No momento em que o Rio de Janeiro celebra quatro séculos e meio de vida, a premiada Companhia Atores de Laura, fundada e sediada na cidade há 23 anos, decidiu investigar as singularidades de se viver em uma metrópole com tantos paradoxos. Foi com essa inquietude que o grupo, dirigido por Daniel Herz, mergulhou na obra do fundador da comédia de costumes brasileira para a montagem de seu novo espetáculo, ‘O Pena Carioca’. Com estreia marcada para 4 de setembro, sexta-feira, no Teatro Poeira, a produção reúne três peças emblemáticas de Martins Pena (1815-1848), dramaturgo raramente encenado fora dos círculos acadêmicos: ‘A família e a festa na roça’ (1838), ‘O caixeiro da taverna’ (1845) e ‘O Judas no sábado de aleluia’ (1846). Os três textos são apresentados na íntegra. O patrocínio é da Prefeitura da cidade do Rio de Janeiro/Secretaria Municipal de Cultura.
“O nosso desafio foi ultrapassar a dimensão histórica desses textos, além de questões ingênuas e pueris, e mostrar de que maneiras eles podem refletir sobre o cotidiano do carioca hoje”, explica Herz. “Você percebe com perplexidade que certas mazelas da época continuam atuais: a valorização do estrangeiro, a tentativa de conquistar uma estabilidade pelo funcionalismo público, o deslumbramento pela vida urbana...”.
‘O Pena Carioca’ é o primeiro clássico nacional montado pela Companhia Atores de Laura, que já levou à cena peças de Shakespeare, Molière, além de textos coletivos produzidos pelo grupo, duas adaptações de romances do paranaense Cristovão Tezza, entre outros trabalhos. A trama ‘A família e a festa na roça’ gira em torno de uma moça que quer se casar com o médico que retorna à cidade, enquanto sua família insiste em uma união arranjada; ‘O caixeiro da taverna’ acompanha a trajetória de um caixeiro ambicioso cujo maior sonho é se tornar sócio da loja onde trabalha – sem escrúpulos, esconde que é casado para a dona, que morre de amores por ele. Em ‘O Judas no sábado de aleluia’, o protagonista se esconde na figura de um boneco de Judas e testemunha conversas entre vários personagens, inclusive a de sua pretendente, que não é quem ele pensa ser. Entre uma obra e outra, serão apresentados trechos de outros textos do dramaturgo.
No elenco, estão Ana Paula Secco, Anderson Mello, Leandro Castilho (que também assina a direção musical), Luiz André Alvim, Marcio Fonseca e Paulo Hamilton, atores da companhia, e Gabriela Rosas, atriz convidada pelo grupo para este trabalho. “O Pena Carioca privilegia muito a figura do ator, dá a liberdade de se criar grandes tipos cômicos”, avalia Daniel. O figurino de Antonio Guedes, que dá ênfase aos acessórios e adereços para marcar os personagens, e o cenário de Fernando Mello da Costa, que recheia o palco com figurinos, também evidenciam essa reverência ao ator. Completam a equipe criativa Aurélio de Simoni (iluminação) e Duda Maia (direção de movimento).
Sobre a Cia Atores de Laura:
A Cia Atores de Laura foi fundada em 1992 e, a partir de junho de 2009, passou a ser constituída por atores reunidos numa cooperativa junto ao diretor Daniel Herz. Os Atores de Laura dedicaram-se desde logo ao trabalho coletivo, com o objetivo de pensar e realizar o ator como força principal do jogo cênico, em torno do qual são construídas, paralela e posteriormente, a direção, a cenografia, a vestimenta e a iluminação. Foi criada no Rio de Janeiro em 1992 e desde então vem se apresentando em várias cidades do Brasil e no exterior (festivais em Lyon, na França e em Córdoba, na Argentina). Tem no seu repertório 21 montagens teatrais – sendo duas para crianças (A casa bem-assombrada, 1998, e a premiada A flauta mágica, 1999).
