Episódio está disponível nos principais tocadores de áudio
![]() |
Ana Guimarães |
O Brasil importa quase todo o lúpulo usado na fabricação de cerveja, mas uma pesquisa da USP de Ribeirão Preto mostra que não precisa ser assim. Estudo desenvolvido no Programa de Pós-Graduação em Ciências Farmacêuticas da Faculdade de Ciências Farmacêuticas está comprovando que o lúpulo cultivado em solo nacional tem a mesma qualidade química que o importado — um dado estratégico para a indústria, já que o país é o terceiro maior consumidor de cerveja do mundo, com 7,8% do consumo global e 15 bilhões de litros produzidos por ano.
Este é o tema do último episódio da temporada do QSPodcast, canal de divulgação científica do Programa, que apresenta o trabalho de mestrado da bióloga Ana Guimarães, intitulado "Estudo de impressões digitais metabólicas de tricomas glandulares de inflorescências de Humulus lupulus L.". Ela analisou as glândulas do lúpulo, chamadas tricomas glandulares, responsáveis pela biossíntese de compostos como os alfa-ácidos, que conferem amargor à bebida. A pesquisa gerou dados inéditos sobre o lúpulo nacional e mostrou que o cultivo no Brasil não compromete a presença dos principais compostos de interesse cervejeiro.
“Não tem porquê ter que ser apenas o cultivo lá fora. Então a gente não tem que importar 99% do cultivo que a gente usa”, afirma Ana.
No episódio, o professor Fernando Costa, farmacêutico e pesquisador da USP, um dos pioneiros a investigar a viabilidade do cultivo nacional, fala sobre o histórico da pesquisa sobre a planta no país. Além do trabalho da Ana, seu grupo de pesquisa já publicou outros trabalhos atestando quanto à qualidade do lúpulo cultivado em solo nacional. Ele explica que a principal barreira é a necessidade de luz diária em regiões tropicais, superada com o uso de placas de LED que praticamente dobram a produtividade. Para tornar o lúpulo nacional uma realidade para indústria, a próxima etapa seria garantir a oferta de material de qualidade com constância e quantidade adequada.
Além da viabilidade agronômica, fisiológica e química, o estudo revelou que não apenas os tricomas, mas também a inflorescência completa do lúpulo contribui com compostos relevantes, como os flavonoides, ampliando o potencial de aproveitamento da planta no país.
Sobre o QSPodcast
O QSPodcast é o canal de divulgação científica do Programa de Pós-Graduação em Ciências Farmacêuticas da USP de Ribeirão Preto. A temporada atual é produzida sob a coordenação da professora Hossana Maria Debonsi, pela Texto & Cia Comunicação, com roteiro e edição de Daniela Antunes. Os episódios têm formato narrativo e aproximam o conhecimento acadêmico da sociedade.