Projeto idealizado por Edu O. ainda conta com ciclo Conversa Aleijada, uma série de encontros com os artistas do espetáculo que acontece de 27 de fevereiro a 6 de março
Tendo como ponto de partida a pesquisa de Edu O. sobre a bipedia compulsória,Nunca Mais Abismos reúne uma série de performances criadas por artistas com deficiência, ou Artistas Defs (termo escolhido pelo próprio projeto). Essa experiência de relaxed performance pode ser conferida no Sesc Pompeia, ao entre 1º de 10 de março, de quinta-feira a sábado, das 17h às 21h, e no domingo, das 15h às 19h.
O projeto ainda conta com o Conversa Aleijada, um ciclo de bate-papo com os artistas Defs, que criam uma reflexão sobre suas pesquisas e práticas artísticas, considerando a deficiência como propulsora de seus processos criativos. Os encontros são mediados por Edu.O e acontecem nos dias 27 e 28 de fevereiro e 5 e 6 de março, às 19h.
Nunca Mais Abismos propõe novas narrativas à história que insiste nos constantes relatos de exclusão, abandono e violência, lembrando sempre dos abismos gregos onde eram jogadas as crianças que nasciam com algum tipo de deficiência na antiguidade. O projeto também celebra as inegáveis mudanças provocadas pela presença das pessoas com deficiência, ao longo do tempo, rompendo as lógicas normativas e promovendo mudanças nas diversas áreas como ciência, arte, tecnologia, comunicação, arquitetura etc.
O trabalho teve sua estreia em 2022, no Festival Theaterformen, na cidade de Braunschweig, na Alemanha, e, em 2023, participou da Bienal Sesc de Dança, na cidade de Campinas. Agora, na nova apresentação no Sesc Pompeia, o projeto foi reformulado e ganha um formato inédito.
Ao longo de sete dias, com quatro horas diárias de relaxed performance, Nunca Mais Abismo reúne nove dos principais nomes de artistas Defs no cenário da arte contemporânea brasileira. São eles Edu O., Estela Lapponi, Jania Santos, Moira Braga, Jéssica Teixeira, Elinilson Soares, Ariadne Antico e Quixote. O trabalho conta ainda com a presença do artista Thiago Cohen e da intérprete de Libras e performer Cintia Santos, as únicas pessoas sem deficiência do elenco.
Com origem no Reino Unido, na década de 1990, a Relaxed Performance é uma proposta que visa repensar as convenções dos espaços cênicos e tornar as performances mais acessíveis aos artistas e ao público, proporcionando um espaço de acolhimento às mais diversas experiências. Esse tipo de trabalho difere das performances de longa duração ou das instalações artísticas por ter como princípio as experiências sensoriais no contexto da deficiência e da acessibilidade.
O Galpão do Sesc Pompeia será transformado gradativamente pela tessitura de uma grande rede feita por nós, escritas e fotografias. Durante as apresentações, três momentos reverberam entre si e criam espaços de fluência e troca entre artistas, público e espaço, compreendidos como: Nós, Emergir e Silêncio.
Confira abaixo uma breve descrição de cada um desses momentos:
NÓS
Quando: De quinta a sábado, das 17h às 19h, e no domingo, das 15h às 17h
Nesta performance coletiva, durante as duas primeiras horas, uma ação repetida inúmeras vezes transforma, gradativamente o espaço, afirmando incisivamente: NUNCA MAIS ABISMOS. À sua maneira, se desejar, o público pode ser parte dessa transformação ou compartilhar do mesmo espaço de convivência, apreciando a instalação durante o tempo que lhe aprouver.
EMERGIR
Quando: De quinta a sábado, das 19h às 20h; e no domingo, das 17h às 18h
No segundo momento, pequenos solos (performance, dança, palhaçaria, poesia e música) revelam as individualidades e estratégias de cada artista para impedir seus abismos pessoais.
