Criada por Rita Batata e Mariana Leme, a peça tem como inspiração o clássico do cinema Thelma & Louise, mas cria uma dramaturgia original tecida a partir de histórias reais de mulheres
Créditos: Carmen Campos |
Sororidade, protagonismo feminino e violência de gênero são pautas levantadas pelo espetáculo inédito Eu sou Thelma e ela minha Louise, que tem como uma de suas inspirações o icônico filme “Thelma & Louise”, dirigido por Ridley Scott em 1991. O novo trabalho da RIMA Coletiva, criado e protagonizado por Rita Batata e Mariana Leme, tem sua temporada de estreia no Sesc Santo Amaro, de 13 a 29 de setembro.
A montagem, que tem uma equipe criativa 100% feminina, dá continuidade à pesquisa da companhia sobre as múltiplas linguagens da cena contemporânea. Assim, à medida que a história avança ao longo dos anos, a linguagem das cenas também se modifica.
“Nessa dinâmica, a dramaturgia e a encenação abordam o teatro dramático por meio de diálogos, o teatro épico pela relação direta com o público, o teatro documental através da técnica Verbatim, o teatro físico com corpos expressivos e, por fim, a linguagem contemporânea atual, que utiliza a fragmentação e o aglutinamento do discurso cênico”, explica a diretora e atriz Mariana Leme.
“Dessa forma, a polissemia do espetáculo convoca o público a permanecer em estado de atenção, permitindo que o espectador preencha as lacunas da linguagem e da história com sua imaginação”, complementa a dramaturga e atriz Rita Batata.
A trama acompanha a amizade entre Vera e Madu, que se conhecem ainda nos anos 90. Tal como acontece no filme, um abuso sexual altera o rumo da vida das duas. E, com o passar dos anos, a história revela a trajetória das filhas dessas duas amigas, Teresa e Luiza.
A montagem não é uma obra de autoficção, tampouco uma versão teatral do filme. Trata-se de dramaturgia original tecida numa gama de histórias reais de mulheres, ao passo que investe nas linguagens da cena contemporânea para dar contorno ao jogo da ficção x realidade. À semelhança do voo final de Thelma e Louise, as personagens da peça se lançam no futuro que teriam vivido se não tivessem enfrentado tal violência.
O espetáculo foi concebido sem o uso de coxias e vestimenta cênica, a máquina do teatro é assumida. A concepção visual explora um espaço-tempo não linear, criando plasticidade como suporte para os deslocamentos subjetivos da obra. Ao fundo do espaço cênico, uma instalação com elementos de luz e a imagem de uma estrada em tecido translúcido, desdobrada em formas distorcidas, remetem tanto ao parabrisa de um carro em movimento, quanto a capacidade da memória em reeditar passado, presente e futuro com cores saturadas e vibrantes. Na cena, elementos essenciais se tornam ora simbólicos, ora funcionais.
A dupla de atrizes permanece sempre no espaço cênico e, juntas, contam uma história que se inicia no contexto do filme hollywoodiano, transita pela ficção e se completa com nuances biográficas, retratando o tema da amizade em um intercâmbio declarado entre intérpretes e personagens.
Já os figurinos têm como matéria principal o jeans, um tecido resistente e que perdura por diversas gerações, contribuindo simbolicamente com a ideia de hereditariedade, de construção conjunta de memórias e experiências. Peças de roupas antigas receberam a técnica de upcycle transformando-se, assim, em novas com estética moderna e ímpar.
Histórico do espetáculo
Criada há sete anos, esta é a terceira peça da RIMA Coletiva.
Em 2022, a companhia foi premiada por seu histórico, marcando o início da pesquisa que levou ao desenvolvimento deste novo espetáculo. Com o apoio do Programa Laboratório da Cena, as artistas abriram o processo criativo ao público no Complexo da Funarte/SP.
Já em 2023, com a dramaturgia estruturada e a criação avançada, realizaram uma leitura encenada da obra no Teatro Itália, dentro do Ciclo de Leituras do Prêmio Antunes Filho.
Por fim, em 2024, foram convidadas para a Semana Funarte Mulher, onde apresentaram dois ensaios abertos no Teatro de Arena Eugênio Kusnet.
O espetáculo estreia no Sesc Santo Amaro concomitante ao lançamento do livro com a dramaturgia da peça, publicado pela Editora Patuá.
RIMA Coletiva
Criada em 2017, a RIMA Coletiva marca sua estreia com o espetáculo “Pequenas Certezas", escrito pela mexicana Bárbara Colio e dirigido por Fernanda D’Umbra, reinaugurando a sala Ademar Guerra do Centro Cultural São Paulo.
Em 2018, a RIMA estreia no Teatro Sérgio Cardoso a peça “Tubarão Banguela", com dramaturgia e direção de Rita Batata. Após a pandemia, o trabalho circulou pelo interior de SP por meio do edital Viagem Teatral do SESI.
Fundadoras da companhia, Mariana Leme e Rita Batata fazem, em 2019, uma residência artística em Lisboa, Portugal, onde nasce a pesquisa para a criação de um Dueto Teatral. E, em 2020, estreiam o curta-peça-metragem “Voltar Ao Ponto de Partida”.
Um ano mais tarde, em 2021, participam do Festival Breves Cenas de Teatro em Formato Podcast, de Manaus, com a cena “As Calotas Polares da Minha Geladeira”, escrita e dirigida por Rita Batata.
Em 2023, a companhia é contemplada pelo PROAC 21/2022 para o desenvolvimento e publicação do texto teatral “Minha Sombra Luminosa”, com dramaturgia de Tomás Fleck. Em 2024, é selecionada pelo Edital de Ocupação do Instituto Brasileiro de Teatro (IBT) e participa da Semana FUNARTE Mulher, com dois ensaios abertos e rodas de conversa sobre O Feminino na Cena, no Teatro de Arena Eugênio Kusnet.
Sinopse
A peça aborda a amizade entre mulheres por meio da trajetória de Vera e Madu que se inicia nos anos 90. Ao longo das décadas, a história acompanha suas filhas, Teresa e Luiza, até chegar aos dias atuais. Assim como no filme “Thelma & Louise”, um abuso sexual altera o rumo de suas vidas.
Ficha Técnica
Dramaturgia e Atuação: Rita Batata
Direção e Atuação: Mariana Leme
Direção de Arte e Figurino: Bia Pieratti e Carol Roz
Desenho de Luz: Aline Santini
Trilha Sonora Original: Camila Couto
Direção de Movimento: Ana Paula Lopez
Orientação Corporal: Gisele Calazans
Assessoria de Imprensa: Pombo Correio
Fotos de estúdio: Carmen Campos
Design: Juliana Mesquita - Aldeia Hum Design
Produção Executiva: Ana Elisa Mello e Samya Enes - Cotiara Produtora
Montagem e programação de luz: Claudio Gutierres
Operação de som: Camila Couto e Paulo Akio
Operação de luz: Rodrigo Silbat
Idealização e Produção: RIMA Coletiva
Serviço
Eu Sou Thelma e Ela é a Minha Louise, com RIMA Coletiva
Temporada: 13 a 29 de setembro
Às sextas-feiras, às 20h, aos sábados e domingos, às 18h30
Sesc Santo Amaro – Espaço das Artes – R. Amador Bueno, 505, Santo Amaro
Ingressos: R$ 50 (inteira), R$ 25 (meia-entrada) e R$ 15 (credencial plena)
Venda online em sescsp.org.br
Classificação: 16 anos
Duração: 70 minutos
Capacidade: 100 lugares
Acessibilidade: espaço acessível a cadeirantes e pessoas com mobilidade reduzida