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Foto: Divulgação |
Mestre em finanças por Harvard e NYU, o CEO da Quist Investimentos detalha a “tempestade perfeita” que levou empresas, sobretudo do agro, a buscarem soluções urgentes.
Na última semana, a Serasa divulgou dados alarmantes: o Brasil bateu recorde de recuperações judiciais em 2025, puxado principalmente pelo setor agro. Para entender o que está por trás desse cenário, conversamos com Douglas Duek, 43 anos, mestre em finanças com formação em Harvard e New York University. Ele é fundador e CEO da Quist Investimentos, empresa com 17 anos de atuação e referência nacional em reestruturação de companhias, especialmente no agronegócio e em segmentos em crise.
Somos uma assessoria financeira voltada para empresas em momentos críticos, desde sinais leves de instabilidade até crises profundas. Atuamos na reestruturação da operação, renegociação de dívidas e na captação de capital, seja por meio de investidores, financiamentos estruturados ou, em casos mais extremos, via recuperação judicial. Nosso trabalho é reposicionar o negócio, ajustar sua estrutura e devolver viabilidade.
São muitos fatores atuando ao mesmo tempo. Trabalhamos com recuperação judicial há 17 anos, praticamente desde que a lei foi criada, há 20. Já conduzimos mais de 400 casos com sucesso. Até dois anos atrás, essa era uma recomendação que fazíamos em menos da metade dos atendimentos, quase sempre em situações pontuais, como a crise da Lava Jato, que afeta setores específicos.
Hoje, o cenário é outro: temos uma verdadeira tempestade perfeita. Diversos setores fragilizados, fundamentos econômicos fracos, juros impraticáveis e um ciclo prolongado de estagnação. O reflexo é claro: nossa demanda aumentou 400% só em 2025. Nunca atendemos tantas empresas e produtores buscando uma análise séria da situação.
Sim. Quando não há acordo viável com credores, especialmente com os juros nos níveis atuais, a recuperação judicial se torna a única alternativa estratégica. Não é o caminho mais confortável, mas muitas vezes é o mais eficaz: interrompe execuções, leilões e bloqueios, reposiciona a empresa, melhora a estrutura de dívidas e abre espaço para entrada de novos recursos.
Além de interromper cobranças e execuções, a recuperação judicial dá fôlego para reorganizar a empresa com base em um plano viável. Facilita a renegociação das dívidas, preserva empregos e garante a continuidade das operações. Do ponto de vista jurídico, cria um ambiente seguro para atrair investidores, com transparência e previsibilidade. É, de fato, uma ferramenta de reconstrução.
Claro. Cada caso exige um plano específico. Muitas vezes conseguimos resolver com alongamento amigável de dívidas, refinanciamentos com fundos que assumem débitos vencidos (quando os bancos recusam prorrogação) ou até investidores que entram como sócios estratégicos. A recuperação judicial é uma das opções, mas não a única.
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Foto: Divulgação |
Infelizmente, sim. Enquanto os fundamentos da economia não melhorarem juros, produtividade, crédito e demanda o cenário continua desafiador. Com base nos dados que acompanhamos, não vemos uma reversão sólida antes de 2026.
Hoje, o caminho mais rápido é pelo meu Instagram. Lá compartilho mais de cinco anos de conteúdo, entrevistas, podcasts e, claro, há a possibilidade de entrar em contato direto comigo ou com nosso time.
A analogia é simples: se fosse uma doença grave, você procuraria um médico ou se automedicaria? Negociar sozinho com bancos ou fornecedores pode parecer mais simples, mas, na prática, você vira cobaia de si mesmo. Buscar ajuda profissional é o passo mais inteligente. E quanto antes, melhor.