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Goiás decreta emergência por síndrome respiratória e especialista orienta como agir

8 de Julho de 2025

Uso de máscara, vacinação e atenção aos sinais de agravamento são medidas fundamentais para reduzir os riscos de contaminação e internação

Aumentaram os casos de infecções respiratórias graves em Goiás e, com isso, o Governo do Estado decretou situação de emergência em saúde pública. O motivo é o avanço da Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), condição caracterizada por uma infecção respiratória severa, que ocasiona dificuldade para respirar e lesões nos pequenos sacos de ar nos pulmões responsáveis pelas trocas gasosas (alvéolos pulmonares), o que compromete a oxigenação do sangue. 

O alerta segue por todo o Brasil. O último Boletim InfoGripe da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), divulgado no dia 3 de julho, mostra que o número de casos de SRAG permanece em níveis elevados na maior parte do País. Em Goiás, a primeira metade do ano de 2025 já contabilizou mais de 6 mil registros da infecção respiratória, segundo dados da Secretaria de Estado da Saúde de Goiás (SES-GO). Esse quadro tem pressionado as redes hospitalares e provocado alta de mais de 33% nas solicitações de internação.

Em meio à circulação de vírus como Influenza, Covid-19, Vírus Sincicial Respiratório e Rinovírus, a orientação é redobrar os cuidados. A médica otorrinolaringologista Juliana Caixeta explica que a SRAG representa um agravamento de infecções respiratórias. “A Síndrome Respiratória Aguda Grave é um quadro de grande dificuldade respiratória e dificuldade de troca de oxigênio nos pulmões, causada por uma infecção respiratória severa. As causas mais comuns são as infecções virais”, afirma.

Quando um resfriado vira caso de atenção

A médica alerta que quadros gripais podem evoluir para SRAG, especialmente em públicos mais vulneráveis. A médica alerta que, embora a gripe comum costume evoluir bem na maioria dos casos, ela pode se tornar perigosa quando atinge determinados grupos. 

Crianças pequenas, idosos e pessoas com o sistema imunológico comprometido — como pacientes em quimioterapia ou transplantados — estão entre os mais suscetíveis a complicações. “Essa evolução para quadros graves é mais comum em menores de dois anos, acima dos 65 e em imunossuprimidos”, detalha Juliana Caixeta.

Além disso, a especialista aponta que a principal diferença entre uma gripe comum e um caso de SRAG se caracteriza na intensidade dos sintomas. “O principal sintoma é a falta de ar intensa, que dificulta a realização de atividades cotidianas. Caso a pessoa tenha um oxímetro para avaliação, na SRAG a saturação normalmente está abaixo de 92%”.

Para casos com sintomas gripais leves, a recomendação é procurar por um diagnóstico médico. “Existe a possibilidade de realização de teste rápido, o que auxilia muito na identificação do vírus e na condução do tratamento”, completa.

A presença de febre e tosse em crianças deve ser encarada com atenção, especialmente no ambiente escolar. “Crianças com quadros gripais, especialmente na presença de febre, não devem ir à escola”, reforça Juliana Caixeta.

Entre os fatores que aumentam o risco estão também doenças respiratórias crônicas e a ausência de vacinação. Para esses públicos, qualquer sinal de agravamento — como febre persistente, dificuldade para respirar ou cansaço fora do comum — exige atenção imediata.

Máscara, vacina e isolamento: medidas seguem válidas

Diante deste cenário de emergência, o uso de máscaras volta a ser uma medida importante, especialmente para pessoas já vulneráveis e para aquelas com risco maior de desenvolver complicações. Segundo a médica, quem está gripado deve evitar circular em locais fechados, usar máscara para reduzir o risco de contágio e repousar.

A vacinação também continua sendo uma das principais estratégias de prevenção. Mesmo quem está fora dos grupos de risco pode se infectar, ter sintomas leves e transmitir o vírus para alguém com maior vulnerabilidade. Dessa forma, a especialista lembra que qualquer pessoa pode transmitir infecções, mesmo sem perceber. “Muita gente tem infecção assintomática e não se dá conta de que está espalhando o vírus”.

Número de vacinados segue baixo

Apesar da campanha nacional de vacinação contra Influenza ter sido aberta para toda a população desde maio, os dados mais recentes da SES-GO mostram que Goiás tem apenas 39% de cobertura vacinal, com apenas 1.502.876 doses aplicadas.

Em 2024, entre os grupos prioritários, esse índice chegou a 48,74%. A baixa adesão preocupa especialistas e gestores públicos. Para a médica, é preciso que médicos, profissionais da saúde e autoridades falem mais sobre o assunto. Segundo Juliana Caixeta, a desinformação continua sendo um dos maiores obstáculos à ampliação da imunização.

As recomendações para o atual cenário não mudaram: manter a carteira de vacinação em dia, usar máscara em ambientes com aglomeração — principalmente quem tem maior risco —, e evitar sair de casa em caso de sintomas gripais. 

Procurar orientação médica diante de qualquer sinal de agravamento também é essencial. “O mais importante é que as pessoas saibam reconhecer quando procurar ajuda, se cuidar e, acima de tudo, proteger quem está ao lado”, destaca.

Serviço

Pauta: Estado de emergência de SRAG em Goiás

Fonte especialista: Juliana Caixeta – médica otorrinolaringologista

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