Sobre Daniel Herz (diretor da Cia):
Daniel Herz é ator, diretor teatral, autor e diretor artístico da Companhia de Teatro Atores de Laura. Seu primeiro trabalho como ator profissional foi em “Doente imaginário”, de Molière, em 1984. Desde então atuou em diversas montagens como: “Graffite coração”, de Bernardo Horta; “Nossa senhora das flores”, de Jean Genet; “A geração Trianon”, de Anamaria Nunes; “Perigo de vida”, de Regina Miranda; “O rei Arthur e os cavaleiros da távola redonda”, de Celso Lemos; “A cada vez que se conta dele”, de Bruno Lara Resende; “O jovem Torless”, de Robert Musil, entre outras. Em 1988, recebeu indicação para o Prêmio MINC Troféu Mambembe como melhor ator por sua atuação em “João e Maria”, de Anamaria Nunes. Desde 1988 dá aulas de teatro na Casa de Cultura Laura Alvim. Desde 1992 dirige a Cia Atores de Laura. Em 2000, a Cia de Teatro Atores de Laura foi convidada para administrar o Teatro Miguel Falabella.
Prêmios e indicações para prêmios:
1988 - Recebeu indicação para o Prêmio MINC Troféu Mambembe de melhor ator
1995 - Indicado para o Prêmio Coca-Cola de Teatro Jovem na categoria melhor texto e de melhor direção. Espetáculo “Cartão de embarque”.
1996 – Prêmio Coca-Cola de Teatro Jovem na categoria melhor direção Espetáculo “Romeu e Isolda”.
1997 – Prêmio Coca-Cola de Teatro Jovem nas categorias de melhor direção, melhor texto e melhor espetáculo – “Decote”.
1997 – Prêmio de melhor direção no IV Festival de Teatro de Resende.
2000 – Indicado para o Prêmio Coca-Cola de Teatro na categoria de melhor direção. Espetáculo “A flauta mágica”.
2000 – Prêmio Coca-Cola de Teatro nas categorias melhor espetáculo infantil e melhor produção.
2002 – Prêmio Qualidade BR de melhor direção e de melhor espetáculo.
2002 – Indicado no Prêmio Shell de melhor direção.
2011 – Indicado no Prêmio Shell de melhor direção pelo espetáculo Adultério.
2012 – Ministra Residência no Teatro Poeira em conjunto com a Companhia Atores de Laura
2012 – Prêmio Orilaxé de melhor direção pelo espetáculo O filho eterno
Programas Viva a Cultura! e Fomento Cidade Olímpica
A Secretaria Municipal de Cultura do Rio de Janeiro acredita no poder de integração da atividade artística. Por isso, investe na qualificação de sua extensa rede de equipamentos culturais, que conta com mais de trinta teatros, centros culturais, museus, bibliotecas, lonas e arenas espalhados por todas as regiões e no fomento à arte e à cultura. Com os dois programas lançados este ano, o Viva a Cultura! e o Fomento Cidade Olímpica, a Prefeitura do Rio vai investir R$ 112 milhões na cena cultural carioca, apoiando mais de mil iniciativas. A diversificação do investimento está inserida na política que busca democratizar o acesso, tanto à fruição, quanto ao financiamento público. A Secretaria Municipal de Cultura mantém o diálogo aberto com a classe artística para ouvir e fortalecer a relação institucional com artistas, produtores, realizadores e entidades de classe. A cultura pode contribuir efetivamente na construção de uma Cidade menos desigual e mais integrada.
Serviço – O Pena Carioca
Temporada: 04 de setembro (para convidados) a 25 de outubro.
Local: Teatro Poeira
Endereço: Rua São João Batista, 104 – Botafogo
Telefone: (21) 2537-8053
Sessões: 5ª a sáb., às 21h, e domingo, às 19h.
Preço: R$ 70 (inteira) e R$ 35 (meia).
Capacidade: 120 lugares?
Ficha técnica
Texto: Reunião de três obras de Martins Pena: ‘A família e a festa na roça’ (1838), ‘O caixeiro da taverna’ (1845) e ‘O judas no sábado de aleluia’ (1846).
Direção: Daniel Herz
Elenco: Ana Paula Secco, Anderson Mello, Gabriela Rosas, Leandro Castilho, Luiz André Alvim, Marcio Fonseca e Paulo Hamilton
Iluminação: Aurélio de Simoni
Cenário: Fernando Mello da Costa
Figurino: Antonio Guedes
Trilha sonora original: Leandro Castilho
Direção de Movimento: Duda Maia
Projeto Gráfico: Maurício Grecco
Direção de Produção: Renata Campos
Consultoria Psicanalítica: Evelyn Disitzer
Assistente de Direção: Tiago Herz
Assistente de Produção: Thaisa Areia
Assessoria de Imprensa: MNiemeyer
Fotos de Divulgação: Paula Kossatz
Assistente de Figurino: Renata Mota
Direção Artística da Cia Atores de Laura: Daniel Herz
Realização: Cia Atores de Laura