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Nei Lopes e Luiz Antônio Simas celebram a cultura brasileira no Clube de Leitura CCBB 2025

10 de Novembro de 2025

Autores se encontram no Centro Cultural Banco do Brasil Rio de Janeiro no Mês da Consciência Negra

Foto: Divulgação/ Monica Ramalho

No mês da Consciência Negra, o Clube de Leitura CCBB 2025 se debruça sobre a obra do compositor, ensaísta e ficcionista Nei Lopes, cujos livros, tanto no ensaio quanto na ficção, tratam do resgate e da influência das tradições africanas na cultura brasileira. Para acompanhá-lo nesse encontro, foi convidado o mestre em história social pela UFRJ e professor de Ensino Médio, Luiz Antonio Simas.

Os livros que serão temas do debate, no próximo dia 12/11, no CCBB Rio, foram escolhidos pelo público, em votação aberta: De Nei, Bantos, Malês e Identidade Negra e de Simas, O Corpo Encantado das Ruas.

Bantos, Malês e Identidade Negra está na 4ª edição e, de acordo com Nei Lopes, teve acréscimos importantes desde 2021. Foi lançado no ano do Centenário da Abolição, em 1988, e motivou muitos elogios.

"Seu interesse principal foi a retificação de um erro histórico que foi dar ao segmento dos escravizados do grupo Bantos sua real importância na história brasileira, em número, e qualidade de sua mão de obra. Esses novos dados tiravam os Bantos da condição de 'Ancestrais Esquecidos' a que os estudos africanos, segundo opinião geral, os relegava. E um dos mais entusiasmados foi o saudoso senador Abdias do Nascimento, líder inconteste da militância negra no Brasil", avalia Lopes.

Sobre O Corpo Encantado das Ruas, nas palavras do próprio Simas, é um livro que parte do princípio de que as ruas são arquivos vivos da história que ele pesquisa, sobre o que escreve e pela qual se diz apaixonado. "Crianças, funkeiros, amantes desesperados, a beata, a prostituta, a minha mãe, a passista da Mangueira, o filho de Deus e o filho do Diabo, o bicheiro, o empurrador de carro alegórico, o macumbeiro, o portuga do botequim, o Rei Momo, o Menino Jesus do teatrinho da quermesse e a rezadeira suburbana não são objetos da história. São sujeitos dela e desse livro", reforça.

Simas conta que tem as melhores expectativas para o encontro do Clube de Leitura CCBB 2025 e chama Nei de mestre e parceiro. "Ele, para mim, é uma referência intelectual e estar com Nei é sempre uma maneira de fraternalmente aprender."

"Zumbi mais do que nunca passeia por esses elementos incrustados na nossa fala, na nossa religião e nos nossos gestos. É com alegria que o Clube de Leitura traz para seus participantes essa oportunidade de ouro: conhecer melhor nossas raízes e aprender a identificar nossos saberes ancestrais, valorizando-os", destaca a curadora e mediadora do Clube, Suzana Vargas, que convidou também a atriz, poeta e organizadora do Slam das Minas RJ, Gênesis, para este momento.

O encontro acontece em 12 de novembro, a partir das 17h30, na Biblioteca do Centro Cultural Banco do Brasil Rio de Janeiro (CCBB RJ). A entrada é gratuita e os ingressos ficam disponíveis a partir das 9h da manhã do dia do evento, que tem o patrocínio do Banco do Brasil.

Clube de Leitura CCBB completa quatro anos, reforça a interface entre as artes por meio de palavras e se firma como evento internacional de leitura

Com mediação de Suzana Vargas, também curadora do evento, e do poeta Ramon Nunes Mello, a edição de 2025 do Clube de Leitura CCBB pretende trabalhar as relações da literatura com as outras artes: música, teatro, cinema. O objetivo, segundo Suzana, é levar o público leitor a perceber como a palavra rege quaisquer manifestações artísticas.

"Clássicos da literatura, autores contemporâneos, dramaturgos, escritores que expressam parte da alma brasileira, poetas do cotidiano estão programados para essa nova temporada. Com ela pensamos atingir um público mais amplo, diverso, bem como fazer com que os livros sejam compreendidos mais além de suas fronteiras escritas", antecipa a curadora.

