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Imagem: IA / OpenAI (DALL·E) |
A hiperconectividade e a exigência por disponibilidade constante têm levado jovens profissionais da era digital a enfrentarem um cenário desafiador: o equilíbrio entre vida profissional e pessoal tornou-se uma tarefa complicada. O esgotamento físico e mental, conhecido como burnout, surge como um sintoma dessa nova dinâmica de trabalho. Especialistas apontam que a responsabilidade por essa crise não recai apenas sobre os indivíduos, mas também sobre as empresas que ainda falham em adaptar-se às novas necessidades do mercado.
De acordo com um estudo publicado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e pela Organização Internacional do Trabalho (OIT), jornadas de trabalho iguais ou superiores a 55 horas semanais aumentam em 35% o risco de acidente vascular cerebral (AVC) e em 17% o risco de desenvolvimento de doenças cardíacas, quando comparadas a jornadas de 35 a 40 horas semanais. Em 2016, aproximadamente 745 mil mortes foram atribuídas a essas condições de trabalho excessivas, afetando 8,9% da população mundial.
Além disso, uma análise realizada no Reino Unido revelou que jovens da Geração Z e Millennials estão tirando mais dias de licença médica, principalmente devido a questões de saúde mental, como burnout, ansiedade e depressão. Esses dados evidenciam o impacto significativo do ambiente de trabalho na saúde dos profissionais mais jovens.
Gabriel Gatto, especialista e consultor de RH com mais de 16 anos de experiência, destaca que "a maioria das empresas ainda insiste em políticas tradicionais de gestão, ignorando as necessidades de um ambiente de trabalho moderno e saudável". Ele observa que muitas organizações promovem uma cultura de produtividade extrema, onde pausas são vistas como falta de compromisso e horas extras se tornam regra não oficial.
Gatto ressalta que, mesmo com o aumento da conscientização sobre o burnout, as soluções implementadas por algumas empresas ainda são superficiais. "Oferecer aplicativos de meditação ou palestras sobre bem-estar não resolve a raiz do problema se a cultura organizacional continuar exigindo jornadas exaustivas e pouca autonomia para os colaboradores", afirma.
Para enfrentar essa crise, Gatto sugere que as empresas precisam ir além de soluções paliativas. "Estabelecer limites claros para o trabalho fora do expediente, incentivando o descanso real dos colaboradores, é um primeiro passo essencial", recomenda. Ele também enfatiza a importância de reavaliar a cultura de produtividade, focando em resultados e entregas, e não apenas em horas trabalhadas. Além disso, o suporte efetivo à saúde mental deve ser uma prioridade, oferecendo acompanhamento psicológico, dias de folga para recuperação e treinamento de liderança para uma abordagem mais humanizada.
Empresas que se recusam a adaptar-se correm o risco de perder seus melhores talentos para organizações mais flexíveis e humanizadas. A revolução digital trouxe grandes avanços, mas também impôs novos desafios. É hora de transformar o ambiente de trabalho para garantir que a geração burnout não se torne uma geração perdida.