Cultura - Teatro

Frida y Diego reestreia no Teatro J. Safra

29 de Julho de 2015

A complexa e intensa relação dos fascinantes artistas mexicanos Frida Kahlo e Diego Rivera e o legado que deixaram na história da arte podem ser conferidos no espetáculo FRIDA Y DIEGO, que reestreia dia 8 de agosto, sábado, às 21 horas, no Teatro J. Safra. Com texto de Maria Adelaide Amaral e direção de Eduardo Figueiredo, a montagem traz no elenco os atores Leona Cavalli interpretando Frida Kahlo e José Rubens Chachá como Diego Rivera. Uma curiosidade é que a reestreia em São Paulo acontece no mesmo dia em que a montagem comemora 100 apresentações.         

 
 

FRIDA Y DIEGO fala do casamento e da relação entre Frida Kahlo e Diego Rivera entre o período de 1929 a 1953, no México, França e Estados Unidos, onde viveram e trabalharam. O espetáculo narra o reencontro de Frida e Diego depois de uma traumática separação em uma fase conturbada da vida de Frida, quando já bastante doente e com muitas dores, voltou a morar com Diego, em casas vizinhas ligadas por um corredor. A montagem quebra o jejum de uma década sem um  texto inédito para o teatro de Maria Adelaide. O último texto da autora encenado nos palcos foi Chanel com Marília Pera. 

 

Frida Kahlo e Diego Rivera viveram um grande e conturbado amor, ao mesmo tempo em que influenciavam, com sua arte latina, o mundo das artes plásticas europeu e americano na animada e confusa década de 30.  A peça, recheada de conflitos, poesia, nostalgia e humor, tem Iluminação assinada por Guilherme Bonfanti, cenário, figurino e adereços por Márcio Vinícius e direção musical de Guga Stroeter. 

           

Músicos em cena

A dramaturga Maria Adelaide Amaral escreveu FRIDA Y DIEGO especialmente para o diretor Eduardo Figueiredo e o diretor de produção da peça, o ator Maurício Machado. “Eu sempre tive fascínio por Frida e Diego. Vi algumas exposições dela por esse mundo afora e quando fui ao México conheci pessoalmente a obra de Diego. Estive na Casa Azul duas vezes e visitei a casa deles em San Angel. Isso alguns meses antes do Eduardo e do Maurício me encomendarem a peça”, conta a autora. Maria Adelaide estudou profundamente a vida da dupla de artistas para escrever o texto. “Não é bem ficção. É teatro. E o tema foi intensamente pesquisado nos livros sobre Diego e Frida e em outros que me mandaram dos Estados Unidos e México”, completa ela.

 

Para a montagem, o diretor Eduardo Figueiredo focou na interpretação do elenco: “Esse espetáculo é dos atores, nós só vamos preparar a cama para eles se divertirem”. Ele optou por colocar música ao vivo na peça. No palco, dois músicos tocam acordeom e baixo. “Para mim, é fundamental que uma peça como esta tenha músicos em cena, o próprio Diego Rivera era um grande festeiro e a música, aqui, reforça a passionalidade da relação deles. Pretendo falar da humanidade presente destes dois grandes artistas. Outro aspecto importante é fomentar questionamentos, nesse contexto específico, temas tão contemporâneos como traição e lealdade”, comenta o diretor. Segundo Eduardo, a obra de Maria Adelaide apresenta, de forma explícita, o universo afetivo desses dois grandes artistas sem perder o panorama histórico que tanto os influenciaram. “A dramaturgia e o trabalho dos atores são o nosso norte no espetáculo!", acrescenta.

 

O ator José Rubens Chachá, que completa 40 anos de carreira com esta montagem, observa: “Foi o melhor presente que poderia receber. Eu tenho um fascínio muito grande por personagens reais. Quando completei 30 anos de carreira, a Maria Adelaide me convidou para viver Oswald de Andrade no espetáculo Tarsila, também de sua autoria. Desta vez, o presente me surpreendeu ainda mais. Considero Oswald e Diego dois antropofágicos em suas artes tão diversas”.

 

Há nove anos sem participar de uma produção de teatro, a atriz Leona Cavalli comemora o retorno. “Frida foi sempre absolutamente avançada em sua arte e, na vida, ela teve a coragem de fazer da sua existência uma obra de arte com extrema inteligência, indo muito além da sua dor. É um privilégio trazer para a cena a humanidade dela. O texto da Maria Adelaide coloca a matéria prima da arte da Frida na dramaturgia, ou seja, a sua vida. Muitas coisas que estão escritas na peça foram ditas pela artista”, conta a atriz.

 

Sobre a história

Frida Kahlo foi uma artista única. Para muitos é considerada a pintora do século. Em 1913, com seis anos, contraiu poliomielite, a primeira de uma série de doenças, acidentes, lesões e operações que sofreu ao longo dos anos. Apesar de seu pouco tempo de vida, deixou obras magníficas e intrigantes que influenciam o mundo das artes até hoje. Sua trajetória também é tida como uma obra instigante e com grande poder de chamar atenção.

