Psicoterapeuta reflete sobre os impactos emocionais da inteligência artificial na forma como nos vemos e nos relacionamos conosco
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A inteligência artificial está cada vez mais presente no cotidiano, seja para agilizar tarefas, criar conteúdo ou até gerar imagens que impressionam pela criatividade e realismo. Esse avanço tecnológico amplia possibilidades e abre novos caminhos de expressão, mas também levanta questões importantes sobre identidade, autenticidade e autoestima. É nesse ponto que a psicoterapeuta Daniele Caetano, fundadora da Caminhos da Terapia e da Mentoria Bem Me Quero, propõe uma reflexão: até onde a IA pode nos aproximar da nossa essência — e até onde pode nos afastar dela?
“A inteligência artificial chegou com força e hoje já faz parte do nosso dia a dia. Seja para agilizar tarefas, seja para criar conteúdo, seja até para gerar imagens incríveis. É bonito ver como a tecnologia pode ampliar possibilidades. Mas como toda novidade, ela também nos convida a refletir: até que ponto isso nos aproxima da nossa essência e até que ponto pode nos afastar dela?”, questiona a especialista.
O lado positivo
Segundo Daniele, a IA pode trazer ganhos importantes quando usada de forma consciente:
· Criatividade sem limites: permite experimentar estilos, cenários e versões de nós mesmos que talvez nunca viveríamos na prática.
· Inspiração: imagens geradas podem despertar ideias, sensações e até motivação para explorar novas possibilidades.
· Ferramenta de expressão: oferece acesso democrático a recursos visuais que, muitas vezes, não estariam disponíveis para todos.
Os pontos de atenção
Apesar dos benefícios, a psicoterapeuta alerta para riscos emocionais e psicológicos:
· Comparação interna: ao se encantar mais com uma versão “perfeita” criada pela IA do que com a própria imagem real, a sensação de insuficiência pode aumentar.
· Distanciamento da autenticidade: idealização não deve ser confundida com identidade; o valor do que é genuíno precisa ser preservado.
· Dependência: quando a autoimagem passa a existir apenas através de filtros ou ferramentas, aspectos reais de si mesmo podem ser negados.
Não perder a essência humana
“As montagens são legais para inspirar, mas não substituem o valor de uma experiência real. Ir até um estúdio de fotografia, se maquiar, dar risada, viver esse momento em família ou com amigos… tudo isso vai muito além da imagem: é memória, é afeto, é contato humano. A tecnologia pode somar, mas não deve apagar o brilho daquilo que só o humano pode oferecer”, reforça Daniele.
“A IA não é vilã, nem heroína. É apenas uma ferramenta. O ponto é: como estamos nos relacionando com ela? Se for para nos divertir, inspirar e somar, ela é incrível. Mas se começar a substituir o nosso olhar amoroso por quem somos de verdade — e até mesmo o prazer de viver experiências reais — talvez seja hora de pausar e se perguntar: qual é a imagem que eu realmente quero cultivar de mim mesma?”, conclui a psicoterapeuta.
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