Colunistas - Rodolfo Bonventti

Era uma vez na TV: O clã Cartwright e o dr. Kildare roubavam a cena na nossa TV

27 de Julho de 2011

No início dos anos 1960, quando a TV já pensava em novela diária e em oferecer uma linha de shows e de humorísticos forte, as famílias brasileiras se reuniam após o jantar para viver histórias e torcer por personagens que não tinham nada a ver com o seu dia a dia.

A TV Tupi foi uma das primeiras a comprar seriados americanos e a dar a eles um espaço no horário nobre. Com a concorrência da TV Record e da TV Excelsior, que também foram buscar no mercado americano vários outros seriados clássicos, nossa TV se viu invadida, nos anos 60, por uma dramaturgia que nada tinha a ver com o Brasil.

A torcida pela Família Cartwright - um velho viúvo solitário e três filhos homens que comandavam uma fazenda no Texas, a Ponderosa, dominava as noites de sábado na TV Tupi. O seriado se chamava "Bonanza" e é hoje um clássico do bang-bang americano e o segundo seriado mais longo da história da TV norte-americana, com 430 episódios em 13 temporadas.


Lorne Greene era o chefe do clã, em Bonanza

Mas se você não simpatizasse muito com os Cartwright, podia torcer pelo agente Matt Dillon, o homem que tinha a missão de manter a lei e a ordem da cidade de Dodge City, no seriado "Gunsmoke", o mais longo dos seriados, que ficou por vinte anos no ar nos Estados Unidos. No Brasil, foi a TV Record que trouxe o seriado para o horário nobre, na década de 1960.

Mas havia ainda uma terceira opção de faroeste, esta na TV Excelsior, todas as terças-feiras, às 21h30. Era "Laramie", um rancho onde viviam dois garotos, abandonados após o pai ser assassinado por foras da lei. Vocês perceberam que os personagens femininos, nessa época, não tinham a menor importância nos seriados americanos?

Mas as donas de casa não precisavam ficar tristes por tanto bang-bang no horário nobre. Eram principalmente elas que se derretiam e choravam, com os dramas vividos pelos pacientes de um grande hospital americano e, principalmente, com a paciência e os conhecimentos do "Dr. Kildare", um jovem médico residente que sempre salvava todos do perigo, das doenças e da morte. Vivido pelo ator Richard Chamberlain, o personagem foi sucesso absoluto nas noites de domingo na TV Excelsior, sempre pontualmente às 20h.


Richard Chamberlain era o Dr. Kildare

E essa invasão não parava por aí. Ainda tinha "As Aventuras de Rin Tin Tin"; o célebre "Bat Masterson"; "Os Intocáveis"; o humor escrachado de "I Love Lucy"; a comédia familiar "Papai Sabe Tudo" e o drama de um homem condenado por matar a própria esposa e que se tornava um eterno "O Fugitivo",

Foram seriados de grande sucesso nos Estados Unidos, mas que tiveram, no Brasil, talvez o seu segundo maior público, em termos de audiência e de fidelidade aos inúmeros capítulos ou temporadas que foram exibidos.

Ainda bem que as novelas diárias surgiram já em 1963, pois nós corremos o risco de não conseguir competir com tamanha produção de enlatados americanos, desde aquela época, no nosso horário nobre.

E, na próxima semana, o Prêmio Roquete Pinto ganhava um concorrente de peso.

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