 

Desde criança Diego Rivera quis ser pintor e todos percebiam ter talento para isso. Ao ficar adulto, após estudar pintura na adolescência, participou da Academia de San Pedro Alvez, na Cidade do México, partindo para a Europa, beneficiado por uma bolsa de estudos, onde ficou de 1907 até 1921. Esta experiência enriqueceu-o muito em termos artísticos, pois teve contato com vários artistas da época, como Pablo Picasso, Salvador Dalí, Juan Miró e o arquiteto catalão Antoni Gaudí, que influenciaram a sua obra. Nesta época, começou a trabalhar num ateliê em Madri, na Espanha. Acreditava que somente o mural poderia redimir artisticamente um povo que esquecera a grandeza de sua civilização pré-colombiana durante séculos de opressão. 

 

Frida e Diego se casaram em 1929. Ela com 22 anos e ele com 43, era o terceiro casamento de Diego. Viveram uma relação muito conturbada, tanto pelos casos extraconjugais de ambos quanto por suas personalidades fortes e convicções artísticas e políticas. Rivera aceitava abertamente os relacionamentos de Kahlo com mulheres, mesmo ela sendo casada, mas não aceitava os casos da esposa com homens. O casamento era cheio de brigas e confusões, também pelo fato de Rivera querer filhos e Frida, que enfrentava problemas de saúde desde muito jovem devido a um sério acidente sofrido na adolescência, não conseguir engravidar. Durante o relacionamento dos dois, Frida sofreu muitos abortos, inclusive.

 

O ápice da separação aconteceu quando Rivera envolveu-se com sua cunhada, Cristina, e tornou-se amante dela. Ficaram muitos anos juntos e tiveram seis filhos. Frida apanhou-os na cama, tendo um ataque histérico e cortando os próprios cabelos. Como vingança, o atormentou, passando a persegui-lo e odiar a irmã. Muito abalado com tudo, Diego abandonou os filhos e Cristina, que foi embora. Depois acabou indo atrás de Frida, mas não teve sucesso na reconquista e passaram a ser inimigos. Rivera continuou com sua vida de antes, muitas bebidas e amantes, inclusive saía com prostitutas, mas sempre pensando em Frida. Após um período separados, Frida e Rivera se reconciliaram. Os dois moraram em casas vizinhas conectadas por um corredor até a morte de Frida em 1954, aos 47 anos. A Casa Azul, como ficou conhecida, abriga hoje o Museu Frida Kahlo, na Cidade do México, e conserva tudo como os dois deixaram. Lá é possível encontrar cartas de amor trocadas pelo casal e diversos objetos do cotidiano dos dois.

 

 

Para roteiro:

FRIDA Y DIEGO – Reestreia dia 8 de agosto, sábado, às 21 horas, no Teatro J. Safra. Texto – Maria Adelaide Amaral. Direção – Eduardo Figueiredo. Elenco – Leona Cavalli e José Rubens Chachá. Direção Musical e Trilha – Guga Stroeter e Matias Capovilla. Músicos – Wilson Feitosa (acordeom) e Mauro Domenech (baixo acústico). Direção de Arte – Cenografia, Figurinos e Adereços – Marcio Vinicius. Visagismo – Anderson Bueno. Desenho de Luz – Guilherme Bonfanti.Assistência de Direção – Alex Bartelli. Direção de Movimento – Renata Brás. Estágio de Direção – Eric Mourão. Programação Visual – Vitor Vieira. Projeto de Vídeo e Projeções – Jonas Golfeto. Fotos de Divulgação – Gabriel Wickbold. Fotos de Cena – Lenise Pinheiro.  Produção Executiva – Ton Miranda. Gerência de Produção – Bia Izar. Direção de Produção – Maurício Machado. Realização e Produção – manhas & manias eventos. Duração – 90 minutos. Recomendável para maiores de 14 anos. Temporada – Sábado às 21 horas e domingo às 19 horas. Ingressos – Sábado – R$ 70,00 (plateia) e R$ 40,00 (mezanino) e Domingo – R$ 60,00 (plateia) e R$ 40,00 (mezanino)  . Até 27 de setembro.

 

TEATRO J. SAFRA – Rua Josef Kryss, 318 - Barra Funda - São Paulo – SP. Telefone: (11) 3611-3042. Estacionamento – Valet Service - R$ 25,00 e estacionamento conveniado com a MultiPark (Rua Josef Kryss, 120) - R$ 15,00. Bilheteria – Quarta e quinta-feira das 14 às 21 horas e de sexta-feira a domingo das 14 horas até o horário dos espetáculos. Capacidade – 633 lugares. Vendas on-line – www.compreingressos.com

 

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