Após estrear no Itaú Cultural, o espetáculo Só reestreia no Espaço Sobrevento, em São Paulo, dia 11 de julho, fazendo temporada gratuita até 20 de setembro de 2015. Explorando o Teatro de Objetos – a vertente mais moderna do Teatro de Animação, que se vale de objetos prontos (ready-mades) em lugar de objetos – o Grupo Sobrevento cria um espetáculo sem palavras, em que os atores compõem situações patéticas, emocionais, em quadros que se aproximam de instalações plásticas contemporâneas. Só, do GRUPO SOBREVENTO, fala da solidão e da desumanização nas grandes cidades e no mundo moderno.
A montagem foi concebida a partir de intercâmbios com a belga Agnès Limbos e com o italiano Antonio Catalano – artistas de grande renome internacional, e de um grupo de estudos com diferentes artistas brasileiros. Só conta com música de Arrigo Barnabé, figurinos de João Pimenta, cenário de André Cortez e iluminação de Renato Machado. Para a criação da obra, o Sobrevento tomou como ponto de partida livro O Desaparecido ou Amerika, primeiro romance de Franz Kafka, publicado em 1927.
Só tem o apoio do Programa Rumos Itaú Cultural e do Programa Municipal de Fomento ao Teatro.
Sinopse
Em Só, cinco personagens apresentam-se em diferentes situações, não sequenciais, que partem, sempre de objetos que, retratados exatamente como os objetos que são, terminam por transformar-se em elementos poéticos e metafóricos. Os cinco personagens, mais que cinco vidas, são cinco caminhos que terminam por encontrar-se, mesmo mantendo, neste encontro, as suas solidões.
O Teatro de Objetos em Só
Para a criação do espetáculo, o SOBREVENTO explorou as limitações e o potencial do Teatro de Objetos – vertente mais moderna do Teatro de Animação, que propõe o uso de objetos prontos no lugar de bonecos. Deparou-se com um paradoxo: aquilo que o havia atraído por parecer uma possibilidade de ruptura revelou-se também uma armadilha, uma convenção: um teatro feito geralmente por um ator, que ordena objetos sobre uma mesa, para contar uma história, lançando mão de metáforas.
Resolveu fazer o que já havia feito em relação ao Teatro de Bonecos: dar um passo além, rumo a um abismo, a um lugar desconhecido, a um teatro sem nome, onde pudesse encontrar a intensidade e a urgência necessária para falar ao público de hoje.
Resolveu quebrar o espaço da mesa e, com isto, provocar uma outra relação do ator com o objeto, fazendo com que ele deixasse de ser um narrador e passasse a ser um personagem dentro daquele universo ao qual o objeto remetia. Ao mesmo tempo, a pesquisa partiu de um texto que fala justamente desse desconhecimento, desse desajuste, dessa necessidade de se relacionar que parece cada vez mais difícil, em um mundo cada vez mais populoso, cada vez mais conectado e cada vez menos humano.
O DESAPARECIDO OU AMERIKA é um romance inacabado de Franz Kafka escrito entre 1912 e 1914. Trata das desventuras de um rapaz alemão expulso de casa pelos pais e enviado aos Estados Unidos depois de ter engravidado uma empregada. Ele se vê envolvido em situações e julgamentos que não lhe dizem respeito, enredado num mecanismo absurdo, movido por culpas e acusações, cujo funcionamento ele não entende e não domina, até que um dia se depara com um cartaz que diz: "O grande teatro de Oklahoma vos chama! Só hoje, só uma vez! Quem agora perder esta oportunidade perde-a para sempre! Quem quiser ser artista, dirija-se a nós! Todos são bem-vindos!".