O Clube de Leitura CCBB conta com o patrocínio do Banco do Brasil para trazer mais uma vez ao país outros escritores internacionais, como já fez com Mia Couto, José Eduardo Agualusa, Leonardo Padura, Pepetela e muitos, e como mais uma forma de contribuir para a visibilidade da leitura como importante veículo de conhecimento e cidadania.

"A Biblioteca Banco do Brasil, instalada no 5º andar do Centro Cultural Banco do Brasil Rio de Janeiro hoje disponibiliza mais de 250 mil títulos ao público frequentador, gratuitamente, e é uma das bibliotecas com maior extensão de funcionamento diário – das 9h às 20h, incluindo sábados, domingos e feriados. Em 2024, foram mais de 126 mil leitores atendidos. A iniciativa do Clube de Leitura CCBB, criado em 2022, tem se mostrado cada vez mais relevante para aproximar o público frequentador do CCBB das artes literárias, popularizando o tema, o tornando acessível e contribuindo para a reflexão sobre a importância da leitura no mundo contemporâneo", afirma Sueli Voltarelli, Gerente Geral do CCBB Rio de Janeiro.

Os vídeos dos encontros ficarão disponíveis, na íntegra, no YouTube do Banco do Brasil. O projeto vai até dezembro de 2025 e os encontros presenciais são realizados na segunda quarta-feira de cada mês. Monja Coen está entre os próximos autores do encontro, que prevê ainda uma sessão extra, em novembro, sobre os 500 anos de Camões.

O Clube de Leitura CCBB faz parte do calendário oficial do ano do Rio Capital Mundial do Livro.

Sobre os livros

Bantos, malês e identidade negra reúne elementos históricos sobre a formação do Brasil em seu caráter étnico, identitário e cultural, e mostra ao leitor as contribuições dos bantos ao longo desse processo. À guisa de seu envolvimento com a resistência cultural negra no Brasil e na África, Nei Lopes estabelece novos parâmetros sobre a relação entre islamismo e negritude, apresentando uma face da história ignorada por grande parte dos brasileiros.

Esta nova edição atualiza profundamente a bibliografia do livro originalmente lançado em 2007, incluindo obras de autores contemporâneos como Elikia M'Bokolo, Carlos Moore, Alberto da Costa e Silva e Jan Vansina, entre outros. Do ponto de vista historiográfico, aprofunda a importância do povo Zulu como matriz de diversos outros povos bantos. Do ponto de vista sociológico, discute a identidade negra incorporando temas e conceitos atualizados, como supremacismo, racismo estrutural e naturalização do racismo.

Para o professor Joel Rufino dos Santos, "[...] Nei é um híbrido que ironiza (no sentido socrático de contraideologia) suas duas metades. É um aglutinador de pobres negros suburbanos e intelectuais propriamente ditos".

O corpo encantado das ruas: As ruas, como vistas por Luiz Antonio Simas em O corpo encantado das ruas, incorporam o movimento. São terreiro de encontros improváveis, território de Exu, que se manifesta na alteridade da fala e na afluência das encruzilhadas. Do Centro ao subúrbio, as tramas das ruas cariocas confundem-se com sua escrita.

Se João do Rio foi o cronista da alma encantada carioca do início do século XX, Luiz Antonio Simas aparece, cem anos depois, como o historiador do corpo do Rio de Janeiro atravessado pelas flechas do capital cultural e financeiro global. Por isso, contra a barbárie civilizatória, surgem suspiros e mariolas nas sacolinhas de São Cosme e Damião, a simpatia de São Brás para não engasgar, as conversas na feira, o cotidiano da quitanda e o boteco da esquina.

O corpo encantado das ruas reivindica a riqueza dos saberes, práticas, modos de vida, visões de mundo das culturas que não podem ser domados pelo padrão canônico. Dá um olê na historiografia oficial. Aqui, tambor e livro são tecnologias contíguas. O Parque Shanghai é tão importante quanto o Cristo Redentor. Bach é um gênio como Pixinguinha. O Museu Nacional, um território sagrado, que acumulava o axé proporcionado pelos ancestrais à comunidade.

