Cultura - Teatro

ESPETÁCULO AO PÉ DO OUVIDO REESTREIA NO TEATRO DO NÚCLEO EXPERIMENTAL

26 de Outubro de 2015

 

Em formato de audiopeça montagem conta a história de sete migrantes nordestinos que cruzaram o país para viver em São Paulo. Com direção de Zé Henrique de Paula, peça conta com sete atores no elenco

O espetáculo AO PÉ DO OUVIDO reestreia dia 27 de outubro, terça-feira, às 21h, no TEATRO DO NÚCLEO EXPERIMENTAL. Peça conta a história de sete migrantes nordestinos que cruzaram o país para viver em São Paulo. Com direção de Zé Henrique de Paula, montagem explora o formato da audiopeça, em que a dramaturgia surge a partir da costura de entrevistas gravadas com pessoais reais e a encenação consiste na interpretação fiel dos seus depoimentos

 

AO PÉ DO OUVIDO apresenta as histórias de sete pessoas que saíram de suas terras natais, na região Nordeste, e migraram para a cidade de São Paulo em busca de melhores oportunidades. Em cena, sete atores ouvem os depoimentos reais dessas pessoas – a babá, o porteiro, o pescador, a costureira, o pedreiro, o médico e a atriz – e os interpretam, reconstituindo suas visões de vida. A rotatividade dos atores – que podem receber um áudio diferente a cada sessão – faz com que toda nova apresentação seja única.

 

O diretor Zé Henrique de Paula explora na montagem uma variante da técnica do verbatim, popular em Londres, na Inglaterra, na qual a dramaturgia surge a partir da costura de entrevistas gravadas. Os atores dão play em seus celulares e, enquanto escutam o áudio dos entrevistados em seus fones de ouvido, buscam atingir o máximo grau de autenticidade dos depoimentos na atuação. Sintetizada por Zé Henrique sob o conceito de “audiopeça”, a técnica carrega a supra-realidade para dentro do espetáculo:

 

“Existe personagem, mas não existe construção de personagem, porque o que interessa é o ator ouvir o depoimento em seu fone e reproduzi-lo fielmente, com toda a musicalidade e o sotaque original, com os pequenos sons, tosses, suspiros e pausas para respirar”, explica o diretor. Para a construção da dramaturgia foram ouvidos Silvana, Maria, Renata, José, Antonio, Francenildo e Francisco, migrantes vindos da Bahia, Pernambuco, Paraíba, Ceará, Rio Grande do Norte e Maranhão.

 

Montagem tem trilha original de Fernanda Maia, preparação de atores de Inês Aranha, assistência de direção de Fabio Redkowicz, iluminação de Fran Barros, cenografia de Zé Henrique de Paula, figurinos de Cy Teixeira, produção de Claudia Miranda, assistência de produção de Louise Bonassi e Realização do Núcleo Experimental.

 

Audiopeça e o verbatim

A audiopeça é uma forma teatral em que o texto usado pelos atores é construído a partir das palavras exatas ditas por um ou mais entrevistados, a respeito de um determinado fato ou assunto. O objetivo é atingir um grau de fidelidade e autenticidade que se aproximem ao máximo da natureza dos testemunhos originais – os atores, nesse caso, funcionam como veiculadores (quase como uma mídia) das palavras, ao invés de criarem personagens numa estrutura convencional. Em alguns países, a palavra verbatim é utilizada para designar essa modalidade de teatro, tomando emprestada a famosa marca de fitas cassete, muito popular nos anos 1970 e 80.

 

Zé Henrique de Paula: Bacharel em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade Mackenzie e pós-graduado em Artes Cênicas pela Escola de Comunicação e Artes da USP. Foi assistente do cenógrafo J.C. Serroni em Nova Velha Estória e Trono de Sangue. Dirigiu A Comédia dos Erros, Judas em Sábado de Aleluia, É 20! As Folias do Século, Revelação, Noite de Reis, Naked Boys Singing, O Despertar da Primavera, R&J, Mojo, Side Man, Novelo, além das peças do repertório do Núcleo Experimental: Senhora dos Afogados, Cândida, As Troianas – Vozes da Guerra, O Livro dos Monstros Guardados, Casa/Cabul, O Contrato e Bichado. Atuou em O Jovem Hamlet, A Comédia dos Erros, É 20! As Folias do Século, Mojo, Camaradagem e Amargo Siciliano. Indicado ao Prêmio Shell em 2009 e 2010, como Melhor Diretor, por As Troianas – Vozes da Guerra e Side Man, respectivamente e em 2012 como Melhor Cenógrafo por Bichado e Melhor Figurinista por L'Illustre Molière. Foi indicado ao Prêmio APCA de Melhor Diretor em 2013 por Nossa Classe e em 2014 por Antes de Mais Nada e Preto no Branco. Sua última montagem, a comédia musical Urinal, O Musical, dos americanos Greg Kotis e Mark Hollmann, recebeu 17 indicações a prêmios, entre eles o Shell e APCA e ganhou dois Prêmio Bibi Ferreira, de melhor ator coadjuvante e melhor atriz.

 

Núcleo Experimental: O Núcleo Experimental é um grupo de artistas que se dedica a explorar novos autores e repensar os clássicos. Focando na busca de excelência artística, na formação e aperfeiçoamento de seus atores e na opção por textos que dialoguem com a sociedade contemporânea, uma de suas vertentes é, também, explorar a relação entre a música e o teatro. A vitalidade dos processos de criação é resultado do intercâmbio e maturação da equipe por meio do trabalho com profissionais de formação heterogênea. Além da equipe estável, vários profissionais da cena paulistana participam das montagens. Uma das características que justificam a existência de um grupo é a atividade contínua e rotineira de pesquisa de linguagem. Um repertório só pode ser resultado desta continuidade. Foram 11 peças produzidas, 14 indicações a prêmios e um público direto de mais de 90.000 espectadores. A política de repertório permite ainda ao Núcleo Experimental contar hoje com 55 atores e 14 técnicos.

Para Roteiro

AO PÉ DO OUVIDO – Reestreia dia 27 de outubro de 2015, terça-feira, às 21h. Dramaturgia: Herbert Bianchi, Rita Batata e Zé Henrique de Paula. Direção: Zé Henrique de Paula. Com a Cia Núcleo Experimental. Elenco: Bruna Thedy, Cy Teixeira, Fábio Redkowicz, Fernanda Maia,Herbert Bianchi, Hugo Picchi, Laerte Késsimos, Rita Batata, Rodrigo Caetano e montagem de audio: Herbert Bianchi. Violão: Leonardo Batista. Duração: 80 minutos. Recomendação: 10 anos. Ingressos: R$ 30,00 (inteira) e R$15,00 (meia). Terças, quartas e quintas, às 21h. Até 10 de dezembro.

 

TEATRO DO NÚCLEO EXPERIMENTAL – Rua Barra Funda, 637 - Barra Funda, tel: 3259-0898. Capacidade 56 lugares. Bilheteria funciona somente em dias de espetáculo, 1 hora antes do início da sessão. Aceita cartões Mastercard e Visa. Acesso para pessoas com deficiência. Ar Condicionado. Estacionamento na frente do teatro (não conveniado). Café no hall do teatro. Vendas também pelo site Compreingressos

 

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