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Dor crônica: quando os medicamentos já não bastam

14 de Outubro de 2025

A dor é uma experiência universal — mas, para milhões de pessoas, ela deixou de ser um sintoma passageiro e tornou-se um modo de existir. A dor crônica, aquela que persiste por mais de três meses e ultrapassa o tempo esperado de cicatrização, afeta não apenas o corpo, mas também a mente, o sono, as emoções e a vida social. Ela reconfigura a forma de estar no mundo.

Foto: Divulgação
 

O impacto invisível da dor crônica

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 30% da população mundial vive com algum tipo de dor crônica. No Brasil, com cerca de 80 milhões de pessoas sofrendo de dor crônica , ela é uma das principais causas de afastamento do trabalho e perda de qualidade de vida. Entre as formas mais comuns estão a dor lombar, as dores articulares, a fibromialgia, as cefaleias crônicas e as dores neuropáticas (como as que surgem após cirurgias, traumas ou diabetes).

Mas o impacto vai muito além da sensação física. A dor crônica altera o humor, o raciocínio, o sono, a libido, o apetite e até a percepção do tempo. Ela afeta vínculos, relacionamentos e a identidade pessoal. Não é raro que o paciente se veja reduzido à própria dor — e é justamente aí que o tratamento precisa ir além do remédio.

Quando os medicamentos não bastam

Durante décadas, o foco terapêutico esteve nos fármacos — analgésicos, anti-inflamatórios, opioides, antidepressivos e anticonvulsivantes. Embora essenciais em muitas etapas, eles nem sempre resolvem o problema. Com o tempo, o cérebro “aprende” a sentir dor: o sistema nervoso entra em um estado de hipersensibilidade, em que até estímulos inofensivos se tornam dolorosos. Esse fenômeno é conhecido como sensibilização central — e exige abordagens mais amplas e inteligentes.

Hoje, a medicina da dor moderna e integrativa busca restaurar o equilíbrio do sistema nervoso, reeducar o cérebro e o corpo a se comunicarem de forma saudável, e estimular mecanismos naturais de regeneração.

Novas fronteiras no tratamento: tecnologia, regeneração e integração

Nos últimos anos, o avanço das tecnologias médicas abriu novas possibilidades para pacientes que já haviam tentado de tudo. Entre as ferramentas que revolucionam o cuidado com a dor crônica estão:
    •    Neuromodulação não invasiva – técnicas como micro correntes elétricas , estimulação transcraniana e estimulação do nervo vago ajudam a regular a atividade cerebral e autonômica, reduzindo dor, fadiga, ansiedade e melhorando o sono.
    •    Fotobiomodulação (led e laser  de alta potência) – age diretamente na mitocôndria celular, promovendo reparo tecidual, controle da inflamação e analgesia sem efeitos colaterais sistêmicos.
    •    Terapia por ondas de choque – estimula a regeneração de tecidos, melhora a vascularização e modula vias neuromusculares em tendinites, dores miofasciais e neuropatias.
    •    SIS (Super Inductive System) – campo eletromagnético de alta intensidade capaz de ativar músculos profundos, aliviar dor e promover efeito analgésico rápido em quadros agudos e crônicos.
    •    Terapias regenerativas e biológicas – uso de plasma rico em plaquetas (PRP), ozonioterapia e outras estratégias biomodulatórias que estimulam a autorreparação tecidual e modulam a inflamação.
    •    Abordagens integrativas – práticas como acupuntura, mindfulness, aromaterapia, Pilates clínico, fisioterapia integrativa e reeducação postural ajudam a reequilibrar corpo e mente, reduzindo o estresse e reprogramando o sistema nervoso.

A visão integrativa da dor

O tratamento da dor crônica precisa ser personalizado e multidimensional. Envolve o olhar atento de médicos, fisioterapeutas, psicólogos, nutricionistas e educadores físicos. Afinal, tratar a dor é também tratar o sono, o movimento, a alimentação e as emoções.

Cada tecnologia, cada intervenção e cada gesto de cuidado têm um papel no processo de reaprendizagem do cérebro da dor — um processo de reprogramação e reconexão com o próprio corpo.

Uma nova esperança

O Dia Mundial da Dor nos lembra que ninguém deveria viver com sofrimento constante. Que sentir dor não é “normal”, e que o tratamento precisa evoluir junto com a ciência. Quando os medicamentos já não bastam, o futuro da medicina aponta para a integração: neurociência, tecnologia e humanidade caminhando lado a lado.

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