Por Cau Marques
Esses dias, comecei a ler um livro e o primeiro capítulo inicia assim: “Esta história começa, assim como a maioria das coisas, com uma música” (Neil Gaiman). O personagem do livro ainda completa dizendo que, no processo de criação do Universo, todas as coisas foram cantadas.
Achei incrível, por que, nessa concepção, todos nós somos música. E não é difícil imaginar isso. Para mim, é mais difícil imaginar um mundo sem música ou conseguir esconder o espanto quando alguém afirma que não gosta de música. Por que, assim como nas trilhas sonoras marcantes de um filme ou série de TV de sucesso, nossa vida é pontuada por momentos que vêm acompanhados de músicas. Algumas delas acabam por se grudar em nossa memória, por que agem como “chicletes”, são datadas, embalam modas, enquanto outras marcam momentos únicos, dos mais maravilhosos aos mais sombrios.
Assim como o olfato está ligado ao paladar, as canções são companheiras inseparáveis dos nossos sentimentos, de nossas lembranças como: o primeiro beijo, a praia com os amigos, o “fora” bem dado, a música cantada pela mãe num dia feliz....
Como não amar esta paleta colorida de notas que dão o tom da nossa vida? Meus sinceros sentimentos àqueles que, ao negarem a música, escolhem a vida em preto e branco.
Eu sou assumidamente feito de música, tenho minhas trilhas sonoras, tenho músicas que fazem parte de momentos especiais de minha vida, assim como as fotografias. Assim foi com Whats up!, do For non Blondes. Essa música, definitivamente, marcou o final da minha adolescência e o início de minha carreira como cantor profissional. Quando me viam com um violão, sempre pediam que cantasse e imitasse a voz da Linda Perry...
Muitos hits foram compostos nos últimos 50, 60 anos, desde o Rock mais embrionário, até as eletrônicas das raves, que são responsáveis pela trilha sonora da vida de milhões de pessoas, e que só vêm a comprovar que, quando determinada música atinge o público, ninguém mais é dono do destino desta obra. Há sucessos que surpreendem compositores e bandas, pois se fazem em faixas que não eram aquelas nas quais eles concentraram sua divulgação. Um bom exemplo disso é a música More than Words, da banda Extreme. Certamente marcada como especial na trilha sonora de muitas pessoas...
Há pessoas que não fazem absolutamente nada sem que suas músicas preferidas estejam tocando. Elas embalam o trabalho, o estudo, a criação, a malhação... Playlists estão guardadas em celulares e computadores. E ainda há quem diga que vive sem música... Talvez essas pessoas ainda não tenham descoberto a música com que foi composto nesse Universo, aquela que está com as partituras desenhadas em sua alma, mas que ela está lá, está.
Assim como para compor uma trilha sonora para um filme é necessária a sensibilidade para inserir o tom certo para a cena certa, quem dá o tom da nossa trilha somos nós, e para isso não podemos nos fechar às tantas possibilidades musicais que temos hoje em dia. Minha sugestão do dia: Coloquem a trilha musical da vida de vocês no modo ON e sejam o mais ecléticos que conseguirem. Deixem a música marcar cada vez mais momentos que sejam inesquecíveis!