capítulos de 45 minutos. Um padrão que logo foi seguido por todas as outras emissoras.
"Os Miseráveis" estreou em abril de 1967 no horário das 19h e entrou para a história das telenovelas também por ter marcado a estreia no gênero do grande ator Raul Cortez. O principais papéis eram vividos por Leonardo Villar como Jean Valjean, Maria Isabel de Lizandra como a jovem Cosette, Geraldo Del Rey como Marius e Sadi Cabral como o Monsenhor. O elenco ainda tinha Cacilda Lanuza, Laura Cardoso, Rubens Correa, Serafim Gonzales, Felipe Carone, Otávio Augusto, Esmeralda de Barros e Leina Krespi.
A concorrência no horário era muito disputada entre a Excelsior e a Tupi e a novela não teve a repercussão que se esperava, mas, no entanto, abriu a porta para outras produções importantes da emissora que ainda viriam a acontecer nas décadas de 1870 e 1980.