No entanto, o SOBREVENTO percebeu que as palavras não poderiam dizer o que tentava dizer. Por isto, não tentou encenar o texto de Kafka, mas fazer dele um disparador do que o moveu a desenvolver este projeto: a desumanização nas grandes cidades e no mundo moderno. Embora as palavras de Kafka não estejam em cena, a atmosfera de sua obra terminou por impregnar cada cena do espetáculo. E para criar esta realidade particular, o SOBREVENTO uniu-se a artistas reconhecidos pelo desejo de criar novos mundos. O compositor Arrigo Barnabé foi convidado a quebrar o silêncio que os atores se haviam imposto. O estilista João Pimenta veio para vesti-los, para cobrir as personagens, ao mesmo tempo em que as revelava. O cenógrafo André Cortez foi incumbido de preencher o vazio que separa os vários mundos, dentre os infinitos que (in)existem. E Renato Machado chegou para sugerir detalhes, minúcias, segredos. Reunindo as várias perplexidades, os diferentes assombros, as muitas inquietações de tantos artistas, o SOBREVENTO quer falar da fraqueza, da vulnerabilidade, da insegurança, da fragilidade e dos sonhos de pessoas que estão em busca de algo que não poderão alcançar.
Grupo Sobrevento
O SOBREVENTO é um Grupo de Teatro brasileiro que se dedica à pesquisa da linguagem teatral. Considerado, internacionalmente, um dos maiores expoentes brasileiros do Teatro de Animação, desenvolve, desde 1986, um trabalho contínuo que envolve a apresentação de espetáculos, realização e curadoria de Festivais e eventos, além de diferentes atividades de formação e difusão do Teatro de Bonecos. O Grupo tem recebido Prêmios ou indicações para Prêmios da importância do Mambembe (Funarte/Ministério da Cultura), do Coca- Cola, do Shell, do APCA (Associação Paulista de Críticos de Arte) e do Maria Mazzetti (RioArte), sendo sempre posicionado pela crítica especializada entre os melhores de suas temporadas. Por duas vezes consecutivas, em 1994 e em 1995, o SOBREVENTO recebeu do Ministério da Cultura o Prêmio Estímulo, pelo conjunto dos seus trabalhos e “pela sua contribuição ao panorama das Artes e da Cultura do país”.
Desde 2010, o SOBREVENTO vem focando sua pesquisa no Teatro de Objetos - linguagem artística que propõe o uso de objetos prontos no lugar de bonecos construídos para a cena. O grupo vem trazendo ao Brasil os maiores nomes da área. Promoveu festivais, oficinas, palestras e debates com os criadores mais representativos. Explorou diferentes relações com o público a partir do Teatro de Objetos em três espetáculos - Bailarina (para bebês), São Manuel Bueno, Mártir e Sala de Estar, confundindo fronteiras, rasgando rótulos, criando encontros artísticos intensos e raros a cada montagem.
Ficha Técnica
Criação e concepção: Grupo Sobrevento Direção: Luiz André Cherubini e Sandra Vargas Dramaturgia: Grupo Sobrevento: Luiz André Cherubini (Borboleta, Descanso de todos na árvore), Sandra Vargas (Casa, Trem, Navio), Maurício Santana (Costura), J.E Tico (Namoro), Sueli Andrade (Casa de papelão, caminhada com o pássaro, corda), Daniel Viana (cadeiras, trabalho e árvore) e Liana Yuri (Goteira, Estação e Peixe) Interpretação: Sandra Vargas (Casa, Trem, Navio), Maurício Santana (Costura, Namoro e borboleta), Sueli Andrade (Casa de papelão, caminhada com o pássaro, corda), Daniel Viana (cadeiras, trabalho e árvore) e Liana Yuri (Goteira, Estação e Peixe) Colaboração artística: Agnès Limbos (Gare Centrale) e Antonio Catalano (Casa Degli Alfieri) Composição musical: Arrigo Barnabé Figurino: João Pimenta Cenário: André CortezIluminação: Renato Machado Produção executiva: Lucia Erceg Montagem e operação de luz: Marcelo Amaral Cenotecnia e operação de som: Agnaldo Souza Assessoria de Imprensa: Márcia Marques | Canal Aberto Programação visual: Marcos Correa | Ato Gráfico Secretaria: Thaís Larizzatti
Serviço
Espaço Sobrevento – Rua Coronel Albino Bairão, 42 – Metrô Bresser – São Paulo - SP
11 de julho a 20 de setembro de 2015, sábados, às 20h, e domingos, às 18h.
Sessões extras aos sábados, 18h, em agosto e setembro.
Classificação: 16 anos/ Duração: 120 min
Ingressos gratuitos, disponíveis meia hora antes na bilheteria ou por reservas por e-mail ( info@sobrevento.com.br)