Cultura - Teatro

Maria que Virou Jonas ou A Força da Imaginação, a mais recente criação da Cia. Livre, volta ao carta

30 de Novembro de 2015

Dias 7, 8, 9, 15,16 e 17 de dezembro

na Oficina Cultural Oswald de Andrade

( seg, ter, qua, ter, qua e quinta)

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Espetáculo teatral sobre identidades, gênero e sexo tem dramaturgia de Cássio Pires e Cia Livre, direção de Cibele Forjaz e atuação de Edgar Castro e Lucia Romano.

“A palavra é metade de quem a pronuncia e metade de quem a escuta”

Montaigne

 

Maria que Virou Jonas ou a Força da Imaginação, décima criação da Cia. Livre, volta ao cartaz para seis apresentações gratuitas, no mês de dezembro, dias 7,8 9, 15, 16 e 17, às 20h, na Oficina Cultural Oswald de Andrade. O espetáculo tem direção de Cibele Forjaz e no elenco Lúcia Romano e Edgar Castro. A cenografia é de Márcio Medina, figurinos de Fabio Namatame, vídeos de Lucas Brandão, músicas de Lincoln Antonio, luz de Cibele Forjaz e Rafael Souza Lopes, sonoplastia de Pepê Mata Machado e treinamento vocal para canto de Ná Ozzetti.

 

Resultado de um ano de pesquisa da Cia. Livre (projeto contemplado pela 24ª edição do Programa Municipal de Fomento ao Teatro para a Cidade de São Paulo e pela 2ª Edição do Prêmio Zé Renato), Maria que Virou Jonas ou a Força da Imaginação teve sua estreia nacional no SESC Belenzinho, de 19 de Fevereiro a 15 de Março, seguida de ocupação no Teatro da Universidade de São Paulo - TUSP, de 26 de Março a 19 de Abril de 2015 (com temporada do espetáculo e realização dos “Encontros Transvestidos”, ciclo de debates sobre temas do espetáculo).

 

Maria que Virou Jonas ou a Força da Imaginação é a recriação teatral do caso de Germain Garnier, jovem habitante da cidade de Vitry, na França do século XVI, que até os 15 anos viveu como Marie, mudou sua identidade e passou a ser aceito socialmente como homem, em decorrência da saída do membro masculino de seu ventre, após o esforço de abrir as pernas ao saltar uma vala.

O caso Marie-Germain, como ficou conhecido, foi primeiramente relatado nas obras do filósofo francês Michel de Montaigne, Ensaio XXI – A Força da Imaginação (Essais, 1595) e em Des Monstres et dês Maerveilles, publicado pelo cirurgião Ambroise Paré, em 1537.

 

Além dos escritos de Montaigne, obra-mote para a criação de Maria que Virou Jonas ou A Força da Imaginação e do livro Inventando o Sexo do historiador e sexólogo Thomas Laqueur (1945), a Cia. Livre utilizou como suporte para a criação do espetáculo reflexões de pensadores contemporâneos como Beatriz Preciado e Judith Butler, sobre o movimento queer (A teoria queer critica as classificações sociais da psicologia, da filosofia, da antropologia e da sociologia tradicionais, baseadas habitualmente na utilização de um único padrão de segmentação — seja a classe social, o sexo, a raça ou qualquer outro — e defende que as identidades sociais se elaboram de forma mais complexa, pela intersecção de múltiplos grupos, correntes e critérios), papeis sociais de gênero, transitoriedades, pluralização de corpos e identidades. Foram lidos também textos da história do teatro universal que tratam de travestismos e de personagens que trocam de sexo; conversas com dramaturgos contemporâneos que trouxeram propostas de enredos e roteiros, além da investigação de campo sobre a experiência de transgêneros, travestis, intersexos, hermafroditas e militantes da causa LGBTS e dos direitos humanos.

 

Maria que Virou Jonas ou a Força da Imaginação é a recriação teatral do caso de Germain Garnier, jovem habitante da cidade de Vitry, na França do século XVI, que até os 15 anos viveu como Marie, mudou sua identidade e passou a ser aceito socialmente como homem, em decorrência da saída do membro masculino de seu ventre, após o esforço de abrir as pernas ao saltar uma vala.

O processo de criação do espetáculo deu origem ao texto dramatúrgico escrito especialmente por Cassio Pires em parceria com a Cia. Livre. Em jogo de metateatro os atores Lúcia Romano e Edgar Castro vivem, respectivamente, Neo Maria e Jonas Couto, personagens-atores transexuais que estão montando a peça A Força da Imaginação. Através das histórias de Ele e Ela (personagens da peça de Cássio, que a cada sessão se revezam nos papéis de acordo com a escolha do público) justapostas às de Maria e Jonas, são trazidos à tona os conflitos do discurso hegemônico sobre identidade e diferença, bem como os limites entre representação, fantasia, teatralidade, aparência e verdade.

