Cultura - Música

Milton Nascimento Tarde abre temporada 2015 do Teatro J. Safra

8 de Janeiro de 2015

Milton Nascimento passou os últimos anos lapidando aquele que pode ser um dos projetos mais emblemáticos de sua carreira. O show "Milton Nascimento - Tarde", que tem sua estreia marcada para o dia 17 de janeiro, no Teatro Safra, em São Paulo, não é somente uma reinvenção de Milton, mas sim um salto ainda mais profundo sobre sua celebrada obra.

 

Concebido a partir dos violões sete cordas do impactante duo mineiro formado pelos irmãos Wilson e Beto Lopes, "Tarde" mostra releituras para clássicos de Milton de uma forma que sua voz ganhou ainda mais beleza e sofisticação diante da simplicidade direta dos arranjos, porém não menos complexos. Outro ponto de suprema beleza deste novo concerto é a viola caipira usada com maestria por Wilson Lopes em clássicos como "O Cio da Terra", "São Vicente" e "Ponta de Areia".

 

Além de ter comemorado 50 anos de carreira em 2012, Milton também celebrou uma série de datas importantes nos últimos tempos, como os 45 anos da música que o consagrou, Travessia, e os 40 anos do disco Clube da Esquina. "Todas essas datas serão lembradas de alguma forma neste concerto. Para isso, foi de extrema importância a presença de Wilson Lopes, responsável pelos arranjos e pela direção musical do show", revela Milton.

 

Bastou muito pouco tempo para o artista - que já acumula cinco prêmios Grammy na bagagem - se transformar definitivamente em "cidadão do mundo". Na última edição do International Jazz Day, evento criado pela Unesco, em Istambul (Turquia), Milton Nascimento foi o único latino-americano convidado em meio aos maiores nomes do jazz mundial. No Japão, onde é cultuado, surgiram nos anos 1980 seus primeiros fã-clubes, um deles com sede própria no centro de Tokyo. Em Los Angeles, teve seu nome registrado no Royce Hall, onde Einstein apresentou sua Teoria da Relatividade. Recebeu a chave das cidades de Nova York e Miami; foi feito Cavalheiro das Artes e das Letras da República Francesa. A lista de pessoas com quem já gravou (e por quem foi gravado) não tem limites: Wayne Shorter, Herbie Hancock, Mercedes Sosa, Sarah Vaughan, Peter Gabriel, James Taylor, Joe Anderson, Paul Simon, Duran Duran, Stan Getz, Pat Methney, Bjork, Esperanza Spalding, Jason Mraz.

 

As turnês bem sucedidas nos quatro continentes onde cantou o Brasil é a legitimação de seu talento. Talento que já colocou seu nome diversas vezes no ranking dos melhores, em revistas como "Down Beat" e "Billboard"”. Em sua passagem pelos Estados Unidos em 2011, após um concerto no badalado Lincoln Center, em Nova York, o crítico Jon Pareles, do jornal The New York Times escreveu: "Milton Nascimento, tesouro nacional". E ainda nesta mesma temporada, o Huffington Post, que mandou um correspondente para acompanhar sua apresentação no Festival de Jazz de Montreal - o chamou de "bruxo", fruto do "transe" que causou na plateia de cinco mil pessoas no maior teatro do festival, que também reuniu nomes como Paco de Lucia, Chick Corea, Robert Plant, Prince e Tony Bennet.

 

"Tarde" nome que batizou este novo show, foi uma sugestão do jornalista Marcus Preto, que participa da produção de um novo álbum de Milton acompanhado do violão de Wilson Lopes que, aliás, é diretor musical na banda que acompanha Milton desde o disco "Angelus", gravado em 1993. Já Beto Lopes, é um dos  músicos mais respeitados do Brasil, tendo tocado com Andy Summers, Hermeto Pascoal, Toninho Horta, Tavinho Moura e Lô Borges. A dupla, liderada por Milton, conduz o público pelos grandes sucessos de sua obra, um dos repertórios mais ricos da música popular brasileira. Mas “Milton Nascimento – Tarde" segue também por outros caminhos.

 

Diante de uma obra com mais de 400 músicas gravadas, Milton explica que será  natural a reação de algumas pessoas diante da ausência de certos sucessos: "Só que, por outro lado, acredito que os fãs também vão gostar das músicas que eu não cantava há muito tempo e que agora estão nesse trabalho". Neste caso, as canções  citadas por Milton são as incontestáveis "Cuitelinho", e "Nada será como antes", eternizada pela voz de Elis Regina, e responsável pela frase definitiva sobre o amigo: "Se Deus cantasse seria com a voz de Milton".

 

Também entram na lista canções que representam um outro lado do espírito multifacetado do artista, como "Sueño con Serpientes" - clássico inesquecível escrito pelo cubano Sylvio Rodrigues presente no disco "Encontros e Despedidas", passando pela faixa título "Tarde (Milton e Márcio Borges)" e "Baião da Penha", numa performance surpreendente de Milton para a canção de Luiz Gonzaga.

 

E mesmo tendo declarado em centenas de entrevistas o enorme carinho por todas as gravações e projetos na carreira, Milton fez uma declaração reveladora sobre o mais novo show. "Conforme íamos preparando tudo, fui adquirindo uma certeza muito forte e, podem acreditar, não tenho nenhuma dúvida de que "Tarde" tem sido uma das turnês mais prazerosas da minha vida" - definiu ele.

 

Teatro J. Safra

Temporada: 17 e 18 de janeiro de 2015
sábado às 21h; domingo às 19h

Duração: 75 minutos

Livre

R$ 150 a R$ 300

 

Teatro J Safra

Rua Josef Kryss, 318

Telefone: (11) 3611-3042

633 lugares. Aceita todos os cartões de crédito.

Vendas online: www.compreingressos.com

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