Thiago Cohen canta para abrir os trabalhos. Um canto para abrir os caminhos...
Instagram: @thi_cohen
Abrir passagens. Sentir-se livre. Ir. Voltar. A gente não sabe onde vai parar. Ao som do Canto para Exu, Jania Santos dança expandindo horizontes.
Instagram: @janiasantos_
A partir de uma situação vivida na infância, Edu O. faz uma festa e reivindica a alegria como ação transformadora.
Instagram: @eduimpro
É uma performance manifesto. Como um grito de pertencimento. Como marcar o meu território. Como chutar o capacitismo que obstrui o meu caminho.
Instagram: @estelapponi
Sinopse: Performance de Moira Braga que surge com o desejo de fazer da escrita em braile mais uma composição das diversas formas de dizer “nunca mais abismos“.
Instagram: @moirabraga
Ariadne Antico (palhaça Birita) se desfaz das máscaras que vestiu durante toda a vida, a começar pela última, a melhor e menor máscara do mundo: o nariz vermelho.
Instagram: @ariadne_dida
Elinilson Soares mergulha em suas memórias, recontando histórias com sua poesia surda
Instagram: @elinilsonsoares
Lugar de Falta. Não é de fala. Não é de escuta. É de falta. Neste fragmento cênico, Jéssica Teixeira se propõe a repensar ludicamente o que falta em cada um e, para lidar melhor com esse lugar, ela traz a percepção como uma chave necessária para abrir outros portais e formas sábias de atuação e convivência nesse mundo. A performer se propõe a conversar com Deus sobre essas percepções e sobre as noções de paraíso inventadas pela humanidade. Será que nesse paraíso é possível existir gente estanha?
Instagram: @ela.jessicateixeira
O músico Quixote fará a trilha ao vivo de Nunca Mais Abismos
Instagram @quixote.oficial
SILÊNCIO
Quando: De quinta a sábado, das 20h às 21h, e no domingo, das 18h às 19h
Momento em que a própria instalação apresenta suas dinâmicas e acolhimentos sem a presença das pessoas artistas.
ZULEIKADA
Quando: 10 de março, das 18h às 19h
O projeto encerra com a performance Zuleikada, de Estela Lapponi, que consiste numa Silent Disco onde as pessoas dançam com fones de ouvidos.
CONVERSA ALEIJADA
Quando: 27 e 28 de fevereiro e 5 e 6 de março, às 19h
Com mediação de Edu O., o projeto Conversa Aleijada propõe o diálogo entre artistas Defs e a reflexão sobre suas pesquisas e práticas artísticas, considerando a deficiência como propulsora dos processos criativos e importante ferramenta na produção de conhecimento no campo das artes. Tendo como base a Teoria Crip ou Teoria Aleijada, apresentada por Robert McRuer, esses encontros atualizam os modos de compreensão sobre deficiência, arte e acessibilidade cultural.
Programação Conversa Aleijada
27 de fevereiro – Conversa Aleijada com Thamyle Vieira e Quixote
28 de fevereiro – Conversa Aleijada com Jéssica Teixeira e Moira Braga
05 de março – Conversa Aleijada com Jania Santos e Elinilson Soares
06 de março – Conversa Aleijada com Estela Lapponi e Ariadne Antico
Ficha Técnica
Idealização e Direção: Edu O.
