Cultura - Música

Livro retrata biografia do cantor sertanejo Teodoro

25 de Setembro de 2014

 

A história escrita no livro “Teodoro – Um Ídolo Sertanejo” pelos autores Apollo Theodoro e Domingos Pellegrini relata a emocionante e sofrida vida de Teodoro. O menino Aldair tanto pediu que o lavrador Lázaro Teodoro da Silva, mesmo vivendo apertado “com os tostões do cabo da enxada”, um dia deu um cavaquinho ao filho de seis anos. Mais de meio século depois, o músico e cantor Teodoro, que adotou artisticamente o nome do pai, mareja os olhos para dizer que “com aquele cavaquinho meu pai abençoou minha carreira, e a coisa que mais lamento na vida é que ele morreu antes de ver meu sucesso”.

Com mãos calejadas, o pai tocava viola e cantava nos sítios onde trabalhava de meeiro, e os primeiros duetos musicais do menino seriam com o pai. “Aquele cavaquinho” – lembra Teodoro – “ele me deu também para que eu realizasse um sonho dele, que era ser cantor profissional e nunca pôde nem tentar, sempre dedicado a trabalhar para manter a família. Por isso, quando eu consegui, me prometi honrar o sonho que ele teve, com uma carreira que orgulhasse minha mãe e, depois, meus filhos, seus netos.”

 

Duplas

A biografia conta como não foi fácil chegar ao sucesso. “Teodoro” – diz Apollo – “é exemplo de luta por um sonho. Ele literalmente trocou o cabo da enxada pelo violão, mas houve tempo em que batia enxada a semana inteira, para ir cantar nas rádios no fim de semana. Muitos teriam se contentado com isso, mas ele insistiu, educou a voz, aprimorou-se como instrumentista e músico, fez parcerias, tornou-se compositor, sempre trabalhando já como publicitário ou corretor de terras, até o dia em que pôde passar a viver só de música”.

Mesmo assim, conta Teodoro no livro, “tinha dia em que eu e meu parceiro comíamos arroz com tomate no almoço e tomate com arroz na janta”.  Com Zé Tapera, Teodoro formou dupla por mais de década, e em 1968 foram tentar a sorte em São Paulo, ele já como cabeça da dupla, levando a esposa Bárbara e o primeiro filho, Marcello. Mas só em 75 viria o primeiro sucesso, a música Tchau Amor, de Peão Carreiro, Ado e Praiense, já com a voz grave de Teodoro em primeiro plano, coisa rara na música sertaneja.

Quando separou de Zé Tapera, Teodoro criou a dupla Teodoro & Sampaio, inspirando-se no nome da pequena cidade Teodoro Sampaio, onde apresentara um de seus milhares de shows em circos.  Com Gentil Aparecido da Silva, o primeiro Sampaio, lançou sanfona na música sertaneja, em ritmo dançante e com a dupla cantando no modo “aço”, as vozes em uníssono. “Modernizamos a música sertaneja” – lembra Teodoro – “na crista da onda formada por Tibagi e Miltinho, Léo Canhoto e Robertinho, Milionário e José Rico”.

Premiando a dedicação e as inovações, o sucesso estrondou com Vestido de Seda, disco que em 1984 ganhou o primeiro Disco de Ouro da dupla. A música chefe, de Alcino Alves e Teodoro, tinha o título de Pedaço de Pano, vetado pela censura da ditadura, então mudado para Vestido de Seda, “o que talvez pode até ter ajudado mais para o sucesso”. O livro tem incontáveis revelações como esta.

Depois, Teodoro formaria a dupla com novo Sampaio, Alcino Alves. O atual Sampaio voltou a ser o primeiro, Gentil, compartilhando com Teodoro uma agenda de shows tocada por três dezenas de pessoas, entre músicos, técnicos e pessoal de administração e apoio. Com muitas fotos, o livro narra também a faceta empresarial de Teodoro, por isso admirado no meio artístico.

Conforme Domingos Pellegrini, “mais que uma biografia, o livro apresenta uma história da música sertaneja condensada num artista que simboliza mudanças e avanços, tanto técnicos e artísticos como empresariais, através de um painel de cenários que vai desde a era dos circos até este tempo em que um show é filmado e colocado no ar, tem tempo real, pelo próprio público com seus celulares. Teodoro é a síntese de todas essas transformações em sete décadas, e o livro é uma celebração de talento, garra, parcerias e crença no trabalho e na arte”.  

 

 

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