"Este não é um livro sobre resistir. É sobre reexistir. Reinventar afetos, aprender a gramática dos tambores, sacudir a vida para que surjam frestas. Para que corpos amorosos, corpos de festa e de luta se lancem ao movimento e jamais deixem de ocupar a rua."

Sobre os convidados

Nei Lopes - afrodescendente nascido no subúrbio carioca em 1942, é escritor e compositor de música popular, além de bacharel em direito e ciências sociais. Desde 1981, já publicou mais de 40 livros de diversos gêneros, entre romances, contos, ensaios, poesia e dicionários. Sua obra como compositor, iniciada em 1972, tem mais de 350 títulos gravados por grandes nomes da música brasileira.

Luiz Antonio Simas - carioca, filho e neto de pernambucanos e alagoanas. Mestre em História Social pela UFRJ, professor de história, educador popular, escritor, poeta e compositor, tem mais de trinta livros publicados sobre culturas de rua do Brasil. Desde a publicação de seu primeiro livro, O vidente míope (Folha Seca, 2009), foi finalista do Prêmio Jabuti em três ocasiões, com as obras Coisas nossas (José Olympio, 2017), O corpo encantado das ruas (Civilização Brasileira, 2019) e Sonetos de birosca e poemas de terreiro (José Olympio, 2022), seu primeiro livro de poesia. Foi ganhador do mesmo prêmio na categoria Livro do Ano de 2016, em parceria com Nei Lopes, pelo Dicionário da história social do samba (Civilização Brasileira, 2015). Suas canções foram gravadas por artistas como Maria Rita, Marcelo D2, Criolo, Rita Benneditto e Fabiana Cozza. Também atuou como curador das exposições "Crônicas cariocas" (Museu de Arte do Rio), ao lado de Conceição Evaristo; "Semba/Samba: corpos e atravessamentos", junto a Nei Lopes e com curadoria artística e projeto museográfico dos carnavalescos Leonardo Bora e Gabriel Haddad; e "Aos heróis da liberdade" (Museu do Samba/RJ), com Gringo Cardia. Mantém há mais de quinze anos projetos populares de aulas públicas em ruas, praças, botequins, coretos, quadras de escolas de samba e terreiros.

Gênesis - Gênesis é atriz, poeta e organizadora do Slam das Minas RJ. Cria de Nova Iguaçu, Morro Agudo. Especuladora do futuro, faz da própria vida campo de pesquisa. Autora de "Delírios de (R)existência" (2019, Padê Editorial) e "Terra Santa" (2023, Alma Revolucionária). Publica poesias em fanzines como "O poema sai enquanto você entra""Brincadeira das Horas""A saúde do Poema""Café da Manhã dos Malditos" e "Químico Amor". Sua poesia se expande também na música, onde participou da Abertura do álbum da Cantora Zélia Duncan, "Eu sou Mulher, sou Feliz" e do single, "Refazendo a cabeça" de Leci Brandão. Estreou como compositora em parceria com Maíra Freitas e Jazz das Minas com a música "O nascimento do Amor".

Sobre o Clube de Leitura CCBB

Os encontros do Clube acontecem no Salão de Leitura da Biblioteca Banco do Brasil, localizada no quinto andar do CCBB Rio, até dezembro, sempre na segunda quarta-feira de cada mês, com entrada gratuita, mediante retirada dos ingressos na bilheteria do CCBB RJ ou pelo site bb.com.br/cultura. A mediação é da curadora Suzana Vargas e do poeta Ramon Nunes Mello e o microfone será aberto para a plateia nos 30 minutos finais dos encontros.

