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Gestão de Riscos Revoluciona Fazenda no Interior de SP e Aponta Caminhos para o Agro Brasileiro

7 de Janeiro de 2024

Em um país onde o agronegócio responde por quase 25% do PIB e aproximadamente 50% das exportações, a profissionalização da gestão rural não é apenas desejável, é urgente. A sustentabilidade do setor mais estratégico da economia brasileira depende, cada vez mais, de inteligência operacional, controle de perdas e previsibilidade. E no coração do interior paulista, um caso real comprova como aplicar métodos industriais à atividade agropecuária pode gerar ganhos expressivos de produtividade, eficiência e valorização econômica.

Foto: Divulgação
 

A Agropecuária Chayenne, com diversas unidades no Brasil, tornou-se referência nacional ao adotar um modelo de gestão de riscos estruturada, inspirado em práticas consolidadas na indústria pesada e no setor de seguros. O projeto, conduzido pelo engenheiro Wilson Quelho Kaiser Saliba, transformou a operação leiteira na unidade de Pinhalzinho/SP, em menos de dois anos, com investimentos sustentáveis e de baixo valor.

Do Seguro à Pecuária: O Know-How Técnico de Wilson Saliba

Formado em Engenharia Química pela Universidade Mackenzie, com MBA pela Katz School (University of Pittsburgh) e especializações em sustentabilidade e riscos pela Munich Re, Saliba construiu carreira internacional liderando áreas de risco patrimonial em gigantes como Zurich e Allianz. Foi diretor da Zurich Minas Brasil entre 2008 e 2011, período em que a empresa venceu o Prêmio Gaivota de Ouro — uma das principais premiações do setor segurador à época. É também autor de livros técnicos, como Construções, Clima e Seguros (2023), e atualmente atua como consultor executivo do Grupo TEMON.

Esse repertório técnico foi decisivo para o redesenho da gestão da Fazenda Chayenne. “A maioria das fazendas age de forma corretiva. Aqui, invertemos essa lógica com diagnóstico técnico prévio e controle preventivo”, explica Saliba. Ao trazer uma mentalidade de risco industrial para o campo, ele implementou uma gestão proativa, baseada em mapeamento de vulnerabilidades e ações antecipatórias — uma raridade na cultura agropecuária brasileira.

Resultados Concretos: Eficiência, Qualidade e Imagem

Os efeitos dessa transformação são expressivos:

  • +6,5% de aumento na produção de leite sem aumento de rebanho
  • – 40% de consumo de água com ajustes simples nos sistemas de limpeza e resfriamento
  • Implantação de um biodigestor para reaproveitamento de dejetos orgânicos
  • Redesenho do sistema de higienização, com melhora direta na qualidade final do leite
  • Maior previsibilidade financeira e acesso facilitado ao crédito rural
  • Fortalecimento da imagem institucional da fazenda no mercado

Segundo Saliba, os ganhos não vieram de grandes investimentos em tecnologia, mas sim da adoção de métodos técnicos aplicáveis e replicáveis. “Não exige grandes tecnologias, mas sim método. É uma mudança de cultura”, afirma.

Modelo Replicável e Escalável: Um Exemplo para o Brasil

O sucesso da Fazenda Chayenne não passou despercebido. O Grupo TEMON estuda parcerias com cooperativas no Brasil e nos Estados Unidos para replicar o modelo em outras propriedades. O próprio Saliba defende que o agronegócio brasileiro precisa abandonar a ideia de que perdas e ineficiências são inevitáveis. “Gestão de risco não é sobre prever o futuro. É sobre estar preparado para ele”, conclui.

Conclusão: Modernizar para Crescer

O caso da Fazenda Chayenne demonstra que o Brasil tem talento técnico, capacidade operacional e inteligência de gestão suficientes para liderar uma nova era no agronegócio global — mais sustentável, eficiente e competitivo. O que falta, muitas vezes, é reconhecer que o campo também precisa de gestão profissional e pensamento estratégico.

A experiência de Wilson Saliba mostra o caminho. E a Fazenda Chayenne prova, com resultados, que o agro brasileiro pode — e deve — ser mais do que forte: pode ser inteligente.

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