Núcleo Bartolomeu - Vai te Catar!_dia 28.08

17 de Agosto de 2015

O Núcleo Bartolomeu de Depoimentos – coletivo artístico paulistano que há 15 anos desenvolve o teatro hip-hop, linguagem única na cena teatral brasileira – recebe a partir do dia 28 de agosto a reestreia de um dos espetáculos de seu repertório: “Vai te Catar!”. Com dramaturgia, direção, direção musical e encenação assinadas pela atriz-MC, slammer, diretora e pesquisadora, Roberta Estrela D’Alva, uma das fundadoras do grupo, as sessões ocorrem às sextas e sábados, às 21h e domingos, às 19h, até o dia 13 de setembro.

A peça, originalmente montada em 2007, retorna como parte da programação da ocupação “Arena Urbana - de onde viemos para onde voltamos”, que marca o retorno do Núcleo Bartolomeu ao Teatro Arena - Eugênio Kusnet, sua sede de origem, após o despejo de sua antiga sede no bairro da Pompeia.

“Vai te Catar!” - No palco, a atriz-MC e um microfone. A narrativa autobiográfica serve como pano de fundo para assuntos como o racismo, e o controle da mídia sobre o universo infantil, a desigualdade social, o feminino e a morte.

Tendo a voz como elemento principal da cena, a atriz-MC faz uso de alguns aparatos técnicos como pedal sequenciador, um processador de efeitos e um sampler MPC, que permitem a gravação, a alteração de timbre e textura da voz, e o armazenamento e reprodução de trechos vocais e musicais; dando à narrativa tessituras em que o passado e o presente se misturam e ecoam pelo teatro na voz da atriz.

Estrela D’Dalva afirma que “Vai Te Catar! é a radicalização da experiência da palavra. Ao trazer o universo do poetry slams e do spoken word é um terreno fértil para as experimentações do ator-MC, principalmente no que diz respeito a utilização da palavra, da voz e de todos os aspectos ligados a oralidade”.

Em seu texto, a atriz-MC propõe uma viagem no tempo ao entrecortar sua história de vida com trechos de gravações da música “pop” dos anos de 1980 a 1990. Sua pesquisa reuniu mais de 150 LPs, de onde foram retirados os trechos das músicas que compõem a encenação. A atriz explica que “a opção por usar discos de vinil trazia um contato visual e tátil com o objeto, com seu cheiro, com os encartes, as capas com artistas vestidos com a roupas da época e inscrições à caneta como “esse disco é da...” ou corações desenhados ao lado de cantores-galãs. Toda a memória trazida por esse contato, teve influência direta em textos e cenas do espetáculo”.

Os samples encadeados funcionam como chaves de portais memoriais comuns e por meio da produção da indústria fonográfica de uma época, todo um período histórico é rememorado e revivido. O público, no escuro, embalado por fragmentos de memórias, sem referências visuais, respondia aos cortes rápidos, encadeados sem pausas, com comentários sonoros, risos, interjeições.

História - Encenado pela primeira vez em 2007, o espetáculo integrou o projeto 5x4-Particularidades Coletivas, do Núcleo Bartolomeu de Depoimentos, que tinha como premissa a realização de cinco espetáculos paralelos, onde alguns elementos específicos da pesquisa da linguagem do teatro hip-hop teriam um aprofundamento em seu estudo. A partir deste estudo de linguagem, o Núcleo Bartolomeu formado pelos diretores-MCs: Claudia Schapira, Eugenio Lima, Luaa Gabanini e Roberta Estrela D’Alva apresentou ao público cinco espetáculos inéditos, dentre os quais “Vai Te Catar!” que trouxe à cena o universo do spoken word e dos poetry slams.

FICHA TÉCNICA

Concepção geral, textos, direção musical, “spoken words”: Roberta Estrela D’Alva
Operação de som: Dani Nega.

Preparação Corporal: Cecília Gobeth.

Treinamento de yoga: Alexandre Polain.

Preparação Vocal: Andrea Drigo.

Figurino: Alex Kazuo.

Desenho de Luz: Marisa Bentevigna.

Operação de Luz: Carol Autran.

Gravação vovó e vídeo: Thomás Fujita.

Gravação aula de ballet: Sérgio Roisenblitz.

Participação especial “aula de ballet”: Flora Bellenzani.

Produção Musical: Pipo Pegoraro e Roberta Estrela D’Alva.