A gravação integral será disponibilizada no canal do Banco do Brasil no YouTube, na semana seguinte ao evento. Em 2024, 2515 pessoas participaram presencialmente do Clube e foram feitos milhares de acessos na playlist dele. A edição do ano passado recebeu os escritores Marilene Felinto, Eliana Alves Cruz, Viviane Mosé, Eliane Potiguara, Eliane Brum, Anapuaká Tupinambé, Lilian Schwarcz, Beatriz Resende, Luiz Fernando Soares, Nadia Batella Gontlib, Melina Dalboni, Tom Grito, Rita Von Hunty e Ramon Mello, Luiz Eduardo Soares, MV Bill, Leonardo Padura, Rodrigo Labriola, Pepetela, Carmen Tindó, Jeferson Tenório e Itamar Vieira Jr., Frei Betto e Magali Cunha.

A Biblioteca Banco do Brasil foi fundada em 1931, voltada para as áreas de Administração, Finanças e Economia. Com a criação do Centro Cultural, em 1989, o acervo foi ampliado para as áreas de Artes, Literatura e Ciências Sociais e hoje possui mais de 250 mil exemplares, em constante atualização, ocupando todo o quinto andar deste prédio centenário.

Sobre os mediadores

Suzana Vargas é poeta, ensaísta, escritora e professora e mestre em Teoria Literária pela UFRJ. Publicou 16 livros, entre os quais Caderno de Outono, finalista do prêmio Jabuti. Tem poemas traduzidos em países como Itália, Estados Unidos, Espanha, Alemanha e França. Fez a curadoria de importantes projetos literários para feiras e eventos nacionais e internacionais como as Bienais do Livro do Amazonas, do Rio de Janeiro e de São Paulo, a Primavera dos Livros, a campanha Paixão de Ler e os Encontros com a Literatura Latino-Americana do Centro Cultural do Banco do Brasil. Assina a coluna mensal "Escrever para Lembrar" no portal Publishnews - 2021. Há 29 anos criou e coordena o espaço de oficinas de criação literária Estação das Letras, único no país.

Ramon Nunes Mello é poeta, escritor e ativista dos direitos humanos. Autor dos livros Vinis mofadosPoemas tirados de notícias de jornalHá um mar no fundo de cada sonho e A menina que queria ser árvore. Organizou Tente entender o que tente dizer: poesia + hiv / aids (2018), Ney Matogrosso, Vira-Lata de Raça – memórias (2018) e Escolhas, autobiografia intelectual de Heloisa Buarque de Hollanda. Poeta convidado do Rio Occupation London no Battersea Arts Centre (Londres, 2012) e da Festa Literária Internacional de Paraty (2016).

SOBRE O CCBB RJ

Inaugurado em 12 de outubro de 1989, o Centro Cultural Banco do Brasil Rio de Janeiro marca o início do investimento do Banco do Brasil em cultura. Instalado em um edifício histórico, projetado pelo arquiteto do Império, Francisco Joaquim Bethencourt da Silva, é um marco da revitalização do centro histórico da cidade do Rio de Janeiro. São 36 anos ampliando a conexão dos brasileiros com a cultura com uma programação relevante, diversa e regular nas áreas de artes visuais, artes cênicas, cinema, música e ideias. Quando a cultura gera conexão ela inspira, sensibiliza, gera repertório, promove o pensamento crítico e tem o poder de impactar vidas. A cultura transforma o Brasil e os brasileiros e o CCBB promove o acesso às produções culturais nacionais e internacionais de maneira simples, inclusiva, com identificação e representatividade que celebram a pluralidade das manifestações culturais e a inovação que a sociedade manifesta. Acessível, contemporâneo, acolhedor, surpreendente: pra tudo que você imaginar.

SERVIÇO
Clube de Leitura CCBB 2025
Ficções Negras

Encontro presencial – 12 de novembro de 2025 às 17h30
Evento Gratuito
Classificação indicativa: 14 anos
Ingressos disponíveis na bilheteria do CCBB ou pelo site bb.com.br/cultura a partir das 9h do dia do encontro.
Centro Cultural Banco do Brasil
Rua Primeiro de Março, 66, Centro, Rio de Janeiro/RJ.
Biblioteca Banco do Brasil – 5º andar
Contato: (21) 3808-2020 | ccbbrio@bb.com.br
Mais informações em bb.com.br/cultura

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