Colunistas - Heródoto Barbeiro

Parece, mas não é! Brasil de volta ao cenário mundial

10 de Fevereiro de 2025
Foto: NEXUS 7/SHUTTERSTOCK

O presidente do Brasil quer reforçar a imagem do país no exterior. Um cenário ideal é o conflito no Oriente Médio. As potências imperialistas e colonialistas estão alinhadas ora ao lado de Israel, ora dos países árabes. O conflito já fez milhares de mortos e se arrasta desde 1948, quando a ONU reconheceu a existência do estado judeu. A política externa do Brasil tenta se recuperar da omissão que caracteriza a ação do Itamaraty durante os últimos dez anos. O presidente tem problemas internos enormes para se preocupar, entre eles o aumento da inflação, o aumento do custo dos alimentos e combustíveis, o déficit e o crescimento da dívida púbica. Mas o presidente tem carisma e eletriza a população com discursos fortes e capazes de convencer os brasileiros de que o Brasil está entrando em uma nova fase. E o reconhecimento mundial faz parte dessa estratégia de poder influenciar os destinos do mundo, mesmo não tendo força militar capaz de concorrer com outros países.

O presidente é um homem carismático. Sabe como falar com a população, veio do interior do Brasil e se apresenta como algo novo, distante das elites políticas que governam o Brasil há décadas. Gosta de dar entrevistas nos jornais e rádios, fala abertamente o que pensa e, graças ao seu carisma pessoal, pode vencer as resistências para assumir o mandato. Inclusive com participação de militares oponentes. Reabilitar a imagem do país no cenário internacional certamente faz com que ele seja também reconhecido pelos líderes mundiais e aceito entre os que têm algum poder sobre o destino das nações. Palpitar sobre o conflito árabe-israelense é como pisar em ovos, haja vista que as comunidades judaica e árabe no Brasil são fortes, especialmente no centro-sul do país. Mas é preciso correr riscos para ser reconhecido internacionalmente.

A nacionalização do Canal de Suez é o estopim para mais uma etapa do conflito nessa região. O Egito expulsa ingleses e franceses em uma ação surpresa liderada pelo ditador Gamal Abdel Nasser. Os países capitalistas armam Israel. A União Soviética arma os países árabes e o Oriente Médio se torna o palco de mais um confronto marginal mundial, conhecido como Guerra Fria. A ONU, temendo o pior, um conflito nuclear entre as super potências, aprova o envio de uma força militar de emergência para guarnecer a região do Sinai, onde está o Canal de Suez. Vários países atendem ao apelo da ONU, entre eles o Brasil, com o apoio do presidente Juscelino Kubitschek. Nonô, como é carinhosamente apelidado, consegue aprovar no Congresso o envio em 1956 de uma tropa brasileira para o Oriente Médio, conhecida como Batalhão de Suez. É um pedido da ONU e envolve outras nações, mas é a oportunidade que Juscelino espera para ter um reconhecimento internacional. Se não for o suficiente, ele ainda tem uma “carta na manga”: transferir a capital do país do Rio de Janeiro para Brasília. Só falta transporte para os militares brasileiros chegarem no Sinai, mas os americanos oferecem carona para a tropa.

*Prof. Heródoto Barbeiro âncora do Jornal Nova Brasil, colunista do R7, apresentou o Roda Viva na TV Cultura, Jornal da CBN e Podcast NEH. Tem livros nas áreas de Jornalismo, História. Midia Training e Budismo. Grande prêmio Ayrton Senna, Líbero Badaró, Unesco, APCA, Comunique-se. Mestre em História pela USP e inscrito na OAB. Palestras e mídia training.

Canal no Youtube “Por Dentro da Máquina”, www.herodoto.com.br

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