 

“A peça de Cássio Pires apresenta um jogo de transformação muito claro, mesmo abordando o problema complexo das identidades. Ao lado dela e dialogando com a narrativa, criamos cenas de camarim que levantam questões contemporâneas sobre a experiência de homens e mulheres em torno do gênero e sexo”, explica Edgar Castro.

 

Para os integrantes da Cia. Livre, “o emprego de um texto filosófico como disparador da montagem oferece para o teatro outras textualidades, diversas do modelo tradicional dramático, tais como a narrativa épica e a voz lírica. Cássio Pires, em parceria com a Cia. Livre, torna esta versão da história de Marie-Germain polifônica, posicionando a disputa de pontos de vista como gênese da discussão e ressaltando ora o cômico, ora o trágico, sempre combinando o prosaico e o poético, o ridículo e o grandioso”.

 

Lúcia Romano destaca que “a Cia. Livre parte do entendimento de que não existe alinhamento entre gênero, identidade, opção sexual e comportamento sexual. Esse alinhamento não deveria ser tomado como natural.” Cibele Forjaz completa: “Eu posso ser uma mulher que escolhe ser ou viver como homem e que namora uma mulher. Ou um homem. E essa é uma mudança social e cultural que precisa ser tratada pelo teatro, onde a questão da representação é central”.

 

 

Cia. Livre - 15 anos e 10 peças

 

Cia. Livre formou-se em 2000, com os espetáculos Toda Nudez Será Castigada e Os 7 Gatinhos, de Nelson Rodrigues. Trabalha com temas ligados à brasilidade e à formação cultural brasileira desde 2004, quando ocupou o Teatro de Arena de São Paulo, com os projetos Arena Conta Arena 50 Anos Arena Conta Danton (Prêmio Mambembe/2004 e Prêmio Shell Especial/2004).

 

Em 2006, com o projeto de pesquisa Mitos de Morte e Renascimento: Povos Ameríndios montou os espetáculos Vem Vai – O Caminho dos Mortos (2007/2009), com dramaturgia de Newton Moreno (Prêmio Shell de direção e atriz); e Raptada Pelo Raio (2009/2010), com dramaturgia de Pedro Cesarino. Estreou em 2012 A Travessia da Calunga Grande, com dramaturgia de Gabriela Amaral Almeida em parceria com a Cia. Livre e direção de Cibele Forjaz.

 

No início de 2014, a Cia. Livre revisitou os mitos dos povos ameríndios em versão atualizada do mito marubo, que conta sobre um homem inconformado com a perda da mulher, raptada por um raio – na peça Cia. Livre canta Kaná Kawã. A montagem teve dramaturgia de Pedro Cesarino e direção de Cibele Forjaz.

 

O grupo de Cibele Forjaz, Lúcia Romano e Edgar Castro é um dos 22 que recebeu certificado de patrimônio imaterial da cidade de São Paulo.

 

Ficha Técnica

Dramaturgia: Cássio Pires

Direção: Cibele Forjaz

Atores-criadores: Edgar Castro e Lúcia Romano

Direção de Movimento: Lu Favoreto

Cenografia: Márcio Medina

Figurinos: Fabio Namatame

Luz: Cibele Forjaz e Rafael Souza Lopes

Direção Musical: Lincoln Antonio

Sonoplastia: Pepê Mata Machado

Treinamento Vocal para Canto: Ná Ozzetti

Produção: Cia. Livre e Centro de Empreendimentos Artísticos Barca

 

Serviço

Maria que Virou Jonas ou A Força da Imaginação

Dias 7, 8, 9, 15,16 e 17 de dezembro

Seg, ter, qua e ter, qua e quinta, sempre às 20h

Grátis

Oficina Cultural Oswald de Andrade

Rua Três Rios, 363 - Bom Retiro - Cep: 01123-001 - São Paulo - SP
Telefone:  (11) 3222-2662 / 3221-4704/

Funcionamento: Segunda a sexta das 9h às 22h e aos sábados das 13h às 21h
Inscrições: Segunda a sexta das 10h às 19h e aos sábados das 13h às 19h

(80 lugares – acesso para pessoas com deficiência)

50 lugares

Duração: 1h45.

Não recomendado para menores de 16 anos.

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