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Defensor de cotas raciais para universitários fala a Antônio Abujamra no Provocações

4 de Fevereiro de 2014

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Antônio Abujamra recebe no Provocações desta terça-feira (4/2) o professor universitário e presidente do Instituto Brasileiro de Diversidade, Hélio Santos, um dos protagonistas na defesa da implantação de cotas raciais para universitários.

“A nossa escravidão foi a mais longa: 354 anos. O 14 de maio, dia seguinte ao fim da escravidão, é o dia mais longo do Brasil. Você encontra restos desse dia nas esquinas, nas favelas, nas prisões”, contextualiza Hélio, fazendo uma conexão histórica entre passado e presente. Sobre o sistema de cotas, explica: “Não há uma política pública no dia seguinte para aproveitar aqueles talentos que haviam construído o país até então. As políticas de cotas são uma tentativa de ajustar isso, por um período que eu coloco de 30 anos, porque essas políticas não são para todo o sempre”.

Hélio reúne argumentos do período de imigração europeia no Brasil para justificar a violência urbana no Rio de Janeiro nos dias de hoje. “O Brasil fez uma imigração europeia muito importante, apoiou com dinheiro, mas não fez isso com os índios, muito menos com os negros. Esse desajuste está ai. Hoje, no Rio de Janeiro, se fala em violência. São 400 favelas, o Rio em si já contém essa violência, que agora vem atingindo algumas pessoas. Mas não há nada mais violento do que o Rio sempre foi: a maior cidade escravista na metade do século XIX. Metade da população era escravizada, o que acha que viria depois? Nós colhemos o que nós plantamos”.

O professor comenta ainda da capacidade intelectual do futebol: “Na hora de selecionar jogadores de futebol, você aproveita o talento onde ele estiver. No futebol, que é uma disputa difícil, o Brasil deu certo. Quando eu falo de futebol, falo de algo que requer inteligência, senso de antecipação, velocidade de raciocínio, criatividade, tudo aquilo que um gênio tem. Um país que consegue derrotar europeus por cinco vezes e é vice-campeão em mais duas, conseguiria também em mais áreas”.

Segundo Hélio, há uma lógica equivocada a respeito do acesso do brasileiro ao ensino acadêmico. “A universidade elitista entendia que a excelência era exatamente daquele que pode pagar a escola cara, esse é o resultado do Brasil. Se é que algum dia nós tivemos crise, essa crise passa pelas elite, todas as elites”, diz.

O professor conclui fazendo um pedido: “Nenhum país pode impunemente desperdiçar talentos. O custo de um preso na cadeia é muito maior do que apoiar o filho de uma lavadeira e torná-lo engenheiro, por exemplo”.

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