Cultura - Teatro

SESC Santo Amaro e Cia Coisas Nossas de Teatro apresentam VINICIUS DE VIDA, AMOR E MORTE

6 de Março de 2014

Depois de estrear no cenário teatral com Noel Rosa, o Poeta da Vila e seus Amores, a Cia Coisas Nossas de Teatro busca inspiração em outro nome forte da cultura nacional e homenageia o icônico compositor da música brasileira Vinicius de Moraes. Repetindo a parceria com o diretor Dagoberto Feliz, o segundo espetáculo do grupo -, Vinicius de Vida, Amor e Morte - estreia dia 7 de março, sexta-feira, às 20h, no Espaço das Artes do Sesc Santo Amaro.

O universo de Vinicius está representado pela Casa (alusão à música escrita nos anos 80: “era uma casa/ muito engraçada/ não tinha teto/ não tinha nada/ ninguém podia entrar nela não”). O público é convidado a entrar nessa casa, onde habita o imaginário do artista. Trata-se de um espaço onírico, por não ter teto, paredes, chão e mais nada.

Com a plateia disposta dos dois lados do Espaço das Artes, a peça transcorre ao redor de vários elementos cênicos. De um lado, o banquinho e o violão, como um pequeno palco; de outro, um banco de praça para momentos líricos; em um canto, o copo e a garrafa de uísque sobre a escrivaninha (local de criação do Artista); em outro vértice do local, uma banheira (lugar onde o artista foi encontrado morto); e ainda a sugestão de cenografia para uma praia, ao centro. Cinco ambientes criados para representar a Vida, o Amor, a Morte, a Arte e o Prazer. Estes espaços são percorridos pelo tema das canções e poesias.

As cenas passam da praça à praia com naturalidade e fluidez, deixando o espectador à deriva, livre para transitar por esses percursos e por situações cotidianas de amor, alegria, decepção, esperança, revolta e fé. O espetáculo relaciona a obra literária e musical de Vinicius de Moraes com situações contemporâneas, comuns à vida de qualquer ser humano em seu “universo particular”. As cenas trazem momentos cômicos e dramáticos, unindo o lírico e popular, a carne e o espírito, o superficial e o profundo.

Lívia Camargo, atriz e idealizadora do projeto, explica que “em um ciclo poético, que remete ao próprio ciclo da vida, o público entra pela Casa do imaginário de Vinicius e sai pela Porta” - música que encerra o espetáculo. De acordo com ela, o público vai percorrer “um vasto quadro de caminhos poéticos, oferecidos pela costura de músicas entre cenas e textos e pela maneira com que os atores interpretam o texto. A forma como organizamos nossa casa, e como a representamos, acaba por dizer muito sobre como pensamos e como atuamos no mundo. Oferece pistas valiosas sobre os valores e crenças que nos caracterizam”.

Dagoberto Feliz gosta de trabalhar com um espaço físico, geográfico, um lugar onde a encenação possa acontecer. Em Vinicius este lugar não é real como o bar de espetáculo Noel. “É um espaço quase surreal. É onde a poesia vive. Um espaço onírico. Embora seja feito de material concreto, expõe o lado criativo do Vinicius”, diz, complementando que a casa “é um pouco a cabeça do poeta. Tudo pode acontecer no momento de criação, cada viagem proposta pela angústia criadora”comenta o diretor, convidado pela segunda vez para dirigir um espetáculo da Cia Coisas Nossas.

A parceria do grupo com Dagoberto Feliz deu certo. “É um encontro muito feliz com um projeto e com um elenco que assume o projeto integralmente. Existe uma forma de produção e de relacionamento que é única”. 

O ator e produtor Cristiano Tomiossi conta que a pesquisa sobre a vasta obra do artista é assinada coletivamente. “Visitamos a literatura e a música. A ideia é fazer com que o público enxergue o Vinicius sem que seja necessária sua figura em cena. É importante salientar que quase não há falas inventadas, nem criação de longos diálogos originais: as palavras são quase todas vindas da literatura do autor homenageado (salvos pequenos comentários pontuais). Nesse sentido é um pouco diferente do nosso primeiro espetáculo. O Noel tinha a música e a biografia. No caso do Vinicius, o desafio é fazer as pessoas verem o poeta por meio do nosso recorte. No novo espetáculo não tem a biografia. Nosso foco é sua obra.”

