Cultura - Teatro

Espetáculo Quanto Custa?

28 de Novembro de 2015

Tem final de semana de apresentações no Pequeno Ato em dezembro

Suspense permeia adaptação premiada de Pedro Granato para texto inédito de Bertolt Brecht. Apenas 3 sessões dias 4, 5 e 6 de dezembro.

 

O espetáculo QUANTO CUSTA?, montagem do diretor Pedro Granato para os textos Quanto Custa o Ferro e Dansen, do dramaturgo, poeta e encenador alemão Bertolt Brecht (1898-1956) volta em cartaz em três sessões nos dias 4, 5 e 6 de dezembro, no Pequeno Ato.

O espetáculo é uma adaptação de dois textos complementares de Bertolt Brecht, inéditos no Brasil. Com direção e concepção de Pedro Granato (diretor de Il Viaggio, sobre roteiro de Federico Fellini, e Navalha Na Carne, sobre texto de Plínio Marcos), o elenco reúne experientes atores ligados ao teatro de grupo: Paulo Federal (do Jogando no Quintal), Pedro Felício (do Ivo 60) e Ernani Sanchez (do Jogando no Quintal e IVO 60).

QUANTO CUSTA? foi premiado como Melhor Espetáculo em Espaço Convencional no Prêmio da Cooperativa Paulista de Teatro e acaba de cumprir circulação pelo interior do Estado de São Paulo após ser contemplado pelo PROAC – Circulação. O espetáculo cumpriu temporadas lotadas e elogiadas pela crítica no Centro Cultural Banco do Brasil de São Paulo e Brasília.

O cotidiano de três comerciantes, vizinhos que convivem harmoniosamente em uma pequena rua, é interrompido pela notícia de um cruel assassinato. A morte se deu no entorno das lojas e o principal suspeito é um empresário forasteiro, que propõe contratos de sociedade com os três: O açougueiro Dansen, o vendedor de ferro Svenson e a jornaleira Sra. Norsen.

Percebendo que estes contratos podem levar a novos assassinatos, os vizinhos criam uma relação de intriga, suspeita e tensão que dá o tom do enredo. “A intrincada trama de assassinatos, dúvidas, traições e interesses comerciais serve de pano de fundo para retratar e questionar os valores da sociedade contemporânea, por meio do suspense ininterrupto”, afirma o diretor Pedro Granato.

 

“Durante a peça o público fica na expectativa sobre o que vai acontecer”, afirma Granato. “Abordamos esta violência do comércio. Os negociantes muitas vezes pensam que se estiverem ganhando podem fazer coisas absolutamente injustas e absurdas.”

 

A montagem propõe inovações estéticas ao mesmo tempo em que se mantém fiel aos preceitos dramatúrgicos de Bertolt Brecht, um dos pensadores de teatro mais influentes do século 20 – responsável pela criação de uma dramaturgia própria, em que política, reflexão e entretenimento se misturam, a música é trazida para o centro da cena e a separação entre palco e plateia é rompida.

 

Unindo a dramaturgia própria de Brecht a referências estéticas cinematográficas que vão do cinema do diretor americano Quentin Tarantino a filmes como Dogville, de Lars Von Trier; O Iluminado, de Stanley Kubrick; Delicatessen, de Jean-Pierre Jeunet, e o documentário canadense The Corporation (A Corporação), de Mark Achbar e Jennifer Abbott, a montagem propõe um novo olhar sobre o texto.

 

“Brecht teve uma influência grande na forma de fazer teatro no mundo, porque seus textos fazem críticas sobre os problemas da sociedade. Estudei suas peças e descobri que duas delas tinham características muito interessantes, bastante sombrias. Elas contavam a mesma história, mas com dois pontos de vista diferentes. Gostei e tive vontade de explorar esse tom soturno”, explica Granato.

 

O texto original servia como uma parábola irônica para o contexto da segunda guerra mundial. Nossa montagem se concentra no tom soturno dos personagens e nas mazelas e mecanismos da lógica mercantil. Buscamos conferir um peso que é específico e atual ao mesmo tempo a esse texto, comenta Pedro.

                                                                                                                                                  

A trilha sonora e narração são assinadas por Rafael Castro, expoente de uma nova geração de compositores. A direção de arte de Marinês Mencio cria uma atmosfera de tom fantástico: sombria e rica em detalhes. Fugindo do realismo, o trabalho esmiuçado de atuação se soma à inventividade do cenário e figurino, que mescla as lojas aos comerciantes, cada um caracterizado com um tipo diferente de material. A iluminação cria jogos de luz e sombra, instaurando o suspense das situações.