Performance: Edu O., Jania Santos, Estela Lapponi, Ariadne Antico, Moira Braga, Jéssica Teixeira e Thiago Cohen
Trilha sonora ao vivo: Quixote
Performance/intérprete de Libras: Elinilson Soares e Cintia Santos
Roteiro de audiodescrição: Estela Lapponi
Consultoria de audiodescrição: Moira Braga
Consultoria de acessibilidade: Thamyle Vieira
Direção de produção: Daiana Carvalho
Produção e figurino: Nei Lima
Produção executiva: Loretta Pelosi
Cenário: Cristiano Piton
Iluminação e Design Gráfico: Aldren Lincoln
Fotografia: Aldren Lincoln e Nina Pires
Realização: Dê Um Sinal
Assessoria de comunicação: Pombo Correio Assessoria de Comunicação
Serviço
Nunca Mais Abismos
Quando: 1º a 10 de março, de quinta a sábado, das 17h às 21h, e no domingo, das 16h às 20h
Sesc Pompeia – R. Clélia, 93, Água Branca
Ingressos: entrada gratuita
Duração: 4 horas
Classificação: livre
Acessibilidade: para todos os públicos
MINI BIOS
EDU O.
Edu O. é artista da dança, performance, teatro, pesquisador, professor da Escola de Dança da UFBA e Diretor do Grupo X de Improvisação em Dança. Doutor em Difusão do Conhecimento onde desenvolveu o conceito “bipedia compulsória” na relação entre Dança, Deficiência e Capacitismo. Entre seus trabalhos, destacam-se: Nunca Mais Abismos, Judite quer chorar, mas não consegue!, Kilezuuummmm, Odete, traga meus mortos, Ah se eu fosse Marilyn e O Corpo Perturbador. É artista e produtor do intercâmbio Brasil-França Euphorico, parceria entre o Grupo X e Cie Artmacadam, desde 2004. Também trabalhou junto à Candoco Dance Company (Londres), Cie Kastor Agile (França) e o coreógrafo Alito Alessi (EUA).
ESTELA LAPPONI
Estela Lapponi é performer, videoartista e terrorista poética paulistana.Tem como foco de investigação artística o discurso cênico do corpo DEF, a prática performativa e relacional, o trânsito entre as linguagens visuais e cênicas. Desde 2009 realiza práticas investigativas a partir do conceito que criou - Corpo Intruso e sua performatividade Zuleika Brit. Escritora do livro Corpo Intruso – uma investigação cênica, visual e conceitual, através do Prêmio pelo Histórico em Artes Visuais do PROAC LAB 2021. Coorientadora e professora convidada no Mestrado Profissional em Artes da Cena parceria entre Escola Superior de Artes Célia Helena e Escola Itaú Cultural (2022/2024).
THAMYLE VIEIRA
Thamyle Vieira, mulher cega, ativista do movimento das pessoas com deficiência. Mestranda em Economia e Política da Cultura e Indústrias Criativas pelo Itaú Cultural/UFRGS. Coordenadora da Célula de Acessibilidade da SECULT-CE e consultora em acessibilidade cultural. Integra o grupo de Trabalho em Acessibilidade Cultural do Ceará e compõe o GT de acessibilidade da Funarte.
Instagram: @thamylevieira
JÉSSICA TEIXEIRA
Jéssica Teixeira é multiartista, Graduada em Licenciatura em Teatro (2013) e Mestre em Artes pela Universidade Federal do Ceará (2018). Faz do seu corpo estranho sua principal matéria prima de investigação dramatúrgica e cênica, no qual gerou seu primeiro solo "E.L.A" (2019), que segue em circuito nacional e internacional. Em 2024, prepara-se para estrear seu segundo solo "MONGA", onde pretende dar continuidade ao espelhamento de estranhezas e estranhamentos entre o corpo de quem assiste e o corpo dela que age. No cinema e audiovisual, esteve como atriz nos curtas “Partindo do princípio de que a Terra é plana, sou toda curva e desvio” (2023), “Possa Poder” (2022), Curva Sinuosa (2021), no longa Assexybilidade (2023) e na série “Os Outros” (2023).
