Na próxima sexta-feira, dia 14 de fevereiro, Leda Nagle apresenta mais um programa Sem Censura, na TV Brasil. Às 16h, a apresentadora recebe a atriz Regina Duarte, que comemora 50 anos de carreira. A atriz fala sobre a peça "Raimunda, Raimunda", do autor piauiense Francisco Pereira da Silva. A peça discute temas como o retorno as raízes, a migração para o sudeste e o papel da mulher na sociedade. "É uma coisa imensa, vasta, incrível. A peça foi paixão a primeira vista. 'Raimunda, Raimunda', são duas Raimundas, mas que na verdade é uma grande comédia porque a proposta estética, digamos, é do cirquinho dos anos 50. Aquele cirquinho simples, ingênuo. Ele escreveu como se tudo se passasse no picadeiro de circo, mas aquele circo dos anos 50 que hoje é tão desconhecido da nova geração."
Regina Duarte lembra também de como começou a se interessar pela arte de representar: "Eu convivi muito com isso porque na esquina da minha casa acampava um circo, quando eu tinha oito, dez, doze anos. E foi a minha primeira visão da arte de representar". E a eterna "namoradinha do Brasil" relembra a sua relação pessoal e profissional com o circo: "No mesmo tempo, tinha um menino mais ou menos da minha idade, que acho que foi a minha primeira paixão. Ele se chamava Palhaço Ferrugem, por que ele era todo cheio de 'sardinhas'. Eu ía pro circo e ficava vendo ele se apresentar. E, naquela época, cheguei a ensaiar uns personagens com ele".
Na comemoração dos 50 anos de carreira, Regina Duarte conta para Leda Nagle sobre o universo que "Raimunda, Raimunda" transita, que é o de conhecer as nossas raízes. Com isso, ela não deixou de lembrar da sua infância. "Eu nasci em Franca (SP), morei em São Joaquim da Barra e, aos seis anos, fui para Campinas onde morei até os dezoito. Meu pai comprou uma casinha num sítio, não tinha 'arruamento'. Eu lembro bem que, quando estavam colocando aquelas guias nas ruas, cavavam aqueles buracos e quando chovia, aquilo virava um rio e a gente brincava lá. Foi uma infância deliciosa".
Não faltou emoção quando Regina Duarte lembrou do seu pai: "Meu pai era um militar que gostaria de ser artista. Escreveu um livro chamado ´Inquietude´, que já diz tudo. Tenho no meu DNA também essa inquietude. E a minha mãe era uma professora de piano e, provavelmente, foi esse o motivo do meu pai ter se apaixonado pela minha mãe. Na juventude, o meu pai organizava uns sarais onde a minha mãe tocava piano, uma das minhas irmãs cantava lírico, os dois meninos tocavam violino e eu dançava balé na ponta e declamava poemas.".
Leda Nagle pergunta se aquela casa deve ter sido uma tremenda diversão. Regina responde: "Muita. Eu lembro da gente na cozinha porque a nossa coxia era a cozinha. A sala era o palco e o armazém ao lado o meu pai enchia de cadeira e ali ficava a plateia, com a vizinhança toda. No bairro, chamavam a gente de família Trapo, em referência à família alemã Trepe. Depois é que veio o programa de TV com o Golias. O melhor disso tudo era que eu ouvia música clássica todos os dias na rádios. Não tinha televisão ainda".
Leda Nagle questiona: "Raimunda é uma mulher do povo, sofrida? "Sim, ela é pobre, ela vem da miséria. Aquela coisa de vida nordestina difícil. Ela decide que quer se dar bem. E ela se dá bem no modo dela, que é ter visibilidade, fama, casar com homem rico".
Regina Duarte anuncia ainda duas novidades no Sem Censura. A primeira é que está a caminho uma biografia contando a sua trajetória artística. E a segunda é que ela tem muita vontade de escrever a sua própria biografia, outra, de um jeito diferente. "Eu gostaria de escrever uma biografia contando mais sobre os bastidores, da pessoa que está ali vivendo isso tudo", revela a atriz.
No Sem Censura desta sexta-feira, dia 14 de fevereiro, Leda Nagle recebe também a dermatologista Bianca Wiedemann para falar sobre cuidados com as unhas e os principais tratamentos; os músicos Fernando Melo e Luiz Bueno apresentando o CD “Duofel pulsando MPB”; e o jornalista e escritor Jorge Fernando dos Santos, que conversa sobre o livro “Alguém tem que ficar no gol”.