Tem final de semana de apresentações no Pequeno Ato em dezembro
Suspense permeia adaptação premiada de Pedro Granato para texto inédito de Bertolt Brecht. Apenas 3 sessões dias 4, 5 e 6 de dezembro.
O espetáculo QUANTO CUSTA?, montagem do diretor Pedro Granato para os textos Quanto Custa o Ferro e Dansen, do dramaturgo, poeta e encenador alemão Bertolt Brecht (1898-1956) volta em cartaz em três sessões nos dias 4, 5 e 6 de dezembro, no Pequeno Ato.
O espetáculo é uma adaptação de dois textos complementares de Bertolt Brecht, inéditos no Brasil. Com direção e concepção de Pedro Granato (diretor de Il Viaggio, sobre roteiro de Federico Fellini, e Navalha Na Carne, sobre texto de Plínio Marcos), o elenco reúne experientes atores ligados ao teatro de grupo: Paulo Federal (do Jogando no Quintal), Pedro Felício (do Ivo 60) e Ernani Sanchez (do Jogando no Quintal e IVO 60).
QUANTO CUSTA? foi premiado como Melhor Espetáculo em Espaço Convencional no Prêmio da Cooperativa Paulista de Teatro e acaba de cumprir circulação pelo interior do Estado de São Paulo após ser contemplado pelo PROAC – Circulação. O espetáculo cumpriu temporadas lotadas e elogiadas pela crítica no Centro Cultural Banco do Brasil de São Paulo e Brasília.
O cotidiano de três comerciantes, vizinhos que convivem harmoniosamente em uma pequena rua, é interrompido pela notícia de um cruel assassinato. A morte se deu no entorno das lojas e o principal suspeito é um empresário forasteiro, que propõe contratos de sociedade com os três: O açougueiro Dansen, o vendedor de ferro Svenson e a jornaleira Sra. Norsen.
Percebendo que estes contratos podem levar a novos assassinatos, os vizinhos criam uma relação de intriga, suspeita e tensão que dá o tom do enredo. “A intrincada trama de assassinatos, dúvidas, traições e interesses comerciais serve de pano de fundo para retratar e questionar os valores da sociedade contemporânea, por meio do suspense ininterrupto”, afirma o diretor Pedro Granato.
“Durante a peça o público fica na expectativa sobre o que vai acontecer”, afirma Granato. “Abordamos esta violência do comércio. Os negociantes muitas vezes pensam que se estiverem ganhando podem fazer coisas absolutamente injustas e absurdas.”
A montagem propõe inovações estéticas ao mesmo tempo em que se mantém fiel aos preceitos dramatúrgicos de Bertolt Brecht, um dos pensadores de teatro mais influentes do século 20 – responsável pela criação de uma dramaturgia própria, em que política, reflexão e entretenimento se misturam, a música é trazida para o centro da cena e a separação entre palco e plateia é rompida.
Unindo a dramaturgia própria de Brecht a referências estéticas cinematográficas que vão do cinema do diretor americano Quentin Tarantino a filmes como Dogville, de Lars Von Trier; O Iluminado, de Stanley Kubrick; Delicatessen, de Jean-Pierre Jeunet, e o documentário canadense The Corporation (A Corporação), de Mark Achbar e Jennifer Abbott, a montagem propõe um novo olhar sobre o texto.
“Brecht teve uma influência grande na forma de fazer teatro no mundo, porque seus textos fazem críticas sobre os problemas da sociedade. Estudei suas peças e descobri que duas delas tinham características muito interessantes, bastante sombrias. Elas contavam a mesma história, mas com dois pontos de vista diferentes. Gostei e tive vontade de explorar esse tom soturno”, explica Granato.
O texto original servia como uma parábola irônica para o contexto da segunda guerra mundial. Nossa montagem se concentra no tom soturno dos personagens e nas mazelas e mecanismos da lógica mercantil. Buscamos conferir um peso que é específico e atual ao mesmo tempo a esse texto, comenta Pedro.
A trilha sonora e narração são assinadas por Rafael Castro, expoente de uma nova geração de compositores. A direção de arte de Marinês Mencio cria uma atmosfera de tom fantástico: sombria e rica em detalhes. Fugindo do realismo, o trabalho esmiuçado de atuação se soma à inventividade do cenário e figurino, que mescla as lojas aos comerciantes, cada um caracterizado com um tipo diferente de material. A iluminação cria jogos de luz e sombra, instaurando o suspense das situações.