A música, principalmente a brasileira, é o mote de pesquisa para o grupo. Hoje as afinidades artísticas caminham neste sentido. “Nos dois espetáculos escolhemos dois artistas que, para além de músicos, são também cronistas. Cheio de narrativas. Um prato cheio para a gente. No primeiro espetáculo tínhamos em cena o Noel e todas aquelas figuras do Rio de Janeiro da década de 30. Aracy de Almeida, Wilson Batista, Casé... No Vinicius temos representantes de figuras da sua época, mas que poderiam ser de hoje. Personagens gerais. O que nos interessa nos dois casos são os olhares desses artistas”, completa Cristiano.

A música ao vivo é marca da Cia Coisas Nossas de Teatro e serve para costurar a encenação, além de oferecer um caminho poético para a interpretação. Este é o segundo trabalho do grupo que tem como eixo principal de pesquisa a fusão entre música e cena e a investigação da arte e dramaturgia brasileira. Existe um jogo delineado entre os atores e os músicos nos espetáculos. Aquilo que acontece em cena recebe interferência da música e interfere na execução por parte dos músicos.

A CIA. COISAS NOSSAS tem como eixo principal de pesquisa a fusão entre música e cena, a investigação da arte e dramaturgia brasileiras, bem como a criação de uma poética única: de modo a explorar um teatro mais puro, e a destacar a parte humana em detrimento de recursos técnicos, sempre privilegiando o contato direto e íntimo com o público presente.

Composta por artistas que passaram por diversos trabalhos anteriores comuns desde 2007, seu primeiro espetáculo “Noel Rosa, o Poeta da Vila e Seus Amores” nasceu em 2010, homenageando assim o centenário do compositor carioca Noel Rosa. Com texto de Plínio Marcos e direção de Dagoberto Feliz, trata-se de um espetáculo musical genuinamente brasileiro, contendo 28 músicas executadas ao vivo. O trabalho teve vida ativa até o ano de 2013. Suas temporadas realizadas na capital, bem como suas apresentações pelo interior e litoral do Estado de SP, contaram com um grande número de "sessões esgotadas", sendo considerado pela crítica um mais belos espetáculos em cartaz na cidade (Guilherme Conte – O Estado de São Paulo).

FICHA TÉCNICA

Vinicius de Vida, Amor e Morte. Texto: VINICIUS DE MORAES (Poesias e canções). Direção: Dagoberto Feliz. Pesquisa Literária e Dramaturgia: Cia. Coisas Nossas de Teatro. Direção Musical: Alexandre Moura e Dagoberto Feliz. Elenco: Lívia Camargo, Cristiano Tomiossi, Cibele Bissoli, Conrado Caputto, Gisela Millás, Helder Mariani, Katia Naiane, Lucelia Sergio, Rodrigo Scarpelli, Sueli Andrade.Músicos: Alexandre Moura (Violão e Piano), Flavio Rubens (Clarineta e Flauta Transversal), Marco Rochael (Clarineta), Miró Parma (Percussão e Bateria), Rodrigo Scarpelli (Contra-Baixo). Cenografia e Adereços: Marcela Donato. Assistência de Cenografia: Marita Prado. Figurinos: Fernando Fecchio. Iluminação: Lui Seixas. Fotografia: Miró Parma. Produção Executiva: Adriane Gomes. Produção Geral: Lívia Camargo e Cristiano Tomiossi. Idealização: Lívia Camargo.

SERVIÇO

Vinicius de Vida, Amor e Morte - Estreia dia 7 de março, às 20hs, no Espaço das Artes no 1º andar do Sesc Santo Amaro.Temporada: Sextas, às 20h, sábados, domingos e feriados, às 19h. Até 30 de março. SESC Santo Amaro - Rua Amador Bueno, 505 – Santo Amaro/SP - Tel: 5541-4000. Capacidade – 50 lugares. Classificação: 14 anos. Ingressos – R$ 16,00 (Inteira), R$ 8,00 (usuário matriculado no SESC e dependentes), R$ 3,20 (trabalhador no comércio e serviços matriculado no SESC e dependentes). Duração: 90 minutos.

 

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