Cultura - Teatro

Peça teatral única de Milan Kundera ganha encenação de Roberto Lage no CCBB SP

13 de Outubro de 2015

A comédia clássica Jacques e Seu Amo, única peça teatral do autor de A Insustentável Leveza do Ser, o tcheco Milan Kundera, ganha montagem brasileira pelas mãos do diretorRoberto Lage. A estreia acontece no dia 9 de outubro, sexta-feira, no Centro Cultural Banco do Brasil São Paulo, onde fica em cartaz até o dia 13 de dezembro.

No enredo, dois homens - amo e seu criado - estão numa viagem a pé para um destino que só é revelado no final. Eles vão rememorando suas aventuras e desventuras amorosas, descritas de tal forma que, atualmente, poderiam ser consideradas politicamente incorretas. A ação se passa no século XVIII, porém não há nenhum rigor quanto à época ou estilo da comédia.

 

O elenco é formado pelos atores Hugo PossoloEdgar BustamanteRenata ZhanetaAndo CamargoGreta AntoineAngelo Brandini e Felipe Ramos. Sendo esta a primeira vez que o “parlapatão” Possolo é dirigido por Roberto Lage. A ficha técnica tem Fabio Namatame no figurino, Kleber Montanheiro no cenário, Wagner Freire na iluminação e Dr Morris na trilha sonora.

 

Este é um projeto do diretor Roberto Lage que vem, há mais de 50 anos, criando, produzindo e encenando espetáculos, ininterruptamente. Para ele, “talvez esta seja a mais revolucionária das obras de Kundera”. Baseada emJaques, Le Fataliste, de Denis Diderot, este é, para o autor, um romance que desafia todas as regras de composição do ponto de vista de um "romance-jogo", e que busca uma liberdade formal estranha ao seu tempo, mas herdeira da consagrada tradição da comédia clássica ocidental, pós Idade Média, onde as mazelas do homem, com todas as suas idiossincrasias, estão presentes. Escrita em 1971, o diretor tomou conhecimento da peça nos anos 80 e, desde então, alimentava o desejo de montá-la. “Gosto muito da sua dramaturgia, da reflexão sobre o comportamento hipócrita do homem na sociedade”, comenta.

 

Em Jacques e Seu Amo a ação é constantemente interrompida e se passa em dois tempos (passado e presente) que várias vezes se misturam. Os personagens também criticam a “mediocridade” do autor, entram nos papéis uns dos outros e comentam a peça. O texto é estruturado em três tragicomédias amorosas, no fatalismo determinista de Jacques e no erotismo. As histórias ocorrem simultaneamente e prendem a atenção do espectador pelo dinamismo com que os personagens as narram e vivenciam, pelos diálogos cruzados que culminam sempre em um comportamento hipócrita que atravessa as duas classes sociais. O criado Jacques conta como foi que perdeu a virgindade; o fidalgo lembra a traição da amada com seu melhor amigo; e a Taberneira conta a história de uma Duquesa vingativa que ilude seu amante e o leva a se casar com uma prostituta. Tudo é apresentado com humor clássico, sem nenhum rigor, onde os estilos se misturam.

 

Sobre Jacques e Seu Amo ser a única peça de Milan Kundera, Roberto Lage conta que na época da ocupação soviética na Tchecoslováquia, o escritor foi convidado para criar uma versão para obra do russo Dostoiévski, mas se recusou. Foi quando propôs que a história fosse Jaques, Le Fataliste, justamente pelo seu teor crítico. “O Jaques de Kundera quebra as regras da sociedade em que se passa a ação, onde as pessoas não tinham a possibilidade de alterar seu status social”. Lage ainda finaliza: “em tempos modernos é delicioso trabalhar com um texto politicamente incorreto, um texto humanamente e naturalmente incorreto”.

 

Ficha técnica

 

Espetáculo: Jacques e Seu Amo

Texto: Milan Kundera

Tradução: Aline Meyer

Direção: Roberto Lage

Assistência de direção: Juliana Garavatti

Elenco: Hugo Possolo (Jacques), Edgar Bustamante (Amo), Renata Zhaneta (Taberneira / Marquesa), Ando Camargo (Saint-Ouen / Bigre Pai), Greta Antoine (Justine / Filha), Angelo Brandini (Bigre Filho / Comissário) e Felipe Ramos (Marquês).

Figurinos: Fabio Namatame

Cenografia e adereços: Kleber Montanheiro

Iluminação: Wagner Freire

Trilha sonora: Dr Morris

Fotos: João Caldas

Projeto gráfico: Heron Medeiros

Vídeos: J. P. Rezek e Graziela Barduco

Direção de produção: Maurício Inafre

Produtor executivo: Regilson Feliciano

Assistência de produção: Jô Nascimento

Assessoria de imprensa: Eliane Verbena

 

 

Serviço

 

Temporada: 9 de outubro a 13 de dezembro

Centro Cultural Banco do Brasil

Rua Álvares Penteado, 112. Centro/SP. Tel: (11) 3113.3651/52 - Metrô Sé e São Bento

Horários: quinta a sábado (às 20h) e domingo (19h)

Ingressos: R$ 10,00 (meia R$ 5,00) - Bilheteria: das 9 às 21h, de quarta a segunda.

Gênero: Comédia clássica. Duração: 90 min. Classificação: 14 anos

Capacidade: 130 lugares. Ar condicionado. Loja. Café Cafezal.

Acesso e facilidades p/ pessoas com deficiência física.

Ingresso pela Internet: www.ingressorapido.com.br

 

Estacionamento conveniado: Estapar (R. Santo Amaro, 272) - R$ 15,00 pelo período de 5h (necessário validar o ticket na bilheteria do CCBB).

Transporte grátis até as proximidades do CCBB: embarque e desembarque na R. Santo Amaro, 272, e na R. da Quitanda, próximo ao CCBB. No trajeto de volta, tem parada no Metrô República.

 

www.bb.com.br/cultura / www.twitter.com/ccbb_sp / www.facebook.com/ccbbsp

 

Comentários
Assista ao vídeo