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Do telejornal ao feed: como a revolução das mídias sociais mudou a comunicação

11 de Dezembro de 2025

Especialista avalia por que as redes sociais se tornaram a principal fonte de informação e como isso redefiniu a credibilidade

Por Redação 

Foto: Divulgação

O piscar da tela iluminava a sala de estar onde a família se reunia. Era naquele momento, que a informação chegava às casas para, somente no dia seguinte, repercutir entre as pessoas. A cena parece distante da realidade atual. Nos últimos quinze anos, a comunicação passou pela maior transformação desde a popularização da televisão. O que antes dependia de redações, ilhas de edição e cronogramas de exibição, agora cabe na palma da mão. As mídias sociais redefiniram o tempo, o formato e o papel do jornalismo, alterando também a maneira como o público consome, interpreta e participa das notícias.

Um levantamento do Reuters Institute for the Study of Journalism - o Digital Report 2025 - indica que no Brasil e em diversos países a tendência de migração para “mídia online” é clara: redes sociais, apps, portais, vídeo e novas plataformas dominam a preferência. No grupo entre 18 e 24 anos, a penetração das redes sociais como principal fonte de informação é ainda maior: segundo esses dados, 44% desse público declara consumir notícias principalmente por redes sociais e plataformas de vídeo. Entre adultos, apenas 7% declaram frequentemente ler jornais ou revistas impressas para se informar. 
 
Para entender essa mudança, ouvimos uma profissional que viveu as duas eras: a comunicadora, jornalista e especialista em marketing e comunicação e habilidades da comunicação Raquel Rocha, que atuou por 15 anos como repórter e apresentadora de TV e hoje analisa a comunicação sob uma perspectiva integrada entre técnica, comportamento e narrativa.

A migração do espectador passivo para o usuário ativo moldou um cenário onde todos podem ser emissores, editores e comentaristas. A instantaneidade se tornou regra, e a disputa pela atenção ganhou força inédita. Isso exige dos comunicadores profissionais mais agilidade e criatividade para manter a atenção do espectador. Em contrapartida, a enxurrada de notícias, pode ser um ponto de alerta no que tange a responsabilidade e apuração dos fatos”, avalia a especialista. 

A virada histórica: da bancada à timeline

A ascensão das redes sociais não apenas multiplicou canais; ela alterou a lógica da comunicação. Se antes os grandes veículos detinham a mediação completa — apuração, edição, narrativa e distribuição —, hoje qualquer usuário pode produzir conteúdo, influenciar opiniões e competir com veículos tradicionais.

Na televisão, o telespectador assistia ao conteúdo produzido por profissionais treinados, com apuração rigorosa e padrões editoriais. No ambiente digital, a velocidade se sobrepõe ao processo, e o algoritmo decide o que cresce ou desaparece.

Para Raquel Rocha, essa mudança trouxe impactos profundos não só na forma de fazer jornalismo, mas também na maneira como as pessoas recebem a notícia. 

No jornalismo tradicional, havia uma estrutura rígida de checagem, clareza e responsabilidade com a informação. Nas mídias sociais, a comunicação é imediata, emocional e, muitas vezes, impulsiva. O público passou a valorizar não apenas a notícia, mas quem a apresenta, como se posiciona e o que representa. O fato por si só não se sustenta. É preciso haver identificação entre receptor e emissário para que a notícia se espalhe”. 

Quando todos viram comunicadores

A expansão das redes sociais produziu algo inédito: milhões de vozes buscando espaço. A consequência direta foi a popularização da comunicação como habilidade essencial, não mais exclusiva aos profissionais de imprensa.

Segundo Raquel, essa descentralização abriu as portas para novos formatos, mas também exigiu um novo tipo de profissional:

Quem não entende de comunicação hoje fica para trás. A diferença é que antes você precisava de um diploma e de um veículo para falar com milhares; agora, você precisa de clareza, consistência e identidade.”

Foto: Divulgação

A experiência de quem viveu os dois mundos

A comunicóloga Raquel Rocha lembra com clareza da disciplina que o jornalismo lhe deu: o rigor da apuração, o cuidado com a edição, a narrativa precisa. Durante os anos em que trabalhou na TV, ela se destacou pelas reportagens bem construídas e com linguagem acessível. A profissional vê que, nas redes sociais, outras habilidades são exigidas:
    •    espontaneidade,
    •    proximidade com a audiência,
    •    adaptabilidade,
    •    criação de linguagem própria,
    •    entendimento de comportamento e emoções,
    •    leitura do contexto cultural, qualidades que Raquel já demonstrava no formato televisivo. Era considera uma das repórteres mais populares da Record Tv Minas.

Entender de pessoas nunca foi tão importante. As redes sociais escancaram inseguranças, emoções, comparações. Saber comunicar com verdade se tornou uma ferramenta não só profissional, mas humana.”

Se a televisão exigia postura impecável, precisão e neutralidade, as redes sociais pedem um outro tipo de presença: autenticidade com método.

Na visão de Raquel, esse é o ponto onde muitos profissionais e criadores se confundem:

Autenticidade não é falar tudo que vem à cabeça. É comunicar sua verdade com responsabilidade, consciência e propósito.”

E é aqui que entra sua expertise em comunicação assertiva, habilidade que, segundo ela, se tornou fundamental na era digital:

A comunicação assertiva permite que você se posicione sem agressividade, se expresse sem medo e se defina sem pedir desculpas. Isso vale para profissionais, criadores, líderes e para qualquer pessoa que deseja crescer nas redes.

Para Raquel, o futuro não está na exclusão da mídia tradicional, mas na integração entre os dois mundos:

O bom comunicador de hoje é aquele que entende a essência do jornalismo e a dinâmica das redes. O que sabe informar, mas também conectar. O que entende de técnica, mas também de gente.”

Em um cenário onde a atenção é disputada por milhões de vozes, a expertise em comunicação nunca foi tão valiosa. E profissionais como Raquel Rocha mostram que, mais do que acompanhar as mudanças, é possível liderá-las com inteligência, propósito e sensibilidade.

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