“A montagem trabalha uma característica muito brechtiana, a fábula. Ainda que estejamos falando de uma rua de comércio e da vida de comerciantes, essa questão se situa em um ambiente fantástico. Os três comerciantes estão fundidos à lógica das suas profissões - o que é extremamente presente na sociedade contemporânea”, completa Pedro.
FICHA TÉCNICA
Quanto Custa?
Texto: Bertolt Brecht
Tradução: Christine Röhrig e Marcos Americo Renaux
Adaptação e Direção: Pedro Granato
Assistente de Direção: Diego Dac
Elenco: Ernani Sanchez, Paulo Federal e Pedro Felício
Direção de Arte: Marinês Mencio
Iluminação: Uirá Freitas.
Trilha Sonora Original: Rafael Castro
Direção de Produção: Carla Estefan
Assistente de Produção: Nuno Carvalho
Operação de Luz: Vinicius Andrade
Operação de Som: Edson Luna
Cenotécnicos: Bygdin e Edson Luna
Fotos: Ding Musa.
Design Gráfico: Anna Turra
Vídeo: Beto de Faria
Gênero: Suspense
Duração: 60 minutos
Recomendação etária: a partir de 12 anos
Serviço:
Quanto Custa? – Dias 4, 5 e 6 de dezembro no Teatro Pequeno Ato.
Temporada: Sexta e sábado às 21h e domingo às 20h. Ingressos: R$30 e R$15.
Capacidade: 30 lugares.
TEATRO PEQUENO ATO - Rua Doutor Teodoro Baima, 78, Consolação. Telefone - 99642-8350. A bilheteria abre uma hora antes do espetáculo. Aceita cartão. Estacionamento ao lado. Ingressos antecipados em: http://www.sympla.com.br/pequenoato
SINOPSE
Em uma rua de comércio, três vizinhos convivem em harmonia: o vendedor de porcos Dansen, a jornaleira Sra. Norsen e o comerciante de ferro Svenson. Tudo se transforma quando recebem a notícia de um cruel assassinato. Eles passam então a receber a visita de um estranho cliente. Ele propõe acordos e contratos de negócios com todos. A violência torna-se cada vez mais presente e próxima, mas os vendedores, não fazem nada a respeito até que seja tarde demais.
Sobre o diretor
Diretor formado em Cinema e Vídeo pela ECA-USP. Participou do Directors LAB no Lincoln Center em Nova Iorque em 2014.
Dirigiu as peças: “Até que deus é um ventilador de teto” de Hugo Possolo com estreia no SESC Pompeia, “Fortes Batidas” que também escreveu com estreia no Centro Cultural São Paulo, “Submarino” texto de Leo Moreira para o Projeto Conexões que une instituições brasileiras e inglesas,“As Lágrimas Quentes de Amor que Só meu Secador Sabe Enxugar” que escreveu em parceria com Paula Cohen e estreou no SESC Ipiranga,"IL Viaggio" texto de Marcelo Rubens Paiva a partir de roteiro inédito de Federico Fellini com estreia no SESC Bom Retiro, "Navalha na Carne" texto de Plínio Marcos com estreia no SESC Paulista e nova versão no Teatro da Caixa Cultural no Rio de Janeiro, "Criminal" texto de Javier Daulte com estreia no SESC Pinheiros, “Sonho de Uma Noite de Verão” adaptação para o Parque Villa-Lobos com a Cia. do Novelo e recentemente “Você não está aqui.” que escreveu com o ilusionista Ricardo Malerbi no MIS – Museu da Imagem e do Som.
Durante 12 anos dirigiu o IVO 60, grupo contemplado 5 vezes pelo Programa Municipal de Fomento ao Teatro criando 5 espetáculos que circularam por todo o país.
Sua trajetória é multidisciplinar: dirigiu curtas, compôs música para a trilha do filme José e Pilar, lançou o disco Berlam e Banda Larga, teve programa no portal IG por dois anos. É professor de interpretação na Escola Superior de Artes Célia Helena, presidente do MOTIN – Movimento dos Teatros Independentes de São Paulo e dirige e administra o teatro Pequeno Ato em São Paulo.