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Surge uma nova liderança no Nordeste

8 de Novembro de 2024

Cientista político de São Paulo aponta Bruno Cunha Lima como nova estrela política da região

Pimentel, Bruno e o vice Alcindor Vilarim ao final do debate na TV | Foto: Divulgação

A reeleição de Bruno Cunha Lima (UNIÃO) à Prefeitura de Campina Grande, na Paraíba, representa um novo desenho político no estado dominado pelo PSB há 14 anos e abre a perspectiva de consolidação de um nome que pode rivalizar com o prefeito de Recife, João Campos, representando a centro-direita no Nordeste. Esta é a avaliação do cientista político Marcelo Pimentel, que coordenou o marketing da campanha de Cunha Lima.

Bruno, com 33 anos, representa a terceira geração da família Cunha Lima que já conquistou o Governo do Estado da Paraíba com Ronaldo e Cássio Cunha Lima. Na última eleição para o Governo do Estado, Pedro Cunha Lima obteve 47,5% dos votos contra 52,5% do governador João Azevedo (PSB).

A eleição em Campina Grande foi uma prévia da disputa pelo Governo do Estado em 2026. O PSB investiu no médico Jhony Bezerra e mobilizou a máquina do estado na busca pela conquista da segunda maior cidade da Paraíba. O prefeito de Recife, João Campos, esteve na cidade na reta final do segundo turno fazendo campanha para o correligionário socialista. Não adiantou. A força dos Cunha Lima derrotou mais uma vez o PSB na cidade, com Bruno obtendo 57% dos votos no segundo turno.

Para Marcelo Pimentel, doutor em Ciência Política pela Universidade de Lisboa e com 35 anos de experiência no marketing político, a campanha em Campina Grande foi extremamente acirrada com a presença constante do governador João Azevedo e de toda a assessoria do Governo do Estado, o que impediu a vitória no primeiro turno: Bruno obteve 48,22% dos votos, provocando o segundo turno.

A esperança do PSB foi potencializada pelas dificuldades enfrentadas por Bruno que iniciou 2024 com problemas na articulação política e com falhas na comunicação. Mas o quadro começou a mudar com uma ampla campanha publicitária desenvolvida no primeiro semestre mostrando as conquistas da Administração Municipal, o que refletiu na redução da rejeição de Bruno Cunha Lima, facilitando a articulação política que garantiu uma ampla aliança em torno do prefeito. “A comunicação foi fundamental para dar viabilidade política a Bruno, revelando o conjunto da obra governamental e reduzindo o poder de articulação da oposição”, destaca Pimentel.

O ex-governador Cássio Cunha Lima discute estratégias eleitorais com Bruno e Pimentel | Foto: Divulgação

Campanha projeta liderança

O jornalista e cientista político Marcelo Pimentel, radicado em Taubaté, no estado de São Paulo, assumiu a coordenação de marketing da campanha, chegando em Campina Grande ainda no mês de julho. Pimentel dirigiu uma equipe formada por cerca de 60 profissionais. Ao longo da sua carreira, Pimentel já coordenou a campanha presidencial do Pastor Everaldo em 2014 e já atuou em Portugal, Paraguai e Angola. No primeiro turno, o conceito da campanha esteve focado nas realizações de governo, enquanto no segundo turno o conceito enfatizou a relação dos Cunha Lima com a cidade em contraposição aos interesses do Governo do Estado que seriam contrários à Campina Grande. “O nosso adversário, além de não ser de Campina, acumula uma série de denúncias no pouco tempo em que foi secretário de Saúde do Estado. Trabalhamos um conceito que delimitou com muita clareza a diferença entre os dois candidatos do segundo turno: Bruno como candidato ficha limpa e filho da terra e o adversário com suas denúncias representando o interesse de João Pessoa”, descreve Pimentel. Para o cientista político, vence o segundo turno quem cola maior rejeição no adversário: “o desafio foi transformar o adversário num inimigo dos interesses legítimos da cidade e o nosso tracking demonstrou que a estratégia atingiu seu objetivo com o aumento da sua rejeição”.

A vitória de Bruno Cunha Lima mexe assim com o tabuleiro político na Paraíba e ameaça a hegemonia política construída pelo PSB. A eleição em 2024 traz assim Campina Grande para um novo protagonismo político na disputa pelo Governo do Estado em 2026.

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