THIAGO COHEN
Thiago Cohen é artista da dança, pisciano e aprendiz de poeta. Atualmente é mestrando do Programa de Mestrado Profissional em Dança da Universidade Federal da Bahia (PRODAN UFBA). É criador dos solos: “Demolições - La Petite Mort” (2015) com direção de Asier Zabaleta, Burua Itzali (2017) em residência Artística com a CIA Ertza em Dantzagunea - País Basco e Árvore-ser (2022) tendo sua estreia no norte da Espanha. Fez a direção do espetáculo “Kilezuuummmm” e "Processo Dilatado". Tem atuado como Curador e mediador cultural tendo assinado a Mostra Baiana de Dança Contemporânea do Vivadança - BA em 2021 e 2022. É o criador do livro-objeto-coreográfico “Pequena Coleção de Insignificâncias", que foi finalista do Prêmio JABUTI de literatura (2021).
JANIA SANTOS
Bailarina há mais de 10 anos, compondo a renomada Cia Gira Dança com a qual participou de importantes projetos como A Cura, Proibido Elefantes, Bando - Dança que Ninguém Quer Ver, Sobre todas as coisas, entre outros. Há mais de cinco anos, vem colaborando no Coletivo CIDA nos espetáculos Do outro lado do avesso”, Corpos Turvos e da Residência Artística Internacional junto à companhia francesa Ateka Cie no MC2 - Maison de La Culture - Grenoble/ França. Em 2021, integrou a equipe da videodança A-Berro-Ação e do projeto Conversa Aleijada idealizados por Edu O. em parceria com o Sesc Itaquera. Em 2022, a convite deste artista, participa do projeto Nunca Mais Abismos, com estreia no Festival Theaterformen, na cidade de Braunschweig/Alemanha, seguindo com apresentações na Bienal Sesc de Dança, em 2023.
MOIRA BRAGA
Moira Braga é atriz, bailarina, performer, preparadora de elenco, roteirista, jornalista, produtora e consultora de audiodescrição em conteúdos artísticos. Professora da escola e faculdade Angel Viana. Mestre em dança pela Universidade Federal da Bahia. Em 2023/2024 fez a preparação de corpo do elenco da novela “Renascer” da TV Globo. Durante o mestrado, em 2022/ 2023, desenvolveu o projeto “Entre Nuvens” que resultou na realização de um filme de média metragem, um espetáculo de dança e podcast com roteiro, texto, direção e atuação de Moira. Em 2022/2023 fez a preparação de elenco e atuou como atriz na novela “Todas as Flores” da TV Globo/Globoplay.
ELINILSON SOARES
Elinilson Soares, graduado em Letras/Libras pelo Centro Universitário Leonardo da Vinci, artista, intérprete e tradutor em libras que investiga os processos em arte a partir das linguagens da dança, performance e literatura trazendo como referências elementos da cultura afro-brasileira. Atua como artista e ativista dos direitos civis dos negros e também realizando formações artísticas para surdos em Salvador desde 2018. Em 2019 cria o Mãos Axé, um projeto dearte e cultura baiana de surdes que integram a poesia, o SLAM, o visual vernacular, a dança e o teatro, utilizando dessas linguagens artísticas como ferramentas para uma tentativa de oportunizar de uma forma acessível a arte para a comunidade surda.
ARIADNE ANTICO
Ariadne Antico é Produtora Cultural, Palhaça, Atriz, Performer e dona dos melhores movimentos involuntários e de um jeito de andar único, charmoso, não retilíneo e fora do eixo.
QUIXOTE
Quixote é um multi instrumentista Def, produtor musical, compositor e artista de rua. Nascido no Espírito Santo, desenvolve sua musicalidade desde 2012. Está em São Paulo há 7 anos se apresentando pelas praças, saraus, slams e movimentações culturais da quebrada. Além disso, ele é um dos criadores do Coletivo Casa 56 localizado na Zona Norte, Jardim Peri, onde desenvolve trabalho com outres artistas independentes para o lançamento de faixas de som a um preço acessível também participa da organização da Batalha da Encruzilhada, onde é o DJ. Em Nunca Mais Abismos fará a trilha ao vivo.