 

“A montagem trabalha uma característica muito brechtiana, a fábula. Ainda que estejamos falando de uma rua de comércio e da vida de comerciantes, essa questão se situa em um ambiente fantástico. Os três comerciantes estão fundidos à lógica das suas profissões - o que é extremamente presente na sociedade contemporânea”, completa Pedro.

 

FICHA TÉCNICA

Quanto Custa?

Texto: Bertolt Brecht

Tradução: Christine Röhrig e Marcos Americo Renaux

Adaptação e  Direção: Pedro Granato

Assistente de Direção: Diego Dac

Elenco: Ernani Sanchez, Paulo Federal e Pedro Felício

Direção de Arte: Marinês Mencio

Iluminação: Uirá Freitas.

Trilha Sonora Original: Rafael Castro

Direção de Produção: Carla Estefan

Assistente de Produção: Nuno Carvalho

Operação de Luz: Vinicius Andrade

Operação de Som: Edson Luna

Cenotécnicos: Bygdin e Edson Luna

Fotos: Ding Musa.

Design Gráfico: Anna Turra

Vídeo: Beto de Faria

Gênero: Suspense

Duração: 60 minutos

Recomendação etária: a partir de 12 anos

 

Serviço:

Quanto Custa? – Dias 4, 5 e 6 de dezembro no Teatro Pequeno Ato.

Temporada: Sexta e sábado às 21h e domingo às 20h. Ingressos: R$30 e R$15.

Capacidade: 30 lugares.

 

TEATRO PEQUENO ATO - Rua Doutor Teodoro Baima, 78, Consolação. Telefone - 99642-8350. A bilheteria abre uma hora antes do espetáculo. Aceita cartão. Estacionamento ao lado. Ingressos antecipados em: http://www.sympla.com.br/pequenoato

SINOPSE

Em uma rua de comércio, três vizinhos convivem em harmonia: o vendedor de porcos Dansen, a jornaleira Sra. Norsen e o comerciante de ferro Svenson. Tudo se transforma quando recebem a notícia de um cruel assassinato. Eles passam então a receber a visita de um estranho cliente. Ele propõe acordos e contratos de negócios com todos. A violência torna-se cada vez mais presente e próxima, mas os vendedores, não fazem nada a respeito até que seja tarde demais.

 

Sobre o diretor

Diretor formado em Cinema e Vídeo pela ECA-USP. Participou do Directors LAB no Lincoln Center em Nova Iorque em 2014.

 

Dirigiu as peças: “Até que deus é um ventilador de teto” de Hugo Possolo com estreia no SESC Pompeia, “Fortes Batidas” que também escreveu com estreia no Centro Cultural São Paulo, “Submarino” texto de Leo Moreira para o Projeto Conexões que une instituições brasileiras e inglesas,“As Lágrimas Quentes de Amor que Só meu Secador Sabe Enxugar” que escreveu em parceria com Paula Cohen e estreou no SESC Ipiranga,"IL Viaggio" texto de Marcelo Rubens Paiva a partir de roteiro inédito de Federico Fellini com estreia no SESC Bom Retiro, "Navalha na Carne" texto de Plínio Marcos com estreia no SESC Paulista e nova versão no Teatro da Caixa Cultural no Rio de Janeiro, "Criminal" texto de Javier Daulte com estreia no SESC Pinheiros, “Sonho de Uma Noite de Verão” adaptação para o Parque Villa-Lobos com a Cia. do Novelo e recentemente “Você não está aqui.” que escreveu com o ilusionista Ricardo Malerbi no MIS – Museu da Imagem e do Som.

 

Durante 12 anos dirigiu o IVO 60, grupo contemplado 5 vezes pelo Programa Municipal de Fomento ao Teatro criando 5 espetáculos que circularam por todo o país.

 

Sua trajetória é multidisciplinar: dirigiu curtas, compôs música para a trilha do filme José e Pilar, lançou o disco Berlam e Banda Larga, teve programa no portal IG por dois anos. É professor de interpretação na Escola Superior de Artes Célia Helena, presidente do MOTIN – Movimento dos Teatros Independentes de São Paulo e dirige e administra o teatro Pequeno Ato em São Paulo.

 

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