A coluna Cartão de Visita conta com o apoio cultural de Nilton e Cristina Beraldo, da Beraldo Advogados Associados, da Formato Móveis, da Gallery, da Dentfix, da Woman Plastic, da Moviecom e da Semi Joias Mix

Cartão de Visita: promotor Luiz Henrique Dal Poz
Por: Zacarias Pagnanelli - MTB 69694

Durante meses, a rotina do promotor público Luiz Henrique Dal Poz foi ouvir relatos sombrios de mulheres que afirmavam ter sido abusadas sexualmente pelo médico Roger Abdelmassih. As histórias que vinham de diversas partes do país e repetiam o pesadelo da violência sexual no momento sonhado da gravidez com a ajuda da medicina. Mais do que juntar os relatos, o principal desafio do caso foi dar sustentação ao conjunto de histórias de estupro para que a Justiça se convencesse das "atrocidades" cometidas pelo especialista em inseminação artificial, relata o promotor.

- Nós tínhamos o testemunho das vítimas. Não só nesse, mas, na grande maioria dos processos relacionados à estupros, nunca se tem uma quantidade intensa de provas, porque são crimes praticamos na clandestinidade, em uma situação de fragilidade, onde se encontra apenas o autor e a vítima. [...] Então, o desafio estava no fato de que precisávamos dar sustentação probatória a esses relatos para convencer a Justiça de que Abdelmassih cometeu atrocidades.

Em novembro de 2010, Abdelmassih foi condenado a 278 de prisão por 56 acusações de estupro contra ex-pacientes. Quase dois anos após a decisão da Justiça, o promotor relembra que mais mulheres não puderam ser incluídas ao processo como vítimas, pois o tempo legal para apresentar a denúncia de abuso sexual já havia terminado.

- Para muitas mulheres, não foi possível descrever a denúncia porque já tinham sido alcançadas a prescrição. [...] Além daquelas que constaram na denúncia, tantas outras que foram até o gabinete do Gaeco, que relataram o constrangimento, também figuraram nessa relação. Algumas inclusive, não figuraram como vítimas, mas como testemunhas. Por exemplo, uma senhora foi molestada sexualmente pelo Roger quando ele ainda era médico residente na cidade de Campinas, em outra área que não na inseminação artificial.

Onde está Abdelmassih?

A investigação sobre o caso Abdelmassih começou em maio de 2008. Inicialmente, a investigação do caso foi feita por uma equipe de promotores do Gaeco da qual Dal Poz fazia parte, entre 2007 e 2008. Depois, a investigação foi refeita pelos policiais da 1ª Delegacia da Mulher da capital paulista. As vítimas acusavam o médico de abuso sexual durante o tratamento de inseminação artificial. O relato mais antigo é de 1994 e há outros de 2005, 2006 e 2007.

Abdelmassih nega as acusações e chegou a declarar que o anestésico propofol, usado durante o tratamento de fertilização in vitro, pode ter despertado alucinações com conotação sexual em suas pacientes. Ele foi preso em 17 de agosto de 2009, mas passou apenas quatro meses detido na Penitenciária de Tremembe. Ele foi solto às vésperas do Natal de 2009, por decisão do ministro Gilmar Mendes, do STF.

Desde sua condenação, Roger Abdelmassih é considerado foragido da Justiça. O promotor Luiz Henrique afirma ter ouvido informações de que estaria no Nordeste do País, no interior de São Paulo ou até no Líbano. Nenhuma denúncia, no entanto, conseguiu ajudar a polícia localizá-lo até agora.

As informações que chegam é que ele estaria no Líbano, que estaria no Interior de São Paulo, no Nordeste. A gente conta com a polícia judiciária e contamos também com o acaso das pessoas, que não raramente encontram, e acionam o poder público para que se gente possa realizar justiça neste contexto [...]Ele é um foragido. Nós lamentamos as circunstâncias que ele conseguiu a liberdade.

Durante visita à Rede Record em São Paulo - SP, o promotor Luiz Henrique Dal Poz foi recebido pelo colunista Zacarias Pagnanelli. Ele participou ainda do programa da Record News Cartão de Visita, apresentado por Débora Santilli.


O promotor do Ministério Público Luiz Henrique Dal Poz participou do Programa Cartão de Visita, da Record News


Zacarias Pagnanelli, Ana Hickmann e os promotores do Ministério Público de São Paulo Luiz Henrique Dal Poz e Eduardo Ferreira Valério (Foto: Rede Record)

Fonte: R7

Além do Tele História, a coluna Cartão de Visita é publicada em diversos jornais do interior de São Paulo e Minas Gerais. Os primeiros jornais a publicar a coluna foram O Santarritense, A Gazeta, O Farol, de Santa Rita do Passa Quatro (SP), O Jornal Da Cidade, de Atibaia (SP) e o Correio do Papagaio, de Aiuruoca (MG), que circula em 28 cidades do sul de Minas. O programa Cartão de Visita, apresentado por Débora Santilli, é exibido na Record News à meia-noite de sábado para domingo.