No espetáculo, escrito e dirigido por Ronaldo Fernandes, os atores Alex Felix, Ana Paula Silva, Karla Lacerda,Marco França e Pedro Norato “mergulham” nas telas, tablets e teclados para percorrer um dia na vida de Dino, Teresa, Nuno, Paty e Érico, pessoas comuns, mas que são reféns das relações cotidianas. A peça mostra os encontros e desencontros criados a partir de uma vida paralela, vivida com pseudônimos, com os personagens que vivem ora no mundo on-line, ora no off-line.
“Para questionar até que ponto a realidade virtual facilita ou distorce os desejos mais íntimos das pessoas, a peça mostra indivíduos que deixam de ser aquilo que verdadeiramente são e tentam se encontrar por meio de uma realidade virtual, que ao invés de aproximar causa distanciamento, a solidão”, analisa o autor e diretor, Ronaldo Fernandes. Ele acrescenta ainda que “no fim, todos tentam ser felizes dentro de sua natureza e sem nunca ter medo de que estaríamos vivendo o fim do futuro. Desejos estão aí pra serem vividos. Mas será que o mundo virtual é o melhor espaço pra vivermos tudo isso?”.
Concepção e Montagem – Ao criar o espetáculo, o autor propõe ao público a reflexão de que, cada vez mais, utiliza-se a vida virtual como meio para se escapar de experiências dolorosas e tristes, vislumbrando-se acima de tudo a aquisição de um utópico estado de prazer. Ainda segundo Fernandes, esse encontro palco-plateia também busca questionar se os avanços tecnológicos, principalmente a internet, proporcionam possibilidades de um aprimoramento da qualidade de vida, mas por outro lado, ao mesmo tempo, as dilui enquanto pessoas. “O espetáculo mostra que, se por um lado, as relações ficam mais fáceis, também são mais rasas e superficiais, prejudicando a capacidade necessária para se estabelecer relações de confiança e sólidas”, avalia Fernandes.
No palco, o trabalho dos atores se fundamenta nas pesquisas das ideias do escritor e professor Hans Ulrich Gumbrecht, visando fomentar o caminho que pavimenta o encontro ator-espectador por meio da construção de um contínuo estado de presença, em que o público é testemunha de suas ações, em contraponto às reflexões a respeito das relações liquidas propostas pelo texto e tão bem defendidas pelo sociólogo Zygmunt Bauman no livro “Amor Líquido”.
“Na fluidez da sociedade atual, parece que não se valoriza mais o permanente, mas o temporário, o virtual. No mundo atual, é indiscutível a importância e a onipresença dos meios virtuais no dia a dia das pessoas, principalmente àquelas que vivem nas grandes metrópoles. Com grande parte dos sistemas e serviços disponíveis online, compras e operações podem ser feitas no conforto do lar e relacionamentos são travados a partir das redes sociais e dos serviços de mensageria. O teatro sendo reflexo do seu tempo é forma ideal para discutir e levar a reflexões a respeito das transformações que remodelam o cotidiano e faz surgir também novas atitudes e reações individuais”, diz o diretor.
Cenografia - Partindo do princípio de que cenografia é imagem que cria ações, o projeto cenográfico de “Nó na Garganta” assinado por Karla Lacerda se apropria da luminosidade da tela dos aparelhos tecnológicos para criar uma imagem composta por cinco cadeiras e cinco bancos de acrílico transparente, quatro luminárias, cinco telefones celulares, além de elementos específicos de cada personagens, como um computador, um projetor e pontos de led abaixo das cadeiras.
Já os figurinos, criados por Paola Caruso, tem como base a cor azul, representando a luminosidade emitida pelas telas de computadores, celulares e tablets. A trilha sonora, assinada por Dario Felix, conta com uma música original, homônima ao espetáculo, composta por Marcelo Marinho. As demais músicas da trilha são em inglês – idioma global, sobretudo pela influência da internet e das tecnologias – compostas num passado remoto, coincidindo com o período de proliferação das redes sociais.
FICHA TÉCNICA
Dramaturgia e Direção: Ronaldo Fernandes
Elenco: Alex Felix (Érico), Ana Paula Silva (Paty), Karla Lacerda (Teresa), Marco França (Dino) e Pedro Norato (Nuno)
Assistente de Direção: Natali Barbosa
Cenografia: Karla Lacerda
Figurino: Paola Caruso
Trilha Sonora: Dario Felix
Direção de Movimento: Maristela Sild
Iluminação: Marco França e Ronaldo Fernandes
Operação de luz: Emanuely Lopes
Projeto Gráfico: Betinho Neto
Fotos: Bruna Quevedo e Julia Lacerda
SERVIÇO
Espetáculo “Nó na Garganta”, com o Grupo Tescom de Teatro e a Companhia Trilha de Teatro
Temporada: de 05 a 27 de setembro
Horários: Sábados (às 21h) e Domingos (às 19h)
Local: Viga Espaço Cênico – Sala Piscina
Endereço: Rua Capote Valente, nº 1323
Telefone: (11) 3801-1843
Duração: 70 minutos
Capacidade: 50 lugares
Ingressos: R$ 30,00 (inteira). R$ 15,00 (meia entrada)